Estou de volta pro meu aconchego
Trazendo na mala bastante saudade
Querendo um sorriso sincero, um abraço
Para aliviar meu cansaço
E toda essa minha vontade
Que bom poder estar contigo de novo
Roçando o teu corpo e beijando você
Pra mim tu és a estrela mais linda
Seus olhos me prendem, fascinam
A paz que eu gosto de ter
É duro ficar sem você vez em quando
Parece que falta um pedaço de mim
Me alegro na hora de regressar
Parece que vou mergulhar
Na felicidade sem fim
Dominguinhos / Nando Cordel
Interpretação de Elba Ramalho, Fogo na Mistura, Polygram, 1985.
Ilustração de Marcel Marlier, para Gilbert Delahaye & Marcel Marlier, Martine en voyage, Casterman, 1954
(edição portuguesa: Anita aprende a ler, Lisboa, Verbo Infantil, s/d, p. 19).
Memory of a free festival
WOMAD
Cáceres, 5-7 Mayo 2005
Plaza San Jorge
Angá Fusión (Plaza San Jorge)
Por la calle
Taller de Lura (Plaza Mayor)
Carmen Linares (Gran Teatro)
Chico César (Plaza Mayor)
Plaza Mayor
Plaza Mayor
Cáceres, 5-7 Mayo 2005
Plaza San Jorge
Angá Fusión (Plaza San Jorge)
Por la calle
Taller de Lura (Plaza Mayor)
Carmen Linares (Gran Teatro)
Chico César (Plaza Mayor)
Plaza Mayor
Plaza Mayor
Esquadros
Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados, de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
Adriana Calcanhotto
Pela janela do comboio, a caminho da Normandia
Canção de Adriana Calcanhotto, Senhas, Sony Music, 1992.
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados, de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
Adriana Calcanhotto
Pela janela do comboio, a caminho da Normandia
Canção de Adriana Calcanhotto, Senhas, Sony Music, 1992.
As minhas imagens\Paris 2005
Os ícones
La Seine, le Pont St Michel, etc.
La Place de la Concorde
La Tour Eiffel
La Bibliothèque François Mitterand
O marketing dos Jogos Olímpicos
Aux Champs Elysées
La Seine, le Pont St Michel, etc.
La Place de la Concorde
La Tour Eiffel
La Bibliothèque François Mitterand
O marketing dos Jogos Olímpicos
Aux Champs Elysées
Clandestino
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa' una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dejé
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley
Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Manu Chao
Canção de Manu Chao, Clandestino - Esperando La Última Ola, EMI, 1998.
Fotografia de Sebastião Salgado, Êxodos, Lisboa, Caminho, 2000, p. 27.
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel
Pa' una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dejé
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
Dice la autoridad
Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazón
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley
Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal
Manu Chao
Canção de Manu Chao, Clandestino - Esperando La Última Ola, EMI, 1998.
Fotografia de Sebastião Salgado, Êxodos, Lisboa, Caminho, 2000, p. 27.
As minhas imagens\Paris 1989
Os ícones
La Seine, le Pont St Michel, un bateau-mouche, Notre-Dame, des bouquinistes...
... le Sacré-Cœur et le carrousel de Montmartre
As pirâmides do Louvre: eram ainda suficientemente recentes e polémicas
O marketing do bicentenário
Le savon du bicentenaire: parfums Messidor et Thermidor...
O verso de dois bilhetes de metro
La Seine, le Pont St Michel, un bateau-mouche, Notre-Dame, des bouquinistes...
... le Sacré-Cœur et le carrousel de Montmartre
As pirâmides do Louvre: eram ainda suficientemente recentes e polémicas
O marketing do bicentenário
Le savon du bicentenaire: parfums Messidor et Thermidor...
O verso de dois bilhetes de metro
Fado Português
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
José Régio
Música de Alain Oulman.
Interpretação de Amália Rodrigues, Fado Português, Columbia/Valentim de Carvalho, 1965.
Desenho de Hugo Pratt [1989], Corto Maltese - A Balada do Mar Salgado, Lisboa, Meribérica, 1996, p. 116.
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão, meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
José Régio
Música de Alain Oulman.
Interpretação de Amália Rodrigues, Fado Português, Columbia/Valentim de Carvalho, 1965.
Desenho de Hugo Pratt [1989], Corto Maltese - A Balada do Mar Salgado, Lisboa, Meribérica, 1996, p. 116.
My own private Matrix
Nunca fui consumista. Nunca suportei perder horas enfiada em lojas, rodeada de quinquilharias e contas de cabeça, para depois regressar com peso a mais, dinheiro a menos e muita tralha para gerir. Lembranças, só as absolutamente indispensáveis, para as pessoas incontornáveis. E mais facilmente me arrependo do que comprei do que daquilo que deixei na prateleira.
Há só uma coisa que ainda hoje me vem à memória. Um objecto que, na altura, não me seduziu o suficiente para me fazer enfrentar uma enorme fila na caixa de uma loja de souvenirs em Niagara Falls: um tapete de rato (que é coisa que até nem uso) ilustrado com um cartoon divertido, intitulado "Coisas que eu não vi no Canadá", em que um polícia montado, um alce, um castor, um urso e um índio posavam abraçados.
O mais frequente, nos regressos de viagem, é sermos assaltados por todo o tipo de perguntas, cujas respostas são, não raras vezes, recebidas com desconfiança. É impressionante a quantidade de coisas que deixamos por ver e fazer, consciente ou inadvertidamente (só 2 ou 3 anos depois de ter estado em Compostela é que soube a razão daquela fila enorme de gente atrás da imagem do Santo). Mas mais impressionante é a quantidade de estereótipos que construímos em torno de tudo o que nos é estrangeiro.
O meu irmão não acredita que eu tenha estado no Japão. Ainda hoje, ocasionalmente, me repete as mesmas perguntas: «De certeza que não viste empurradores no metro?».
Não, não vi empurradores no metro, nem carruagens separadas para homens e para mulheres, nem biquinis ultra-fio-dental, nem piscinas claustrofóbicas, onde se amontoam 100 milhões de pessoas stressadas, todas pequeninas e todas iguais, nem vi metade das imagens que assaltam a minha caixa de correio, com a garantia de serem o espelho da realidade japonesa. Não vi melões a 40 contos, nem hambúrgueres a 7,5 €, nem passei o tempo a comer peixe cru. E gostava de ver hoje alguém argumentar comigo que consegue distinguir claramente um japonês de um coreano, ou de um chinês ou vietnamita.
O meu irmão tem uma teoria: algures, durante aquelas 11 ou 12 horas de voo que separam Paris de Ósaca, e em que todos os passageiros, mais tarde ou mais cedo, se rendem ao sono, o avião terá sido desviado para outro qualquer destino - um Japão fictício, uma encenação para turistas. O verdadeiro Japão, esse, permanece inacessível, enleado nas teias do mito.
Há só uma coisa que ainda hoje me vem à memória. Um objecto que, na altura, não me seduziu o suficiente para me fazer enfrentar uma enorme fila na caixa de uma loja de souvenirs em Niagara Falls: um tapete de rato (que é coisa que até nem uso) ilustrado com um cartoon divertido, intitulado "Coisas que eu não vi no Canadá", em que um polícia montado, um alce, um castor, um urso e um índio posavam abraçados.
O mais frequente, nos regressos de viagem, é sermos assaltados por todo o tipo de perguntas, cujas respostas são, não raras vezes, recebidas com desconfiança. É impressionante a quantidade de coisas que deixamos por ver e fazer, consciente ou inadvertidamente (só 2 ou 3 anos depois de ter estado em Compostela é que soube a razão daquela fila enorme de gente atrás da imagem do Santo). Mas mais impressionante é a quantidade de estereótipos que construímos em torno de tudo o que nos é estrangeiro.
O meu irmão não acredita que eu tenha estado no Japão. Ainda hoje, ocasionalmente, me repete as mesmas perguntas: «De certeza que não viste empurradores no metro?».
Não, não vi empurradores no metro, nem carruagens separadas para homens e para mulheres, nem biquinis ultra-fio-dental, nem piscinas claustrofóbicas, onde se amontoam 100 milhões de pessoas stressadas, todas pequeninas e todas iguais, nem vi metade das imagens que assaltam a minha caixa de correio, com a garantia de serem o espelho da realidade japonesa. Não vi melões a 40 contos, nem hambúrgueres a 7,5 €, nem passei o tempo a comer peixe cru. E gostava de ver hoje alguém argumentar comigo que consegue distinguir claramente um japonês de um coreano, ou de um chinês ou vietnamita.
O meu irmão tem uma teoria: algures, durante aquelas 11 ou 12 horas de voo que separam Paris de Ósaca, e em que todos os passageiros, mais tarde ou mais cedo, se rendem ao sono, o avião terá sido desviado para outro qualquer destino - um Japão fictício, uma encenação para turistas. O verdadeiro Japão, esse, permanece inacessível, enleado nas teias do mito.