Cairo copta


Cairo (Egipto), Agosto de 2024

Outra parte fundamental do Cairo antigo é o bairro copta, fortemente ligado à história do cristianismo no Egipto. Ao longo dos três primeiros séculos da era cristã, uma parte substancial da população do Egipto converteu-se ao cristianismo, tendo sofrido forte perseguição sob o Império Romano. As perseguições só terminaram em 313, com o Édito de Milão, que consagrou a tolerância religiosa. A Igreja Copta enquadra-se na Ortodoxia Oriental, tendo-se afastado, ao longo dos séculos, tanto da igreja romana como da bizantina.
O Cairo Copta está situado dentro da antiga Fortaleza de Babilónia, construída, por volta de 300 d.C., pelo imperador Diocleciano, para proteger a entrada de um antigo canal que ligava o Nilo ao Mar Vermelho. Quando os árabes muçulmanos conquistaram o Egipto, no século VII, estabeleceram, fora dos muros da Fortaleza de Babilónia, uma nova cidade, Fostate, que se tornou a capital administrativa do Egipto e a sua cidade mais importante. Nos primeiros anos do domínio árabe, os cristãos foram autorizados a construir várias igrejas na antiga área da fortaleza, onde ainda se encontram algumas das mais antigas do Cairo.

Acima, a Igreja de São Jorge, também conhecida como Mar Girgis, sobre cuja torre está o único cata-vento que encontrei no Egipto. Representa o dragão alado, derrotado por São Jorge.



A Igreja de São Jorge é uma igreja ortodoxa grega que foi construída no século X (VII, segundo algumas fontes), sobre uma das torres redondas da fortaleza romana, daí a sua forma circular, única no país. A actual estrutura foi reconstruída entre 1904 e 1909, na sequência de um incêndio, e foi restaurada em 2015. Faz parte do Santo Mosteiro Patriarcal de São Jorge, sob o Patriarcado Ortodoxo Grego de Alexandria e toda a África. Desde 2009, o abade do mosteiro tem o título de Bispo Babylonos ("Bispo de Babilónia").

Entrada do Mosteiro Ortodoxo Grego de São Jorge. De notar a presença de um segurança informal que controla as entradas e que, a troco de algumas libras egípcias (ou euros ou dólares), se prontifica a guiar a visita. São comuns à porta de todos os monumentos, assim como a segurança armada (polícia e/ou exército) em todos os sítios turísticos, como se pode ver na imagem do topo. A segurança é hoje quase obsessiva, no Egipto, onde os fluxos do turismo (fundamental para a economia do país) têm sofrido oscilações, em virtude de passados atentados terroristas e da recente guerra em Gaza. Assim, as forças de segurança controlam as movimentações nos sítios arqueológicos, nas zonas históricas, nas fronteiras provinciais, nas estradas, onde calha. Mesmo as entradas nos hotéis são fiscalizadas por detectores de metais, como nos aeroportos.

A Rua Mar Gerges (ou Mar Girgis, Mary Gerges - nunca hei-de compreender estas transliterações) dá acesso ao bairro copta, que é igualmente servido pela estação de metro Mar Girgis, da linha 1, uma estação moderna, em frente à Igreja de São Jorge.





As ruas interiores do bairro são, porém, antigas, estreitas, marcadamente medievais.




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