




Lisboa, Dezembro de 2024


Amadora, Dezembro de 2024
A entrada, ao nível da rua é feita por portões de ferro sob um arco de pedra em ogiva (imagem do topo). A fachada do século XIX, com torres sineiras gémeas, é visível ao passar por um pátio estreito decorado com motivos bíblicos modernos. A designação de Igreja Suspensa provém da sua localização sobre um dos portões da Fortaleza de Babilónia. Porém, o nível do solo subiu seis metros desde a época romana, tornando a sua posição elevada menos notória. Mesmo assim, a igreja é precedida por uma escadaria de vinte e nove degraus, o que levou os primeiros viajantes europeus a chamar-lhe "Igreja da Escadaria". Subindo as escadas e passando pela entrada, encontra-se outro pequeno pátio que conduz ao pórtico exterior do século XI.
A igreja é composta por duas partes: uma igreja principal com planta de basílica e, no lado sudeste, uma capela e um baptistério, estando as duas partes ligadas por uma colunata. A igreja principal mede 23,5 m comprimento, 18,5 m de largura e 9,5 m de altura e é constituída por nartece, nave central e quatro corredores laterais, sem matroneu. O tecto é de madeira, em forma de arca de Noé.
O ambão (púlpito), de mármore branco e colorido, suportado por quinze graciosas colunas islâmicas montadas sobre uma laje de mármore branco, data do século XI.
Existem três santuários no lado nascente da igreja: o do meio é dedicado à Virgem Maria, o da esquerda a São Jorge e o da direita a São João Baptista. O painel de madeira que divide os espaços (iconóstase) é uma obra de arte única, ricamente decorada com padrões geométricos e cruzes em ébano e marfim, encimada por ícones magníficos.
A Igreja Suspensa alberga um total de 110 ícones, na sua maioria, do século XVIII. Na parede sul da igreja principal, existe um ícone de São Marcos Evangelista (primeiro Patriarca, ou Papa, da Igreja Ortodoxa Copta) que data do século XV. O mais antigo é a "Mona Lisa Copta", que remonta ao século VIII e representa a Virgem Maria, Jesus Cristo e São João Batista. Chamam-lhe assim porque, tal como na pintura de Leonardo da Vinci, parece que os olhos da Virgem nos seguem, em todas as direcções.
ANNO MDCCLIV DIE XIII OCTOBRIS, DOMINICA
PROXIMIORI FESTIVITATI S. LVCAE EVANGELISTAE,
EXCELLENTISSIMVS, ET REVERENDISSIMVS DOMINVS
DOMNVS BALTHASAR DE FARIA, ET VILLASBOAS,
HVJVS DIOECESIS EPISCOPVS, HANC CATHEDRALEM
ECCLESIAM RITV SOLEMNI CONSECRAVIT, QVAE
DOMINICA JAMPRIDEM PERSYNODALES CONSTITU=
TIONES AD CELEBRATIONEM DEDICATIONIS
ECCLESIAE ASSIGNATA FVERAT.
EM O ANNO DE 1769 SENDO BISPO DESTE BISPA=
DO O EX.MO E R.MO SNR DOM LOURENÇO DE LANCASTRO, EX.
DO SEO PONTIFICADO MANDOU FAZER ESTA ESCADA, E AD
RO E EM O MES DE NOVEMBRO DO DITO ANNO SE ACABOU
LOGRANDO A FELICIDADE DE qUE NO DIA 2o DO MESMO MES A
SOBISSEM SUAS MAGESTADES E ALTEZAS VINDO DE VILLA
VIÇOZA AONDE SE ACHAVAO A ESTA CATHEDRAL: ETAO
BEM EM OS ANNOS ANTECEDENTES TINHA ODITO SNR.
BISPO MANDADO FAZER AS CAPELLAS DO S.MO SACRA=
MENTO, E SEO ORNATO, DE NOSSA SNR.A DA SOLEDADE,
NOSSA SNR.A DAS CANDEAS, SANCTA ANNA, E ALMAS:
O ORGAO, E OVTRAS MAES OBRAS INTERIORES.
Acima, a Igreja de São Jorge, também conhecida como Mar Girgis, sobre cuja torre está o único cata-vento que encontrei no Egipto. Representa o dragão alado, derrotado por São Jorge.
A Igreja de São Jorge é uma igreja ortodoxa grega que foi construída no século X (VII, segundo algumas fontes), sobre uma das torres redondas da fortaleza romana, daí a sua forma circular, única no país. A actual estrutura foi reconstruída entre 1904 e 1909, na sequência de um incêndio, e foi restaurada em 2015. Faz parte do Santo Mosteiro Patriarcal de São Jorge, sob o Patriarcado Ortodoxo Grego de Alexandria e toda a África. Desde 2009, o abade do mosteiro tem o título de Bispo Babylonos ("Bispo de Babilónia").
Entrada do Mosteiro Ortodoxo Grego de São Jorge. De notar a presença de um segurança informal que controla as entradas e que, a troco de algumas libras egípcias (ou euros ou dólares), se prontifica a guiar a visita. São comuns à porta de todos os monumentos, assim como a segurança armada (polícia e/ou exército) em todos os sítios turísticos, como se pode ver na imagem do topo. A segurança é hoje quase obsessiva, no Egipto, onde os fluxos do turismo (fundamental para a economia do país) têm sofrido oscilações, em virtude de passados atentados terroristas e da recente guerra em Gaza. Assim, as forças de segurança controlam as movimentações nos sítios arqueológicos, nas zonas históricas, nas fronteiras provinciais, nas estradas, onde calha. Mesmo as entradas nos hotéis são fiscalizadas com recurso a detectores de metais, como nos aeroportos.
A Rua Mar Gerges (ou Mar Girgis, Mary Gerges -- nunca hei-de compreender estas transliterações) dá acesso ao bairro copta, que é igualmente servido pela estação de metro Mar Girgis, da linha 1, uma estação moderna, em frente à Igreja de São Jorge.
As ruas interiores do bairro são, porém, antigas, estreitas, marcadamente medievais.