Via Sacra


Vila Nova de Cerveira, Agosto de 2022

Desde o início do primeiro passeio pela vila, fui-me cruzando com alguns nichos, abertos, outros fechados, muito arranjados, com cenas da Paixão de Cristo. "Trata-se de um conjunto de sete oratórios, com os Passos da Via Sacra, em estilo barroco, construídos no século XVIII. Distribuem-se pelo aro histórico da vila e, na Semana Santa, são palco de manifestações de fé. A fachada é constituída por duas pilastras com capiteis jónicos, que sustentam um frontão quebrado em forma de volutas. O frontão é encimado ao centro por uma cruz e por dois pináculos nas extremidades.
O nicho que se encontra situado na Travessa da Matriz, de arquitetura setecentista, é semelhante aos demais. O Senhor do Horto é composto por um Cristo angustiado, de joelhos, e um Anjo que lhe apresenta o cálice da amargura na noite da sua prisão."


Senhor do Horto

"Incrustado na parede da Quinta das Penas, na confluência da Rua das Penas com a Rua da Calçada, encontra-se o nicho do Senhor do Pretório [que não encontrei]. Aqui, o Senhor está de mãos atadas e de manto púrpura.
Na Estrada Nacional n.º 13, alguns metros a Norte da ligação ao hospital, está o Senhor da Prisão, onde Cristo está preso à coluna."






Senhor da Prisão

"Na direção do Arrabalde, situa-se o Senhor da Cana Verde, que se conserva na sua capela-nicho, construída no entroncamento desta rua com a Travessa do Arrabalde."




Senhor da Cana Verde

"No início da Rua Queiroz Ribeiro, na confluência com a Travessa do Senhor dos Passos, regista-se a capela do Senhor das Oliveiras. Este nicho apresenta o Senhor ao ser-lhe entregue a cruz."




Senhor das Oliveiras

"Situado na Rua Costa Pereira, o Senhor dos Passos carrega a cruz (...)"




Senhor dos Passos

"(...) e, por fim, o último dos nichos é dedicado ao Senhor dos Martírios, que se encontra acoplado à parede do Solar dos Castros."




Senhor dos Martírios

Na entrada do Castelo, encontrei uma pequena capela com o Senhor Crucificado, que cheguei a pensar que fazia parte do conjunto.

O regresso de D. Sebastião


Lisboa, Julho de 2022

Tenho andado tão distraída que ainda nem me tinha apercebido de que a estátua d'El Rei já está de volta à Estação do Rossio, e a dobrar!
No dia 21 de Julho de 2021, foi colocada, no nicho, uma réplica da escultura de Gabriel Faraill, encomendada pela Infraestruturas de Portugal a Pedro Lino, escultor e especialista em restauro e conservação de património, de Leiria.
"A produção da réplica demorou cerca de quatro meses, de acordo com um planeamento de trabalhos que envolveu a realização de moldes e contramolde do modelo original, que se encontra guardado no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa."


Imagem retirada daqui.

"A matéria-prima da escultura original era pedra de Ançã, originária da zona de Cantanhede, mas a pedreira esgotou-se, pelo que o artista teve de procurar rocha que fosse o mais semelhante possível. A escolha recaiu sobre o calcário "branco-mar" ou "moleanos relvinha", proveniente das Serras de Aire e Candeeiros, mais concretamente do concelho de Porto de Mós. A nova peça será reforçada, com espigões metálicos que a fixarão ao seu nicho, de modo a que não volte a cair, mesmo se um turista se voltar a empoleirar nela."



Porém, a estátua original também regressou! "Desfeita em 90 fragmentos que os serviços da Infraestruturas de Portugal (IP) recolheram na sua totalidade, a escultura, que muitos consideraram na altura irrecuperável, foi restaurada peça a peça, num trabalho moroso e de elevado grau de complexidade", pela conservadora Bruna Pereira de Oliveira, então na empresa Água de Cal, tendo sido concluído em agosto de 2020.








Imagens retiradas daqui e daqui.

Aparentemente, a estátua restaurada voltou, entretanto, à Estação, onde estava previsto ficar "exposta num local visível, mas protegida por uma redoma de vidro, para redução de eventuais danos futuros", já que se encontra "vulnerável, por ter perdido propriedades físicas e químicas devido à qualidade da pedra e à idade da mesma". Notícias de Julho de 2021 davam conta de que "se aguarda[va] da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) a apreciação ao projecto que prevê uma estrutura de vidro a proteger a escultura; a ideia é colocar a peça histórica no átrio inferior da estação, num local visível, mas protegida".
Passei por lá acompanhada e distraída, e nem me lembrei de procurar a dita. Ficará para uma próxima.

Nas nuvens


Lisboa, Agosto de 2022

Já vai sendo raro, mas, de vez em quando, lá encontro mais um, debotado, deslocalizado, vandalizado. Este foi pensado para a Avenida Luís Bívar, entre os n.º 4 e 6, mas tropecei nele perto do Colombo.
É um trabalho de Raquel Costa e Escola Secundária de Miraflores, sobre a frase "passava o dia inteiro com a cabeça enfiada nas nuvens", retirada de A girafa que comia estrelas, de José Eduardo Agualusa. Foi realizado no âmbito do concurso LeYa Arte Urbana, com o apoio da Galeria de Arte Urbana (Maio de 2015). É o primeiro em destaque, aqui, na revista GAU -- Galeria de Arte Urbana, vol. 07, 2015, página 26.





Capela de São Sebastião




Vila Nova de Cerveira, Agosto de 2022

"A devoção a São Sebastião ganhou importância com o decorrer das Guerras da Restauração, tendo decorrido a construção desta capela entre os finais do século XVII e inícios do século XVIII, pela guarnição militar que se abrigava no interior do castelo. Trata-se de um edifício de estilo popular, desprovido de ornatos. No interior destaca-se o altar em talha dourada, assim como as imagens de São Sebastião, Nossa Senhora das Dores e Santa Cecília. Estrategicamente virada para o rio [e para Espanha], fora pensada para pedir protecção da fome, da peste e da guerra."





"Arquitectura religiosa, barroca e vernácula. Capela barroca de planta longitudinal e corpo único, com frontispício em empena, portal de verga recta encimado por frontão triangular, ostentando retábulo em talha dourada, barroco, de estilo nacional. Cruzeiro de carácter popular, com fuste quadrangular chanfrado, capitel em bola e representação escultórica em ambas as faces da cruz."





As festas de São Sebastião constituem, ainda hoje, a principal festividade religiosa do Concelho.

Fonte das Bicas (2)


Estremoz, Setembro de 2022

A Fonte das Bicas, "antigamente designada de Fonte Redonda, sofreu várias obras que lhe retiraram a feição original. Provavelmente construída no século XVI, tem uma taça enobrecida por oito gárgulas leoninas que jorram água para um tanque octogonal. De destacar também os elementos de mármore brancos e negros no cimo da fonte".







Terreiro


Vila Nova de Cerveira, Agosto de 2022

O Terreiro, hoje Praça da Liberdade, é o centro nevrálgico de Vila Nova de Cerveira. Estende-se entre a Fonte da Vila, a Norte, e a Igreja Matriz, a Sul, a entrada do Castelo, a Oeste, e o início da Rua Queiroz Ribeiro, a via mais fervilhante de comércio e tradição, a Leste.


Vista do cimo do Castelo







No Terreiro, encontramos belas casas apalaçadas, como a Casa Verde e o Solar dos Castros (que hoje alberga a Biblioteca Municipal), sombras e esplanadas, e a Memória, no centro.



A Memória é um monumento construído, por subscrição popular, no primeiro centenário do início da Guerra Peninsular, em homenagem aos heróicos defensores do Minho. Assenta em cinco balas de ferro bronzeado e uma pirâmide que remata por uma estrela hexagonal, de cobre dourado. A pirâmide tem, numa das faces, o escudo real com silva e, na outra, as armas de Vila Nova de Cerveira. Foi inaugurada no dia 5 de Setembro de 1909.