Para cá e para lá: muita terra, muita água, muito ar...
Aviso à navegação: este texto assemelha-se, em tudo, à espada d'El Rei D. Afonso Henriques. Se não estiverem sequiosos de informação sobre viagens na Escandinávia, limitem-se a ver as imagens e a sonhar...
Se observaram com atenção o nosso itinerário e tiveram em consideração as distâncias reais envolvidas, aperceberam-se, com certeza, de que elas implicaram uma grande quantidade de deslocações e de tempo despendido com as mesmas.
Para evitar mais uma deslocação (circular, ainda por cima), optámos por voos com destino e proveniência diferentes, ou seja, fomos de Lisboa para Oslo e voltámos de Helsínquia para Lisboa. As companhias aéreas, desde há algum tempo, possibilitam este tipo de trajectos, sem aumento dos custos, relativamente a uma ida e volta normal, desde que, obviamente, tenham ligações regulares aos destinos pretendidos. Nas agências de viagens, costumam torcer o nariz a estas esquisitices, mas, com alguma insistência,... A maioria das grandes companhias de aviação já o faz, é questão de escolher pelas tarifas. Nós fomos com a KLM, com escala em Amesterdão (oh, Amesterdão!...). Correu tudo sobre asas, só um pequeno reparo ao catering (estão a ver aquele anúncio radiofónico em que um passageiro diz: "Não quero mais nada, obrigado. A metade do amendoim deixou-me satisfeito"?). Pois é, cada vez mais, quem vai para o (m)ar deve abastecer-se em terra...
Nos centros urbanos, utilizámos sempre os transportes públicos (autocarros, eléctricos e metro). Os cartões para turistas (Oslo Pass, Bergen Card, Stockholmskortet, Helsinki Card, Tallinn Card) são uma boa opção, pois permitem, pelo período contratado (1, 2 ou 3 dias), utilizar toda a rede de transportes públicos e ainda ter entradas gratuitas na maior parte dos museus e obter descontos em muitos eventos culturais.
Na Noruega, os transportes, apesar de carotes (como tudo, de resto -- parece uma nova forma de exploração viking dos povos do sul), são bons e alguns percursos são fascinantes. De comboio, fizemos a linha de Bergen (linda!), de Oslo a Myrdal (cerca de 4h30, 5h00 de viagem), onde apanhámos o Flåmsbana, o comboiozinho que percorre, dizem, uma das linhas férreas mais bonitas do mundo, de Myrdal a Flåm. A paisagem é deslumbrante, ao longo de cursos de água, por entre montanhas, florestas, quedas de água (uma, com direito a "photo stop") até chegar ao Aurlandsfjorden. 20,20 Km, numa horinha de viagem muito bem aproveitada.
Em Flåm, apanhámos o Express Boat para Balestrand (cerca de 1h30). Três dias depois, fizemos o resto da viagem, até Bergen (cerca de 4 horas). A companhia que explora as ligações fluviais no Sognefjorden, a Fjord 1 / Fylkesbaatane, disponibiliza ferries, barcos rápidos (para trajectos maiores) e, no Verão, excursões organizadas, como aquela que fizemos ao glaciar. Tem um site internético muito informativo, com todas as ofertas disponíveis, para turista ver, e ainda horários e tarifas (estes, em norueguês).
O trajecto de Flåm a Bergen é fascinante, quase 6 horas de viagem, a uma velocidade alucinante, ao longo de uma paisagem maravilhosa.
De Bergen, voltámos a Oslo (cerca de 6h30, 7h00 de viagem), no comboio nocturno, em couchette, porque já tínhamos feito parte da viagem de dia (vale, francamente, a pena, que a paisagem é linda) e sempre poupámos uma noite de dormida. Em Oslo, apanhámos o comboio rápido para Estocolmo, explorado pela companhia ferroviária sueca: o Linx, uma espécie de Alfa a preços de TGV. Cinco horas de viagem, num dia chuvoso, nada a salientar.
De Estocolmo a Helsínquia, fizemos a viagem nocturna da Viking Line, a bordo do Mariella, um navio titânico, de oito andares, com casinos, restaurantes, bares, discotecas, corredores imensos, com cabinas muito confortáveis (recomendo vivamente a nossa opção -- a cabina mais barata, interior, com duas camas em beliche e casa de banho totalmente equipada, um luxo). Partida às 16h50, chegada às 9h55, hora finlandesa (Estocolmo +1, Lisboa +2). A viagem diurna, consta que é fascinante, porque o trajecto atravessa o arquipélago de Åland (um dos mais bonitos do mundo, ao que dizem), com escala em Mariehamn. Mas a viagem nocturna é mais concorrida, pela animação, pelas fenomenais bebedeiras e pelos namoricos que aí se arranjam. Sim, que a maior parte daquela malta faz a viagem por duas razões: a diversão e o açambarcamento de bebidas alcoólicas, mais escassas e caras em terra (as ilhas Åland são zona franca). Apercebi-me de que muitos fazem a viagem de noite e apanham o barco da manhã, de regresso a casa, carregadinhos de cervejas!
O mesmo vale para os passeios a Tallinn, capital da Estónia, uma cidade lindíssima, património da Humanidade (de que vos falarei um dia), onde os finlandeses se vão abastecer a preços de Leste.
Há várias companhias a operarem as ligações marítimas: a Viking Line e a Silja Line são as maiores. Para Tallinn, há ainda a Eckerö Line, a Nordic Jet Line, a Tallink -- nós fomos de catamaran com a Linda Line (1h25 de viagem), mais barata e com horários mais convenientes para nós.
De Helsínquia, fomos de comboio para Savonlinna (cerca de 5 horas), o destino mais turístico do lago Saimaa (o maior dos ditos mil). Porém, encontrámos tudo muito calmo, que a época baixa, na Finlândia, começa a 15 de Agosto, com o regresso às aulas e à chuva.
Para darmos uns passeios ali à volta, que o lago bem o merece, alugámos um carrito: 103 € / dia!
Comboio para Lappeenranta (2h30, 3h00 de viagem, a Rússia mesmo ali ao lado e um dia muito chuvoso e desagradável), onde pernoitámos, antes de tomarmos o autocarro para o aeroporto de Helsínquia, cheiinhas de saudades de casa e do sol e ansiosas por um belo passeio em Amesterdão...
Reservas: de Lisboa, levámos apenas os bilhetes de avião e da ligação Estocolmo-Helsínquia (comprada na Nordictur, o agente oficial, em Portugal, da Viking Line e do turismo escandinavo), porque, nos fins de semana, aquelas viagens esgotam depressa. Das restantes ligações, fomos tratando à medida que chegávamos a cada poiso, uma de cada vez, com calma. Os alojamentos, reservámo-los quase todos com antecedência, por e-mail, deixámos só em aberto os últimos dias na Finlândia, que decidimos com a preciosa ajuda de uma funcionária do posto de turismo finlandês em Helsínquia.
Só mais uma nota, para elogiar o empenho nórdico na informação e no apoio ao turismo. 5 estrelas!