Pyrausta aurata








Portalegre, 24 de Maio de 2019

Em criança, tinha bichos-da-seda. Guardava-os numa caixa de sapatos perfurada e alimentava-os com folhas das amoreiras da rua da escola. Era, sobretudo, uma moda: havia sempre miúdos que os tinham, trocávamo-los entre nós e criávamo-los como animais de estimação, apreciávamos a maciez das lagartas brancas, contávamos-lhes as riscas pretas, víamo-las construir os casulos de seda, e pronto. Durante uns dias, quase nos esquecíamos dos bichos, bastava uma observação diária, até à saída da mariposa, esbranquiçada e desinteressante, que depressa morria. Findo este ciclo, invariavelmente, e por intervenção materna, acabava tudo no lixo.
Hoje, se quisesse, nem saberia onde arranjar bichos-da-seda, nem tinha já paciência para procurar amoreiras. Porém, virtude da agricultura biológica, de vez em quando encontramos lagartas nas verduras e começamos novo projecto de ciências.
Desta vez, couberam-nos em sorte duas ou três larvas de borboleta-da-hortelã, com cerca de 1 centímetro e pintas pretas sobre fundo verde. Guardámo-las num recipiente, com folhas de hortelã que íamos adicionando diariamente. Doze dias depois, surgiu a primeira mariposa:






5 de Junho de 2019

Quatro dias depois, mais uma:






9 de Junho de 2019

Após aturado estudo, considero que devo classificá-las como exemplares de Pyrausta aurata (Scopoli, 1763), mas não o juro, que eu sou uma entomologista muito amadora, e também o podem ser de Pyrausta purpuralis (Linnaeus, 1758). Seja como for, são bonitas.
Na última imagem, a bichinha está já no exterior, que é o destino que dou a todas, no caso, pousada num dos meus jacarandás (é uma longa história).

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