Streptopelia decaocto




Portalegre, Maio de 2018

Rolas-turcas nos fios eléctricos. Diz aqui que chegaram a Portugal em 1974, talvez com a gaivota que voava, voava, e tornaram-se tão ubíquas quanto a dita.
Desde que me lembro, tinham os meus avós uma rola branca numa gaiola. Era uma fêmea, animal de companhia e poedeira. Um dia, lá pelo final dos anos 1970, ofereceram à minha avó uma rola-turca, para fazerem criação, mas a magana começou também a pôr ovos. A branca, já idosa, finou-se e ficou a outra sozinha. Em 1982, faleceu o meu avô; a minha avó, em 1989; tivemos nós de adoptar a bicha, acreditando que, com o choque da mudança, não duraria muito. Já na viragem do século, começámos a suspeitar que nos iria enterrar a todos. Era ruim, senhora do seu nariz e dos seus domínios. Bicava tudo o que se aproximasse da gaiola, com um grasnar ameaçador. Até o gato, notório avicida, a respeitava. A minha mãe acreditava que ela tinha aprendido a falar, que a ouvia dizer, muito claramente, "tira o dedo!". O resto do tempo, entretinha-se com o seu "cucurru". Durou, pelas nossas contas, uns 25 anos. Não se pode dizer que tenha deixado saudades, mas um espaço vazio, difícil de preencher.
Por aqui, aparecem muitas, nas árvores e nos cabos esticados. Também no arame, apanhei este abelharuco, lá longe, e, mais perto, uma simpática família, creio que de rabirruivos-pretos. Nunca tive jeito para observar e classificar aves, que acho demasiado rápidas para as minhas capacidades visuais, mas sempre me perdi de amores por passarinhos: o lugre que um miúdo da vizinhança apanhou numa armadilha e me deu, era eu criança; os canários que deram em se multiplicar, até o gato pôr cobro à invasão. Em média, duravam uns oito anos, o tempo suficiente para estabelecermos uma relação de confiança, que permitia que os tirasse da gaiola e deixasse voar pela casa ou saltitar atrás de mim, à espera que lhes chegasse ao bico sementes de cânhamo descascadas. Com o lugre, cantava à desgarrada; um dos canários passeava-se em cima do meu pé; uma canária melómana gostava que lhe ligasse o rádio, cantava quase como um macho e era fã do Andrea Bocelli -- emocionava-se, verdadeiramente, quando ouvia "Con te partirò".
Há muitos anos que não tenho pássaros, mas sinto-lhes a falta.

Monte Selvagem






















Monte Selvagem, Lavre (Montemor-o-Novo), Maio de 2018

Fotografias de Miriam O.

Fonte do Regalo










Castelo de Vide, Maio de 2018

Fica meio escondida, num desnível da rua a que se acede por meio de escadas. Desconhece-se o ano da construção, supondo-se que seja anterior ao século XVI.

Tulipa










Portalegre, Abril de 2018




Amadora, Maio de 2018

Sempre lindas.

Poesia urbana




Sete Rios, Lisboa, Maio de 2018

Lucilia






Amadora, Maio de 2018

Lucilia sericata (Meigen, 1826), a linda mosca-varejeira.

Micrommata virescens








Portalegre, Maio de 2018

A Micrommata virescens (Clerck, 1757), conhecida como aranha-nómada-das-ervas-europeia ou aranha-verde-de-huntsman, é outra que, fora do seu meio, não passa despercebida. Também tem hábitos diurnos, não constrói teia e caça insectos, camuflada na vegetação. Esta fêmea já me apareceu mutilada, com um par de patas a menos, mas nem por isso menos vistosa, com a sua cor garrida, a penugem branca e os oito olhinhos muito mimosos.

Dia adiado (7)


Portalegre, Maio de 2018

Orgulhosamente só.

Dia adiado (6)


Castelo de Vide, Maio de 2018

No arame.

Misumena vatia




















Portalegre, Maio de 2018

A aranha-caranguejeira, Misumena vatia (Clerck, 1757), é um predador de emboscada, de hábitos diurnos. Não constrói teias, esconde-se em flores, camuflada pelas suas cores vivas, e ataca de surpresa os insectos polinizadores.
Recentemente, entretivemo-nos a observar esta amarela; em Abril, uma branca foi mais rápida que o meu disparo.


Portalegre, Abril de 2018