Desvios (II)










Santuário de Cristo-Rei, Almada, 16 de Dezembro de 2007

Na senda das setas castanhas: andava para lá ir desde o tempo em que estive aqui.

Tricks of the light (II)

O meu colega de carteira dizia-me, há umas semanas, que aquilo de que teria mais saudades se saísse de Portalegre era o pôr-do-sol.
Também por aqui os efeitos da luz da tarde merecem destaque. De momento, impressões do poente num dia de neblina.








Portalegre, 2 de Dezembro de 2007

Desvios (I)

Nasci num país sem auto-estradas, onde qualquer deslocação entre dois pontos se fazia esmiuçando cada curva, passagem de nível e adro de igreja, por entre tractores agrícolas, florestas, campos de trigo, montes, vales, aldeias, velhotes ao sol e miúdos a jogarem à bola. Nasci num país onde também não havia muitos automóveis e onde as pessoas também não se deslocavam assim tanto. Cresci numa zona onde os pais que não trabalhavam nas fábricas da vizinhança apanhavam diariamente o comboio suburbano para a cidade e, nos fins-de-semana, davam brilho ao carro (os que o tinham), que levaria a família para a terra nas férias.
Por tudo isto, cada viagem era uma epopeia. Lembro-me daquela, em Agosto de 1977, que nos levou de urgência até aos confins de Trás-os-Montes, quatro adultos, um quase adulto e duas crianças, dentro do Ford Cortina do meu tio. Cerca de treze horas entre a Amadora e Vila Verde da Raia, metendo o nariz em cada localidade intermédia; um engarrafamento fenomenal dentro de Coimbra, devido aos incêndios que grassavam na periferia; a paragem para comprar o jornal, que nos informou da morte do Elvis, na véspera, assunto para o resto da viagem e notícia para dar à chegada; as curvas; as pausas para eu vomitar.
E daqueloutra corrida, no Verão de 1990, entre Tavira e Faro, pelos meandros da N125, a perder, semáforo após semáforo, as esperanças de conseguir apanhar o comboio rápido para Lisboa.
Foi por tudo isto, também, que, quando em Julho de 1989 rumei a Paris, de autocarro, tinha a ilusão pueril de ver desfilar na janela catedrais góticas e feiras de província. Em vez disso, muitas horas de asfalto e fugidias indicações toponímicas, que me fizeram perceber o que são auto-estradas, que, pouco depois, com os apoios comunitários, passaram também a fazer parte da nossa realidade.
O caminho mais rápido entre dois pontos, sem dúvida, e um factor de progresso. Ir mais longe o mais rápido possível, com o maior conforto e o mínimo de imprevistos. Uma limpeza futurista criada ao estilo da melhor ficção científica, como a de Júlio Verne, que nos imaginou a viajar em tubos pneumáticos. Tudo limpinho, sem impecilhos, velhotes ao sol, semáforos, miúdos, galinhas e adros de igreja. Ficam todos de fora, com as catedrais góticas, os castelos, as esplanadas com vista e os turistas.
Mas, às vezes, é difícil resistir aos apelos dos sinais de indicação turística e é então que vale mesmo a pena descarrilar e aproveitar uns momentos de desvio.






Castelo de Almourol, 3 de Novembro de 2007

Novembro


10 de Novembro de 2007, Vaiamonte


20 de Novembro de 2007, Portalegre

Ciência viva


Parque das Nações, Lisboa

Feriados. Já nem me lembro quantos houve este ano, nem como os aproveitei. Insisto, teimosamente, em esquecer que o próximo mês só tem cerca de quinze dias de trabalho e que traz um dos períodos de interrupção lectiva (vulgo férias) mais ansiados e merecidos do ano. Relevante, a crueldade de um calendário que dissolve dois dias de santo descanso em idêntico número de fins-de-semana anónimos, sem história, aposto que com chuva.
O último ainda o recordo mais risonho, uma quinta-feira de sol a justificar um fim-de-semana prolongado. Aproveitei-o para explorar o Pavilhão do Conhecimento, um espaço que ainda não me tinha chamado suficientemente a atenção. Foi precisa a ênfase publicitária a cheiros e ruídos nojentos, e lá fui eu, confirmar com os meus próprios sentidos.
Mais palavras para quê, o Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva apresenta-se a si mesmo como "um museu interactivo de ciência e tecnologia que visa tornar a Ciência mais acessível para todos, estimulando a exploração do mundo físico e a experimentação".
A exposição temporária Knojo! A Ciência Indiscreta do Corpo Humano é a nova atracção para crianças mais e menos pequenas. Aproveitei a hora de almoço, do que não me arrependo nada: cerca das 16 horas eram muitas dezenas as pessoas à espera para entrar, pelo que imagino que a possibilidade de experimentação acabasse frustrada. O módulo dos maus cheiros foi o que mais me marcou, e mais não digo.



As exposições permanentes são, porém, ainda mais marcadas pelo fascínio da descoberta e da experimentação. Explora, Vê, Faz, Aprende! e Matemática Viva brindam-nos com elipses e camas de faquir, caleidoscópios e espectros de luz, hologramas, resistências, parábolas, sons e mil e uma razões para nos perdermos no tempo e na nossa própria curiosidade. E o reencontro com o enigma favorito do meu avô, o dos cavaleiros que eu nunca tinha conseguido sentar nas respectivas montadas, que, como todos os enigmas realmente interessantes, tem uma solução demasiado simples para parecer séria.
Ainda a exposição temporária A Fí­sica no Dia-a-Dia - O Livro Vivo de Rómulo de Carvalho com as suas 73 experiências ao alcance do povo, como pretendia o autor.

Grandes passeios de domingo (III)


Do lado de lá, Bacoco


Do lado de cá, Alegrete


Alegrete

Outubro


28 de Outubro de 2007, São Salvador da Aramenha


28 de Outubro de 2007, São Julião


28 de Outubro de 2007, São Julião, Marvão ao fundo


5 de Outubro de 2007, Casa das Carpas, Olhos d'Água - São Salvador da Aramenha

Grandes passeios de domingo (II)

Desta vez no sábado, pela barragem de Póvoa e Meadas.


Fonte Fria




Chafurdão do Vale de Cales (mais sobre chafurdões, aqui)




Barragem da Póvoa, Castelo de Vide ao fundo

Al Mossassa



Terminou, no último fim-de-semana, em Marvão, a 2ª edição do Festival Islâmico que relembra a fundação de Badajoz e de Marvão, respectivamente, em 875 e 877, por Ibn Marwan.



Abd'Al Rahman Ibn Muhammad Ibn Marwan Ibn Yunus Al Djillîqî (algo como Abderramão filho de Maomé filho de Marvão filho de João o Galego), de seu nome completíssimo, conhecido por Ibn Marwan (ou Ibn Maruán), o Galego, foi um muladi sufista que, no último quartel do século IX, se rebelou contra o emir de Córdova, tendo criado o seu próprio reino, com capital em Badajoz. Reza a história que a Fortaleza de Amaia, também conhecida, no século X, como Amaia de Ibn Maruán (e, posteriormente, como Marvão, apenas), lhe servia de refúgio estratégico, sempre que não se sentia seguro na sua capital.



A fundação (Al Mossassa) das duas localidades foi celebrada em dois momentos distintos, em Badajoz e Marvão, com eventos vários, como conferências, animação de rua, comércio tradicional medieval das culturas co-existentes ("Mercado das 3 Culturas"), exibições e workshop de dança do ventre, espectáculos de serpentes e de falcoaria, actividades para crianças, passeios de burro, animais exóticos e da quinta, artesanato de cariz islâmico, comidas, bebidas e música.



Momentos e ambiências agradáveis, ainda para mais com o tempo a ajudar.

Setembro


18 de Setembro de 2007, nevoeiro matinal


20 de Setembro de 2007, trovoada nocturna


23 de Setembro de 2007, fim do dia na barragem da Apartadura