Encontro de culturas




Salvador (Bahia, Brasil), Agosto de 2025

Grande painel em mosaico branco, na Avenida do Contorno (mais precisamente, Avenida Lafayete Coutinho), instalado na superfície lisa de uma contenção de encosta, em betão. Foi realizado pelo artista Bel Borba, em 1999, em comemoração dos 450 anos da cidade do Salvador (fundada em 29 de Março de 1549). Mede 10 x 62 metros.







Outro painel de mosaico, da autoria de Antonello L'Abbate. Foi feito em homenagem aos 500 anos da Baía de Todos-os-Santos, descoberta e baptizada, no dia 1 de Novembro de 1501, por Gaspar de Lemos. Esta obra situa-se também na Avenida do Contorno, um pouco mais à frente da anterior, e tem 15 metros de largura por cinco de altura.



No Centro Histórico, um exemplar da série "Pelé Beijoqueiro" (2010), da autoria do artista Luis Bueno, conhecido como Bueno Caos.

Memória futura (28)


Ponte de Sor, Dezembro de 2025

José Nogueira Vaz Monteiro, a quem Ponte de Sor deve, entre muitos outros benefícios, o coreto, foi homenageado com um busto e o nome numa rua da cidade.









Sobre ele, encontrei a seguinte informação, também em contradição com a data de nascimento inscrita no pedestal:

"José Nogueira VAZ MONTEIRO, Benemérito, natural de Ponte do Sôr, nasceu a 10-08-1873 e faleceu em 1939. Era filho do Sr. Francisco Vaz Monteiro e de D. Margarida Rufina Nogueira Vaz Monteiro, já falecidos, e irmão de Margarida Vaz Monteiro de Matos e Silva e D. Ana Nogueira Vaz Monteiro, e tio de António Rodrigues Vaz Monteiro e Damião Soto Maior du Bocage. Foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia, cargo que exerceu com desvelado carinho e dedicação. Presidente por várias vezes e durante muitos anos da Câmara Municipal, deixou a sua passagem vincada por uma notável administração, que se traduziu em muitos e importantes melhoramentos para todo o Concelho e especialmente para a terra que o viu nascer.
Foi grande a obra que edificou como Presidente da Câmara Municipal: a ele se deve a construção de vários Edifícios Escolares no Concelho, um Mercado coberto na sua terra natal, o Jardim Público e as Avenidas e ultimamente o abastecimento de águas a Montargil e Ponte do Sôr, este último a inaugurar em breve.
A sua acção como Benemérito foi grande. Seguindo a tradição de sua família, mantinha uma cozinha, onde era fornecida comida aos necessitados, que ali iam mitigar a fome. Pobre que precisasse construir a sua casita, era certo pedir ao Sr. Vaz Monteiro os materiais necessários, que prontamente lhos dava.
Mais de 40 hectares de bons terrenos, nas margens do Rio Sôr, são hoje cultivados por gente pobre, a quem, gratuitamente, o mesmo Benemérito cidadão os cedeu. Provedor da Santa Casa, condoeu-se o seu coração generoso das acanhadas e deficientes instalações do seu Hospital. Mandou, por isso, com o apoio e a ajuda de sua irmã, D. Ana Nogueira Vaz Monteiro, construir um moderno Hospital, com todos os requisitos, e que é, indubitavelmente, um dos melhores da Província.
A Santa Casa era pobre, lutava com dificuldades tremendas, que a todo o momento podiam levar a sua direcção a encerrar as portas aos necessitados. O grande Benemérito ordenou a construção de um esplêndido e moderno Teatro-Cinema, e um bairro para funcionários públicos, alegre, higiénico, e o seu rendimento destinou-o à Santa Casa.
Carecia a sua terra de um Hotel condigno, que não a envergonhasse. Pois também o Sr. Vaz Monteiro meteu ombros a tal empresa; o Hotel fez-se, e constitui, sem dúvida, um dos maiores melhoramentos que legou a Ponte do Sôr. E não fica por aqui, ainda, a enorme lista dos benefícios que o ínclito cidadão prestou à terra que o viu nascer. A ele se deve, na maior parte, a restauração da "Filarmónica Pontessorense", a quem forneceu quase todo o instrumental e o fardamento. Como Presidente da Câmara, concedeu-lhe, também, o subsídio de 150$00 mensais. O "Rancho do Sôr", o glorioso agrupamento folclórico regional, deve, também, a sua existência a Vaz Monteiro.
Reconhecida, prestou-lhe Ponte do Sôr uma grande homenagem, traduzida numa quente manifestação popular e numa eloquente sessão solene de enaltecimento das suas grandes qualidades, a quando da inauguração do Teatro-Cinema e do Hospital "Vaz Monteiro". O Governo quis manifestar também a sua admiração ao ilustre Benemérito, concedendo-lhe a Comenda da Ordem de Benemerência. Ainda aqui Vaz Monteiro mostrou quão grande era a sua alma, pois recusou. A virtude não precisa de galardão." (Jornal A Mocidade, IV Ano, nº 294, Ponte de Sôr, 26 de Fevereiro de 1939; Director, Editor e Proprietário: Garibaldino de Oliveira da Conceição Andrade)



O busto, em bronze, foi realizado, em 1957, pelo escultor Pedro Anjos Teixeira (1908-1997), cuja assinatura figura ao lado do carimbo da fundição (Abreu & Filho, Lisboa), com menção ao método de produção (cera perdida).
Pedro Anjos Teixeira era filho do também escultor Artur Anjos Teixeira (1880-1935), imortalizado pela Estátua da República (1916) que domina a Sala das Sessões (Parlamento), no Palácio de São Bento, em Lisboa. Pai e filho distinguiram-se na criação de arte pública e deixaram extenso espólio, em exibição no Museu Anjos Teixeira, em Sintra.
Vaz Monteiro foi também homenageado numa placa no foyer do Teatro-Cinema que mandou construir.





Coreto de Ponte de Sor


Ponte de Sor, Dezembro de 2025

O Coreto de Ponte de Sor está localizado no Jardim Municipal (também conhecido como Jardim Público do Campo da Restauração). Tem forma octogonal, com escadaria a permitir o acesso ao palco, é iluminado, coberto por um tecto assente em quatro colunas e possui gradeamento.





Até aqui, não há dúvidas, o pior foi querer saber mais sobre a história deste equipamento. A IA disse-me que "foi mandado construir pelo benemérito José Nogueira Vaz Monteiro e inaugurado em 5 de Outubro de 1921", mas li noutro sítio que "foi fundado pelo senhor Comendador António Falcão, administrador do Concelho de Ponte de Sôr em 1927". Contudo, estoutra informação, que situa a sua inauguração em 5 de Agosto de 1937, parece-me mais digna de crédito:

"Como tinhamos noticiado, inaugurou-se no dia 5 o corêto que o ilustre pontessorense sr. José Nogueira Vaz Monteiro mandou construir no novo Jardim Público, no Campo da Restauração. Usou da palavra o maestro sr. Angelo Silva, que felicitou o povo de Ponte do Sôr pelo grande melhoramento que ia inaugurar pondo em destaque os serviços que a Banda de que é regente deve ao grande benemérito. A Filarmónica Pontessorense, agradecida, não tinha encontrado melhor forma de expressar todo o seu reconhecimento do que executando a marcha «Vaz Monteiro». Ecoaram os acordes vibrantes da Filarmónica. Estava inaugurado o corêto. O sr. Vaz Monteiro, visivelmente emocionado, agradeceu ao orador, que soltou um viva ao grande sorense, vivamente correspondido pela farta assistência que pejava o local. A Filarmónica Pontessorense houve-se de forma a merecer todos os elogios. O programa com que deliciou os inúmeros ouvintes era esplêndido. No intervalo foi servido à Banda, no Teatro-Cinema, um farto e variado copo de água. O Jardim Público oferecia um bonito aspecto. Acenderam-se, pela primeira vez, os lampiões que a Câmara Municipal ali mandou colocar." (Jornal A Mocidade, n.º 260, de 15 de Agosto de 1937)