Lembranças do Rio de Janeiro (IV)

As praias do Rio são lindas. Nos primeiros dias, devido ao mau tempo, estavam um tanto desconsoladas, vazias e cinzentas. Mas houve uma coisa que me chamou a atenção, que foi a extrema limpeza dos areais. Não havia uma beata, um pau de gelado, um papelinho, um vidrinho a conspurcar ou desestabilizar tamanha calma.
Tratei logo de bradar contra a falta de civismo dos portugueses, que, pondo o rótulo de biodegradável em todos os detritos, enterram-nos escrupulosamente na areia, com os riscos subsequentes para os mais desprevenidos. No Rio, nem caixotes do lixo avistáveis. Notável! Imaginei os cariocas a levarem para casa os restos do dia, para os depositarem nos ecopontos domésticos.
No fim-de-semana, o tempo melhorou e as praias encheram-se de gente. De gente e de lixo. Os caixotes eram, de facto, dispensáveis, porque todos os detritos eram espalhados pela areia, que, no final do dia, mal se podia vislumbrar. Fiquei sem fala...
E fiquei à espera de ver aparecer, pela noite, a fada ecológica que miraculosamente devolveria às praias a pureza ancestral. Em vez dela, vi surgir um batalhão de homens e mulheres, armados de ancinhos e sacos de plástico, que, alinhados do calçadão até à beira da água, varreram escrupulosamente as praias, intensamente iluminadas por holofotes. Depois da sua passagem, as luzes apagaram-se e as praias ficaram calmamente à espera. Talvez de Iemanjá, ou dos banhistas do dia seguinte.


Praia de Ipanema

Česká republika = srdce Evropy

República Checa = coração da Europa

A República Checa é um país muito bonito. Fica entre a Alemanha, a Polónia, a Eslováquia e a Áustria. 10 milhões de habitantes moram lá.
Praga, a sua capital, fica no coração da Europa. É uma cidade muito antiga e impressionante. Em Praga, muitos turistas visitam o Castelo de Praga (a residência do Presidente, hoje em dia), a Catedral de S. Vito (catedral gótica), a Ponte de Carlos sobre o rio Vltava, a Praça de Venceslau, com a estátua do rei Václav, o santo padroeiro da nação checa. Há muitas coisas e edifícios para fazer turismo, como em toda a República Checa. Podem visitar-se castelos e palácios de estilos diferentes (de rotundas românicas e igrejas barrocas até arquitectura do século XX).


No castelo de Praga

A paisagem é muito bonita e diferente. Há vales fluviais, florestas e montanhas onde fazer desportos de Inverno.
A República Checa é famosa pelas tradições culturais. Compositores checos bem reconhecidos em todo o mundo são: Antonín Dvořják, Bedřick Smetana, Leoš Janáček...
Por exemplo, a palavra "robot" é de origem checa: o escritor Karel Čapek inventou esta palavra.
Hoje em dia, muitos desportistas famosos trabalham no estrangeiro, em clubes importantes.
Uma bebida típica é a cerveja, que é exportada para muito países. Porco, couve e bolinhos cozidos é o prato típico.
Ostrava é a terceira maior cidade da República Checa. É uma cidade industrial e muitos estudantes moram e estudam em Ostrava. Os jovens encontram-se na rua Stodolni, onde há quase cem bares, clubes e discotecas.
Gostamos muito da República Checa, das pessoas, da cultura e da língua checa.


A Rotunda de S. Martinho (Vyšehrad, Praga)

Texto de Olga Jiříčková e Veronika Šotová
Imagens de About Czechia

Mais ligações de interesse:
> Czech Tourism, My Czech Republic
> Prague Information Service, Visit Prague

Lembranças do Rio de Janeiro (III)

Entre as folgas que o congresso permitiu e as que nós forçámos, conseguimos arranjar tempo para passear bastante no Rio...

> Pão de Açúcar: a mais estranha das colinas invulgares que circundam a cidade. Oferece uma vista magnífica sobre todo o Rio e a baía da Guanabara, pelo menos quando o tempo o permite. Um sistema de teleféricos (o bondinho) leva-nos da Praia Vermelha até ao Morro da Urca e dali ao cimo do Pão de Açúcar. A viagem em si já é encantadora.

> Cristo Redentor: no cimo de outro morro, o do Corcovado, oferece outra vista privilegiada. O acesso, pelo Trem do Corcovado, é também de interesse. Na base da estátua, a capela de Nossa Senhora Aparecida.

> Metrô: é pequeno, tem só duas linhas, pelo que, para a maioria das deslocações, tem de ser conjugado com outro meio de transporte. Mas, se bem me lembro, a arquitectura das estações vale a visita.


O Pão de Açúcar e a Guanabara: vista do morro da Urca

> Floresta da Tijuca: a maior floresta urbana do mundo, é um belíssimo exemplar de mata atlântica. Simultaneamente, é uma frustração para quem, na sua ingenuidade tola de turista, espera coqueiros e bananeiras bem no meio do Rio. Palmeiras, só mesmo no calçadão, ao longo das praias, a rimar com os quiosques de bebidas frescas e as esplanadas.

> Feira Hippie: aos domingos, em Ipanema, tem de tudo, desde artes plásticas até artesanato, doces e os mais variados artigos.

> Feira de artesanato: em Copacabana, ao longo da Avenida Atlântica. Um óptimo sítio para comprar souvenirs, foi também o destino privilegiado de vários dos nossos serões, apesar do cheiro provocado pelas obras que então decorriam na zona, com vista à remodelação do sistema de tratamento de esgotos.


O Mosteiro de S. Bento

> Mosteiro de São Bento: austero por fora, barroco por dentro, muitos anjinhos, muitos dourados...

> Confeitaria Colombo: uma espécie de Pastelaria Versailles em tamanho grande (de resto, fiquei com a impressão de que no Rio há tudo o que há em Lisboa, mas numa escala diferente): Arte Nova, espelhos, dourados...

> Café das Artes: um dia, depois de muito termos falado no assunto, a Tânia e o Roberval ofereceram-se para nos levarem a conhecer uma gafieira. Antiquário durante o dia, espaço de dança à noite. Muito agradável e animado.


O calçadão de Copacabana e o contador para o 5º centenário do Achamento
(faltavam 530 dias)


> Museu Histórico Nacional: foi o único museu que visitámos. Uma grande colecção de material bélico e de numismática.

> Centro Cultural Banco do Brasil: não o visitámos, verdadeiramente, foi mais entrar, para admirar o edifício, e sair. Estávamos já muito cansados, nesse dia.

> E, como não há passeio cultural sem espectáculos, um concerto da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, no Hotel Copacabana Palace, e uma comédia leve, no Teatro Clara Nunes: Só pra divertir, de Gugu Olivemecha, dirigida por Herval Rossano e protagonizada por alguns nomes conhecidos das novelas da Globo.

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Olá, Prof. Teresa Oliveira!
Como sempre, espero que tudo esteja a correr da melhor forma por Portalegre. Por aqui, tudo continua a correr bem. Ainda não estou a contar os dias que faltam para regressar (são 30!), mas, de facto, a minha estadia aqui já entrou na contagem decrescente. Desde a semana passada semana que as 'lectures' recomeçaram e prolongar-se-ão durante as próximas 3 semanas, até ao final da minha estadia por cá.
A propósito do último texto que enviei, só me esqueci de referir como reencontrei os outros estudantes Erasmus... Foi fácil!... Quando ia a passar por uma zona de bares, vi um polícia a mandar sair da estrada duas pessoas que estavam aos pulos mesmo no meio, perturbando o trânsito, cada qual com sua caneca na mão... Vi logo que aquelas caras me eram familiares... eram dois dos holandeses... e o resto estava a curta distância, dentro de um pub chamado O'Sullivan's. Escusado será dizer que não cabia um cabelo dentro do pub, pois se é verdade que durante o desfile de St. Patrick não vi ninguém a consumir bebidas alcoólicas (e muito bem!), mal este terminou, as gargantas sequiosas dos irlandeses depressa tiraram a desforra!!
Para grande pena nossa, o nosso autocarro partiu às 18h, mas certamente que para muitos dos cada vez mais eufóricos (e inebriados) irlandeses, a noite terá sido muito longa...


Foto de quando fui a Downpatrick, com a sepultura (segundo se supõe) do santo padroeiro da Irlanda, St. Patrick

Agora vou falar um pouco sobre dois 'tours' que fiz, organizados por St. Mary's, e em que participaram muitos dos estudantes Erasmus. O primeiro decorreu na terça-feira, 22 de Março. Logo pela manhã, visualizámos um filme intitulado H3, que, para quem não saiba, era um dos blocos prisionais onde se encontravam detidos irlandeses (muitos dos quais detidos por conduta violenta e crimes de sangue), que pretendiam que lhes fosse atribuído o estatuto de presos políticos, pois justificavam (e legitimavam) as acções de violência por eles praticadas por considerarem o Reino Unido como potência ocupante. A greve da fome foi a sua tomada de atitude que mais repercussão teve a nível mundial: perto de 400 prisioneiros iniciaram a greve da fome, dos quais 10 viriam a morrer no decurso desta, entre os quais o seu líder, Bobby Sands. Aliás, este tema é o principal tema e encontra-se presente em muitos dos murais que se podem encontrar espalhados por Belfast, e as suas sepulturas encontram-se na parte Republicana do Milltown Cemetery (que posteriormente visitei), junto a um memorial erigido em sua homenagem, inaugurado alguns anos atrás.
Posteriormente, tivemos a oportunidade de conversar com dois desses presos políticos: Dr Laurence Mc Keown e Michael Culvert, o primeiro dos quais esteve em greve de fome por mais de 60 dias, tendo estado à beira da morte (mas, a partir do momento em que perdeu a consciência, a família deu autorização para a greve da fome se interromper). Coloquei-lhes algumas questões pertinentes e foi interessante ver como o percurso de vida deles passou de um radicalismo extremo e violento às batalhas verbais da actualidade, sem recurso a armas e derramamento de sangue, realizando palestras e debates onde possam dar a conhecer às gerações mais novas tudo aquilo por que passaram. Continuam a defender uma Irlanda unida, mas, ao contrário do passado, desta vez procuram alcançar os seus objectivos por meios pacíficos. No entanto, também notei amargura e algum desencanto na voz deles, talvez por tudo aquilo por que passaram, ou pelos sonhos desfeitos que nunca viram realizados. Um deles, à altura pai de duas crianças com 2 e 3 anos, esteve preso durante 20 anos, e esteve esse tempo todo sem os ver, perdendo por completo o seu crescimento. Trata-se de um pequeno drama familiar, mas tenho a certeza que existem muitos casos semelhantes a este, espalhados um pouco por toda a ilha.


O edifício do Parlamento

Durante a tarde, fizemos um passeio ao Milltown Cemetery e às campas Republicanas com um outro ex-prisioneiro politico, Padraig Mc Cotter. Este informou-nos sobre os principais detalhes e a sucessão de eventos que levaram à morte das pessoas enterradas nas sepulturas mais relevantes. Apanhámos um pouco de chuva no início, mas lá conseguimos fazer a visita sem problemas de maior, apesar de o tempo não ter estado grande coisa durante o dia inteiro (como de resto é apanágio por aqui). Contudo, fiquei um pouco deprimido com todas as sepulturas que visitámos. Por toda a parte, sempre o mesmo denominador comum: morte violenta. No entanto, os cemitérios aqui não têm o mesmo ar lúgubre e pesado que é costume encontrar aí em Portugal. São espaços relvados, em que o verde impera, pode-se levar as viaturas para o seu interior, inclusive têm parques de estacionamento e diferentes tipos de árvores e arbustos, que contrastam profundamente com os sinistros ciprestes portugueses. A profusão de cruzes célticas, numa grande percentagem de sepulturas, também permite identificar claramente em que zona do mundo nos encontramos. E, curiosamente, algumas das primeiras pessoas sepultadas foram judeus, provenientes de Portugal.
Uma breve nota interessante foi a nossa visita ao cemitério ter sido alvo do interesse da imprensa local, pelo que, na quinta-feira seguinte, a página 5 do Andersonstown News, nos era dedicada, com foto de grupo e entrevista a condizer, feita a um estudante grego… Teve sorte em ter sido ele o escolhido, pois os atributos físicos da repórter eram muitos e variados (-: … escusado será dizer que me encarreguei rapidamente de comprar o jornal quando chegou a quinta-feira (-:


Foto de grupo em frente a Stormont

No dia seguinte, após um breve visionamento de um documentário sobre a situação política irlandesa (passada e actual), em que interviemos e comentámos as cenas visionadas, fizemos uma visita a Stormont, onde o Parlamento da Irlanda do Norte se localiza. Tivemos encontros com os principais partidos políticos representados no parlamento: Sinn Fein (esta palavra gaélica significa 'nós juntos', em português), DUP (Democratic Unionist Party) e SDLP (Social Democrat Liberal Party). O UUP (Ulster Unionist Party) manifestou a sua indisponibilidade por motivos de agenda, o que, a meu ver, foi um pouco deselegante. Já os restantes partidos políticos foram muito cordiais e enviaram um representante, a quem fizemos inúmeras perguntas, e eu fui o inquisidor mais persistente, pois interessava-me saber um pouco mais sobre a situação política actual, uma vez que vão decorrer eleições a nível nacional e local no próximo 5 de Maio. Por todo o lado é possível encontrar propaganda política e os tempos de antena dos diferentes partidos relembram constantemente o avizinhar das eleições.
Como eles aqui têm as circunscrições eleitorais divididas em 'constituencies', apesar de o processo de formação destas, a meu ver, me parecer algo injusto, pois permite disparidades muito grandes (muitos votos, mas poucos 'members of parliament', pois estes encontram-se dispersos por varias áreas), os eleitores têm a oportunidade de eleger directamente os seus representantes e, em virtude disso, cada campanha local é individualizada e recorre apenas à imagem dos respectivos candidatos a 'members of parliament' locais. Já tive a oportunidade de ver alguns dos cartazes espalhados por algumas 'constituencies' em que os candidatos eram aqueles representantes com quem tivemos a oportunidade de falar em Stormont (e alguns outros com que nos cruzámos por lá), e estes aparecem amiúde na televisão local, também, e é sempre engraçado reconhecê-los nos cartazes e na televisão. Para grande pena minha, não encontrámos o Gerry Adams, pois creio que não estava no Parlamento na altura, mas ao menos sempre tirei uma foto à porta do escritório dele, para mais tarde recordar (-:


Foto minha em frente ao gabinete do Gerry Adams (o presidente actual do Sinn Fein)

Texto e fotos de Pedro Bicho