Isto é o Cairo


Cairo (Egipto), Agosto de 2024

A primeira coisa que me ocorreu, quando cheguei ao Cairo, por volta das três da madrugada, foi que a cidade tinha sido bombardeada, durante uma guerra que eu não conseguia identificar. Ele era prédios meio demolidos, buracos no lugar de janelas, tijolo cru, muito pó e lixo, pessoas em vigília à beira da estrada, crianças a dormirem no passeio, sobre cartões, no meio de um calor intenso, húmido e pegajoso. Não foi a melhor das impressões.
De manhã, persistia uma neblina que não permitia uma vista clara: em primeiro plano, o Nilo, majestoso, com as suas pontes e embarcações, ladeado por hotéis de cadeias internacionais; atrás, o caos urbanístico e rodoviário.






Ah, tudo é diferente
Ah, no Cairo quente

Táxi, "Cairo", 1982.







Nada que eu não tivesse já visto noutros pontos do globo -- a pobreza do tijolo cru das favelas, no Rio de Janeiro; as casas semi-construídas, com as pontas das vigas ainda no ar, à espera que o primeiro filho a casar dê seguimento à obra, e depois o segundo e o terceiro, como vi na Grécia; o calor poeirento de Marrocos -- porém, tudo junto, constituiu uma visão bizarra.
Aparentemente, é uma terra sem regras, onde cada um constrói como lhe apetece, conduz como quer, contorna as leis como lhe convém, onde tudo é negociável e ajustável, mas não é exactamente assim. Quando perguntei como é viver no Cairo, a resposta foi que depende: quem tem dinheiro vive bem, quem não tem vive muito mal, não há meio termo, e qualquer comparação com a Europa é inútil, ali é outro mundo.







No entanto, a cidade também ostenta sinais de modernidade e progresso, como a imponência da Torre do Cairo e a largueza da recentemente remodelada Praça Tahrir, construída durante a campanha de modernização desenvolvida por Isma'il Pasha, que, no século XIX, pretendia criar no Cairo uma "Paris à beira do Nilo", e onde podemos encontrar o Museu Egípcio e o edifício governamental Mogamma.
Quando, porém, ao fim da tarde, subimos a um lugar bem alto e contemplamos a cidade, silenciosa na sua névoa amarelada, com a silhueta das pirâmides ao fundo, sentimos o apelo da História e da aventura.

Heavens above (75)




Portalegre, Agosto de 2024


Lisboa, Agosto de 2024




Cairo (Egipto), Agosto de 2024




Assuão (Egipto), Agosto de 2024


Kom Ombo (Assuão, Egipto), Agosto de 2024




Luxor (Egipto), Agosto de 2024


Hurgada (Mar Vermelho, Egipto), Agosto de 2024


Frankfurt am Main (Alemanha), Agosto de 2024


Sobre a Europa Central, Agosto de 2024