Lucky Luke



Desenho de Morris, texto de Goscinny, Lucky Luke: Calamity Jane, Dargaud, 1967
(edição portuguesa: Lisboa: Meribérica/Liber, 1990, p. 46).

Sobre As Cidades Invisíveis

Italo Calvino nasceu em Santiago de Las Vegas (Cuba), a 15 de Outubro de 1923, filho de pais italianos, que regressaram à Itália após o seu nascimento.
Durante a juventude foi forçado a integrar uma organização fascista chamada "Avanguardisti", participando na ocupação da Riviera Francesa.
Mudou-se para Turim, em 1941, e formou-se em Letras pela Universidade dessa cidade. Em 1943, participou no movimento anti-fascismo, alistando-se na Resistência Italiana, na Brigada Garibaldi. Foi um dos criadores do MUL (Movimento Universitário Liberal). Mais tarde, tornou-se membro do Partido Comunista Italiano, o qual abandonou em 1957, aquando da insurreição húngara. A sua carta de renúncia ficou famosa, bem como os relatos que escreveu aquando da sua visita à União Soviética.
Escreveu para diversos jornais e revistas entre os quais L'Unità, Il Politecnico, Rinascita (revista comunista), Il Contemporaneo (um jornal semanal marxista) e Italia Domani. Trabalhou na editora Einaudi como responsável por volumes literários.
Teve um contacto frequente com o mundo académico, nomeadamente na Universidade de Sorbonne (na qual conheceu Roland Barthes) e na Universidade de Urbino. Deslocou-se a várias cidades do mundo para dar palestras e recebeu inúmeros prémios, como a "Légion d'Honneur", em França, e o "Austrian State Prize for European Literature". Foi ainda feito membro honorário da Academia Americana.
Em 1985, Calvino faleceu em Sienna, no hospital de Santa Maria della Scala, vítima de acidente vascular cerebral.


Italo Calvino (foto de Denis Gibier)

Italo Calvino é considerado um dos escritores mais notáveis do século XX, contando-se entre as suas obras O Atalho dos Ninhos de Aranha (1947), Fábulas Italianas (1956), uma trilogia denominada Os Nossos Antepassados, constituída por O Visconde Cortado ao Meio (1952), O Barão Trepador (1957) e O Cavaleiro Inexistente (1959). É ainda de ressalvar as obras Amores Difíceis (1970) e As Cidades Invisíveis (1972). Este livro explora os limites da imaginação, através da descrição de cidades que é feita pelo narrador, o viajante italiano Marco Polo, nas suas conversas com Kublai Khan, Imperador da Mongólia. Discutem-se nesta obra uma grande variedade de tópicos, como a linguística e a condição humana.


Marco Polo

Marco Polo nasceu em Veneza, em 1254.
Em 1259, o pai de Marco Polo, que era comerciante, organizou uma expedição para buscar seda, pérolas, pedras preciosas e especiarias. Foi então que Marco Polo começou a sonhar com viagens pelo mundo.
Tinha apenas cinco anos quando o pai partiu nessa expedição, que durou cerca de 12 anos. Todos pensavam que o pai de Marco Polo tinha morrido e a mãe dele morreu de tristeza, achando que o marido estava morto. Mas, quando Marco Polo tinha quinze anos, o pai voltou com a promessa que o levaria na próxima viagem, que veio a concretizar-se em 1271.
Juntamente com o seu pai, Nicolau Polo, e o seu tio, Maffeo, Marco Polo foi um dos primeiros ocidentais a percorrer a rota da Seda. Dirigiram-se à corte do rei mongol Kublai Khan e, a seu serviço, percorreram a Tartária, a China e a Indochina.
Depois de regressarem a Veneza, por volta de 1295, Marco comandou um grupo na guerra contra Génova, acabando por ficar prisioneiro, em 1298. Durante o cativeiro, ditou as suas aventuras de viagem a outro prisioneiro, chamado Rusticiano de Pisa, acabando estas por serem traduzidas para latim, em 1315, pelo frei Francisco Pipino.
O relato detalhado das suas viagens pelo Oriente, incluindo a China, foi durante muito tempo uma das poucas informações sobre a Ásia no Ocidente. A primeira tradução em português só foi impressa em 1502.
Em 1300, quando completou 46 anos, Marco Polo voltou para Veneza. Um anos depois casou-se com Donata com quem teve três filhas.
Marco Polo morreu em sua casa, em Janeiro de 1324, com quase 70 anos, sendo enterrado na Igreja de San Lorenzo.


Kublai Khan

Kublai Khan (23 de Setembro de 1215 - 18 de Fevereiro de 1294) foi o conquistador mongol responsável pela dominação total e reunificação da China, fundando a Dinastia Yuan. Kublai mostrou-se um administrador capaz para os padrões mongóis, mas insuficiente para os padrões chineses. Desde a juventude fora treinado nas artes da guerra, cresceu adquirindo modos e gostos chineses. Ao contrário dos tradicionais líderes tribais mongóis, Kublai era culto, alfabetizado, e moldava-se com facilidade aos métodos estrangeiros, o que o tornou um político tão hábil como guerreiro.
Com o passar do tempo, Kublai procurou estimular políticas que esbarraram na total inexperiência dos mongóis e a sua ineficiência era vista com maus olhos pelos chineses. Apesar da rejeição popular, Kublai via-se um legítimo chinês e considerava-se como "um filho do céu".
A opulência de Kublai e da sua corte impressionou o jovem italiano Marco Polo, que foi contratado por Kublai, por 17 anos, como embaixador do império e que lhe relatou tudo o que vira. As histórias de Marco Polo trouxeram à Europa os relatos mais ricos da nação mais avançada do mundo na época.
A pressão interna na China aumentava, provocada pelo descontentamento dos chineses conquistados, que exigiam a eleição de um novo Cã. Kublai foi assim forçado a desviar a atenção dos problemas económicos e procurou expandir a sua esfera de influência. Sempre olhara para o Japão como uma possível fonte de riqueza e para os japoneses como um povo atrasado, fácil de ser conquistado. Em 1274, lançou ao mar numerosos navios chineses e arqueiros mongóis, mas a missão foi um fracasso, devido ao tufão que se abateu sobre o mar do Japão, a que os japoneses chamaram Kamikase, "vento divino", pois livrara-os de uma invasão.
Kublai morreu em 1294, aos 79 anos, e apesar das desventuras ficou conhecido por feitos notáveis, como a reabertura e a reforma das rotas comerciais em direcção à China e das vias de comunicação interna, além da própria reunificação do Império.


Marco Polo na corte de Kublai Khan

Trabalhos de pesquisa e síntese de, respectivamente, Paula Gouveia, Magali Sophie Pinto e Andreia Ascenção.

Fontes:
"Invisible Cities". Wikipedia (en).
"Italo Calvino". Wikipedia (en).
"Kublai Khan". Wikipedia (en).
"Kublai Khan". Wikipédia (pt).
"Marco Polo". Diciopédia, CD-ROM, Porto: Porto Editora [s.d.].
"Marco Polo". Wikipedia (en).
"Marco Polo". Wikipédia (pt).

Alguns textos de As Cidades Invisíveis:
[ As cidades e a memória. 1. | As cidades e o nome. 4. | As cidades e os sinais. 1. ]

Amadeo na Gulbenkian

"Diálogo de Vanguardas" (ou "Diálogos de Vanguarda", como, curiosamente, surge em alguma documentação alusiva ao evento) é uma grande exposição da obra de Amadeo de Souza-Cardoso, cruzada com a de 36 artistas internacionais seus contemporâneos, num total de cerca de 260 obras.
Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) viveu em Paris, entre 1906 e 1914, período durante o qual produziu uma parte significativa da sua obra, a que se referia nos seguintes termos:

«Eu não sigo escola alguma. As escolas morreram. Nós, os novos, só procuramos agora a originalidade. Sou impressionista, cubista, futurista, abstraccionista? De tudo um pouco» (entrevista ao jornal O Dia, 04/12/1916).
Variou freneticamente entre escolas e técnicas diferentes e deixou obra considerável, apesar da sua morte prematura.
Visitei a exposição no sábado passado, de manhã, felizmente, porque à tarde mal se podia entrar. Está patente no edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até 14 de Janeiro de 2007 (15, segundo alguma documentação). Quem a visitar a partir deste fim-de-semana pode sempre aproveitar e dar uma volta pela Festa dos Livros, que o Natal está mesmo aí.


Desenho (Três Nus Femininos), 1910
Grafite sobre papel, 33,5 x 26,5 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Os Galgos, c. 1911
Óleo sobre tela, 100 x 73 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Le Bain des Sorcières, c. 1911-1912
(Desenho original para o álbum XX Dessins, 1912)
Tinta-da-china sobre papel, 32 x 25 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Avant la Corrida, c. 1912
Óleo sobre tela
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Arvoredo, c. 1912
Óleo sobre cartão, 34 x 27,5 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Procissão Corpus Christi, 1913
Óleo sobre madeira, 29 x 50,8 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Oceano Vermelhão Azul (Continuidades Simbólicas)
Rouge Bleu Vert
, c. 1915
Aguarela sobre papel, 25,2 x 19 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG



Pintura (Brut 300 TSF), c. 1917
Óleo sobre tela, 86 x 66 cm
Lisboa, Colecção CAMJAP/FCG

Balão sobe

 
 
 
 
 
 

10º Festival Internacional de Balões de Ar Quente do Norte Alentejano
5-12 Novembro 2006
Organização Publibalão


Dia 8, de manhã cedo, em Fronteira. Montar o equipamento, encher os balões, embarcar e levantar voo.
Acompanhámos uma equipa belga, a participar neste festival pela décima vez. Havia cerca de 30 balões no evento: algumas equipas portuguesas, em maior número espanholas, francesas, belgas, holandesas, britânicas e uma australiana.
As equipas desdobram-se em duas frentes: a do ar e a do suporte terrestre. No nosso balão, que tinha um cesto razoavelmente grande, éramos cinco a bordo, mais três botijas de propano. A equipa 5, com um cesto mais pequeno, levava três pessoas; o balão vermelho e branco não tinha cesto: tinha um único tripulante, sentado numa cadeira, sobre duas botijas.
O piloto controla tudo: as descargas de gás, que regulam o aquecimento do ar e, consequentemente, a altitude; as cordas do leme, o GPS e o contacto de voz com o solo.
No primeiro impulso, subimos até uma altitude de cerca de 1000 metros, atravessando as nuvens. Ao contrário do que sucede dentro de um avião, num balão estamos directamente expostos às condições climatéricas: sentimos nitidamente a humidade fria das nuvens, a pressão nos ouvidos, a deslocação do ar, o silêncio, o cheiro do propano queimado, o calor directo do sol e o da chama sobre a cabeça.
Depois descemos até uma altitude mais aceitável, que variava entre os 400 e os 250 metros, a uma velocidade de cruzeiro de 9 nós, aproximadamente 18 km/h. O nosso piloto disse-nos que já chegou a atingir os 60 km/h, tudo depende do vento (um balão pode até ser muito mais veloz).
A manhã estava bonita, quente, com pouco vento, mas, pelo menos, tinha parado de chover. Tínhamos as melhores condições desde o início do festival: apesar de não se poderem atingir grandes velocidades, não havia turbulência e a viagem foi muito agradável.
Estivemos cerca de uma hora e meia no ar, a observar, em baixo, os campos molhados, as ribeiras que corriam furiosas e os outros balões, que coloriam os ares. A cada descida, eram os cães que ladravam à nossa proximidade, as ovelhas que se agrupavam em rebanho e fugiam, as galinhas das quintas que esvoaçavam espavoridas.
Andámos ainda algum tempo a rasar oliveiras, carregadinhas de azeitona preta, e azinheiras, à procura de um bom local para aterrar (e, consequentemente, a aterrorizar a fauna local). Os campos estavam demasiado enlameados e não nos queríamos atascar. Por outro lado, um bom local de aterragem tem de ser plano, limpo de árvores e próximo de uma estrada, de modo a que a equipa terrestre nos possa alcançar facilmente, minimizando assim o esforço no transporte do equipamento para o carro. O melhor que encontrámos ainda ficou a uns 20 metros da estrada, perto de Ervedal.
A aterragem é mais violenta que a de um avião: agarramo-nos às cordas internas do cesto, flectimos os joelhos e preparamo-nos para o impacto e para tombar para o lado, porque o equipamento termina exactamente na mesma posição do início.
Depois é sair e começar a desmontar o material. O balão tem de ser esvaziado, enrolado e enfiado dentro de um saco enorme. De vez em quando, sentamo-nos todos em cima dele, como num pufe, para expulsar os restos de ar. É um trabalho de equipa muito divertido. O saco fica muito pesado, com aquelas dezenas de metros quadrados de tecido, e são precisas seis pessoas para o conseguirem transportar, uma a pegar em cada alça. O cesto, de madeira e vime, também é muito pesado. Pelo menos as botijas chegam vazias.
Depois de tudo carregado no atrelado, uma pausa para descansar e contar histórias, ao som de sandes mistas e cervejas, que os belgas não fazem a coisa por menos. E depois voltar, por estrada, ao local de onde partimos.
Foi uma experiência fantástica, e o condimento imprescindível para sobreviver a uma semana de trabalho alucinante. Agora já sei: para o ano há mais, em Novembro, entre Cabeço de Vide, Fronteira, Sousel, Crato e Alter do Chão. É só olhar para cima. Ou melhor, novamente para baixo.

Bus stop



'What's that line for?'
'That line? You might say that this line here is a history of my life up till now.'



'Anyway, that's how I got my direction and all.'
'Direction?'
'Oh sure! If you don't have a direction you just keep going round in circles.'

Marilyn Monroe e Eileen Heckart, no filme de Joshua Logan, Bus Stop,
Twentieth Century Fox Film Corporation, 1956.