Onde é que estão as vacas? (V)
:: Teresa O :: sábado, junho 24, 2006 0 comentário(s)
Etiquetas: Área Metropolitana de Lisboa, Arte de rua, Colecções, CowParade Lisboa 2006, Lisboa, Portugal
Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdam
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam.
Letra e música de Jacques Brel, Olympia 64, Barclay, 1964.
Também gosto da versão em língua inglesa, interpretada por David Bowie.
Imagem retirada do site oficial do Porto de Amesterdão.
:: Teresa O :: terça-feira, junho 20, 2006 0 comentário(s)
Lisboa - Lisbon - Lisbonne - Lissabon
Vista da Cerca Moura
Era um projecto que andava a germinar na minha cabeça há vários anos. Como muitos outros. Sou uma pessoa que gosta de fazer projectos. Não importa se algum dia os chego a realizar ou não, nem mesmo a sua exequibilidade: o prazer está todo na concepção mental.
De resto, quem é que se lembra de fazer turismo na cidade onde nasceu?
Não sou natural da freguesia de S. Sebastião da Pedreira, que o meu pai sempre achou que maternidades públicas com aspecto de aviário não eram sítios seguros para os filhos dele nascerem. Fui um bebé das avenidas novas, e uma criança suburbana, mesmo antes de saber o que isso era.
Lembro-me nitidamente do dia em que, na classe da Sra. D. Maria Amélia, um exercício de Meio Físico-Social nos pedia para caracterizarmos o local onde vivíamos. Numa pergunta de resposta múltipla, só nos eram dadas duas possibilidades: a cidade ou a aldeia. Os meus colegas, na generalidade filhos de operários migrantes, que "tinham terra", onde passavam religiosamente as férias de Verão, sabiam bem o que era uma aldeia; e todos nós, com Lisboa mesmo ao lado, sabíamos o que era uma cidade. Só não sabíamos o que chamar ao sítio onde morávamos. E a professora também não.
A Sé Catedral, por entre os fios do eléctrico
Lisboa foi a primeira cidade a sério que eu conheci. Tem tudo o que uma cidade precisa de ter: um centro histórico, uma periferia e subúrbios, zonas chiques e bairros degradados, património classificado pela UNESCO, monumentos e escritórios, um aeroporto, um porto, estações terminais rodoviárias, fluviais e ferroviárias, de onde se parte para o resto do país e do mundo, e onde, todas as manhãs, desaguam vagas de trabalhadores e estudantes, que partem ao final da tarde para destino anónimo, devolvendo à cidade o seu cheiro próprio. E autocarros, eléctricos e metro, cinemas e teatros, travestis e prostitutas, cafés, pastelarias e casas de chá, esplanadas e miradouros, lojas de bairro, supermercados e centros comerciais, carteiristas, pedintes e sem-abrigo, ministérios, editoras, jornais, galerias de arte, museus, igrejas, conventos, basílicas, uma mesquita e uma catedral, palácios barrocos e um castelo medieval. Restaurantes típicos e restaurantes chineses, japoneses, tailandeses, indianos, goeses, africanos, brasileiros, mexicanos, vegetarianos, e eu sei lá mais o quê. Hospitais, clínicas privadas, consultórios médicos, farmácias, centros de saúde, quartéis de bombeiros, agências bancárias, caixas Multibanco, oficinas de automóveis, cadeias de franchising, lares de 3ª idade, fontes, jardins, parques infantis, hotéis, pensões e um parque de campismo. Graffitis e pichamentos, bares, discotecas, jardins-de-infância, escolas e universidades, estádios de futebol, courts de ténis, campos de golfe, piscinas, uma praça de touros e um jardim zoológico. Migrantes e imigrantes, e uma variedade étnica e linguística impressionante. Ruas, becos, calçadas, travessas, pracetas, largos, praças, alamedas, avenidas, viadutos, vias rápidas, auto-estradas e pontes. Sete colinas, cerca de mil anos de história e, sobretudo, um rio. E não é um rio qualquer: é um estuário, um rio que se transmuta em mar sob os nossos olhos, todos os dias.
A Praça de Touros do Campo Pequeno, agora com um centro comercial por baixo
Nas minhas memórias habitam emoções em salas de cinema que já não existem, passeios no Parque Mayer, por entre cartazes iluminados, o teatro Monumental, a Feira Popular, com o Comboio Fantasma e o Poço da Morte, os gelados da Veneziana, os cheiros das tardes de Inverno, das castanhas assadas nos Restauradores e das torradas das pastelarias do Chile, a iluminação de Natal na Avenida da Liberdade, as casas de bonecas na loja de brinquedos que havia na esquina do Hotel Avenida Palace, mesmo à saída da Estação do Rossio, o jogo das escondidas por entre as pernas dos navegadores do Padrão dos Descobrimentos, as colunas do Cais das Colunas, a vista do Castelo e a descida pelas ruelas de Alfama, o Metro, quando só tinha duas linhas e as estações eram escuras e tinham outros nomes («Rotunda. Este comboio destina-se a Sete Rios.»).
Santos
Muitas vezes visitei cidades que me fizeram compreender o que atrai tantos turistas a Lisboa. Lisboa é uma cidade muito bonita, e esta Primavera esteve particularmente favorecida. As vacas deram um empurrãozinho, e lá acabei a calcorrear ruas onde há anos não passava, a sentir as solas de borracha a colarem-se ao chão, pegajoso das flores de jacarandá e das temperaturas médias de 30ºC. O calor e a máquina fotográfica em punho chegaram a fazer-me sentir em férias, numa qualquer outra cidade. Várias vezes dei por mim a pensar: «A última vez que estive nesta esquina, a fotografar este edifício, foi em Montreux. Ou em Zagreb, ou...».
E no meu imaginário iam-se misturando todas as cidades, que são cidades e têm tudo o que uma cidade precisa de ter, sobretudo turistas, que eu também sou e que me redescubro ao descobrir cidades na cidade onde nasci, e nas outras, onde vou renascendo.
Alfama a preparar-se para a noite de Santo António
:: Teresa O :: sexta-feira, junho 16, 2006 0 comentário(s)
Etiquetas: Área Metropolitana de Lisboa, Lisboa, Portugal, Quiosques, Templos, Viagens interiores
Onde é que estão as vacas? (IV)
Percurso: Praça da Figueira - Rossio - Restauradores
Notas:
Boas notícias: a Vaquinha Piu-Piu já voltou ao Rossio, com as cabeças das galinhas nos devidos lugares, e a Vaca que ri, na Rua Augusta, tem brincos outra vez.
Más notícias: a vaca Calçada Portuguesa foi retirada da Praça do Município (pintaram-na de azul); a Cowpyright e a Vaca Preciosa ainda estão em conserto.
Lisboa continua linda. Este fim-de-semana, a preparar-se para a festa.
:: Teresa O :: sexta-feira, junho 09, 2006 0 comentário(s)
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