
Estocolmo é uma cidade construída sobre 14 ilhas, ligadas por 50 pontes, entre o lago Mälar e o mar Báltico. Como não podia deixar de ser, tem água por todo o lado, canais e baías, o que lhe dá um encanto muito especial e o cognome de "Veneza do Norte".
Ficámos alojadas num hotelzinho simpático, numa esquina da Olof Palmes Gata com a Drottninggatan, uma grande rua comercial. Muito central: Drottninggatan abaixo e estávamos na Gamla Stan, a cidade velha medieval.

Mesmo em frente, Riddarholmen, a ilha dos Cavaleiros, com igrejas e monumentos, muito bem preservados. Visitámos a Riddarholmskyrkan, igreja construída em 1270, que alberga os túmulos de reis e nobres suecos. Destaque para a torre de tijolo, rematada por uma estrutura pontiaguda em ferro forjado, delicadamente trabalhado (a primeira à esquerda, na primeira foto).
Com o tempo que estava, deixámos escapar poucas igrejas: a Catedral (Storkyrkan), a igreja alemã (Tyska kyrkan), a finlandesa (Finska kyrkan), implantada num antigo campo de ténis coberto, oferecido pelo rei, a Jakobskyrka, a Klara kyrka, qualquer uma delas serviu o ancestral propósito de nos proteger das condições adversas do exterior.
Fora de portas, destaque, sem dúvida, para a Gamla Stan, com o seu encanto medieval, os monumentos, as praças, as ruelas estreitas: a Mårten Trotzigs Gränd, a mais típica e estreita de todas, faz lembrar Alfama.

E, quando o tempo o permite, é de aproveitar para passear ao longo dos muitos canais e pontes que entretecem a capital de um país com uma história que oscilou entre fases de pobreza e de opulência e oferece hoje um dos melhores níveis de vida do mundo.

Quando não, ainda há os museus. Visitámos dois, na ilha de Djurgården, rodeados por belíssimos jardins: o Vasa e o Nordiska museet. Este último, o Museu Nacional de História da Cultura, alberga exposições sobre o quotidiano e as tradições suecas, e ainda moda, sapatos, casas de bonecas, mobiliário, pinturas e fotografias de Strindberg, entre muitas outras coisas.
No Vasamuseet, encontramos um navio com uma história deveras curiosa. O Vasa foi construído, no século XVII, a mando do rei Gustav Adolf, o II do nome, herdado do seu antepassado Gustav Vasa, que, em 1523, após liderar o movimento independentista, foi eleito rei de uma Suécia livre do poderio dinamarquês e do vizinho norueguês, dando início à dinastia hereditária dos Vasa. O navio com o mesmo nome foi concebido como o mais grandioso da grandiosa frota sueca, que estava prestes a entrar na Guerra dos Trinta Anos, em defesa do protestantismo. Contra a opinião dos mais experimentados construtores navais, o rei insistiu num navio alto, imponente, com dois andares de canhões. Tão esguio era o Vasa, que o lastro foi insuficiente para o manter muito tempo na vertical. Em 1628, no dia da sua viagem inaugural, entre pompa e circunstância, os presentes viram-no zarpar do porto de Estocolmo, tem-te-não-caias, até que se virou mesmo, 20 minutos e poucos metros à frente, velas enfunadas e bandeiras esvoaçantes. O inquérito subsequente foi, como não podia deixar de ser, inconclusivo e o Vasa manteve-se no fundo do mar, onde nem bactérias havia que lhe desfizessem o casco, foi recuperado em 1961, restaurado e conservado numa solução de parafina e mais não sei o quê, e é hoje a principal atracção do museu mais popular da Escandinávia.

Para quem gosta de histórias de navios e naufrágios, aconselho a instrutiva leitura do Marítimo.
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