De Évora me estou lembrando


Évora, Novembro de 2024

Voltando a Évora, relembro, no Centro Histórico, a beleza da fachada da Igreja e do Convento de Nossa Senhora da Graça, construídos no século XVI e classificados como Monumento Nacional, em 1910.
Também, a Igreja do Senhor Jesus da Pobreza, construída no século XVIII.



A Igreja de Santo Antão, no topo norte da Praça do Giraldo, construída no século XVI e classificada como Imóvel de Interesse Público, em 1970.



A Igreja de São Tiago, construída, inicialmente, no século XIV e reconstruída no século XVII.



Fora de portas, no topo sul do Rossio de São Brás, a Igreja (ou Ermida) de São Brás, construída no século XV e classificada como Monumento Nacional, em 1910.





Fora da cidade, vê-se ao longe, entre quintas, vinhas e ferragiais, o Convento de Nossa Senhora do Espinheiro, construído no século XV, classificado como Monumento Nacional em 1910 e convertido num hotel de luxo, inaugurado em 2005 e vencedor europeu do prémio World Travel Awards 2006.

Memória futura (25)


Cairo (Egipto), Agosto de 2024

A memória, no Cairo, faz-se presente de variadas formas e em diferentes línguas. Nuns casos, há tradução em inglês, noutros, apenas o texto em árabe e uma ajudinha do Google.
O primeiro memorial encontra-se junto à entrada da Cidadela e relembra as respectivas obras de restauro. As lápides laterais enumeram as intervenções realizadas; a central diz algo como:

Ministério da Cultura, Departamento de Antiguidades Egípcias
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso, Senhor Presidente
Mohammed Hosni Mubarak
Primeira e principal fase do projecto de restauro e manutenção da Cidadela de Saladino e dos seus elementos arqueológicos e construção de novos museus históricos.
Na presença do Dr. Fuad Mohieddin,
o Primeiro-Ministro, e do Sr.
Mohammed Abdel-Hamid Radwan,
o Ministro da Cultura,
na Terça-feira, 20 Shawwal (...) [1983]


Os próximos foram encontrados no bairro copta.













Estes, nos museus.





Finalmente, nas imediações da Praça Tahrir, um monumento de homenagem a Simón Bolívar, inaugurado no dia 11 de Fevereiro de 1979. Oferecida pela Venezuela, a estátua de bronze, de 2,3 metros de altura, é da autoria do escultor venezuelano Carmelo Tabaco e o pedestal foi realizado pelo seu compatriota Manuel Silveira Blanco. Nele pode ler-se algo parecido com:
Simon Bolivar
1783-1830
A paz desfruta de todos os significados da liberdade e da independência
A glória está em ser grande e útil


Museus no Cairo


Cairo (Egipto), Agosto de 2024

Quando se fala em museus no Cairo, vêm logo três à ideia: o antigo, o novo e o futuro. O antigo é o Museu Egípcio, ou Museu do Cairo, na Praça Tahrir. Foi criado, no século XIX, para evitar que os achados arqueológicos do Antigo Egipto fossem todos expedidos para museus estrangeiros. Após ter ocupado diversas instalações, foi concebido, por arquitectos europeus, um edifício à imagem dos grandes museus ocidentais, que abriu ao público em 1902.





É hoje o maior museu de África e alberga a maior colecção do mundo de antiguidades egípcias, com mais de 120 mil itens, grande parte deles em exposição. Entre as suas maiores atracções conta-se o tesouro do faraó Tutancamon, incluindo a sua icónica máscara funerária de ouro.
Porém, é um produto da sua época e da concepção museológica do século XIX, que privilegiava a quantidade de artefactos em detrimento da sua qualidade e que era pensada por e para estudiosos, sem qualquer propósito educativo para a população em geral. Assim, encontramos no Museu Egípcio um labirinto de mais de 80 salas, divididas por dois andares, com milhares de objectos, mas com pouca informação sobre eles, a que acresce a fraca climatização e a falta de espaços de descanso. Contudo, a colecção inclui objectos incontornáveis e é de visita imperdível.







Já no presente século, foi decidido criar um novo museu, com uma concepção mais moderna e uma colecção mais abrangente: o Museu Nacional da Civilização Egípcia, na zona de Fustat.



Com um espólio de cerca de 50 mil peças, é um museu amplo, espaçoso e convidativo que apresenta a civilização egípcia desde os tempos pré-históricos até à era moderna, com muita informação sobre as épocas e os objectos. A colecção está organizada nas seguintes áreas cronológicas: arcaica, faraónica, greco-romana, copta, medieval, islâmica, moderna e contemporânea. Os artefactos em exposição foram escolhidos, com a assistência técnica da UNESCO, de entre o espólio de outros museus do país, para serem os mais representativos de cada época.





O Museu está dividido em quatro espaços: a Galeria Principal, muito ampla, onde se encontra a exposição cronológica e temática; a Galeria Têxtil, dedicada à evolução da tapeçaria, dos tecidos egípcios e da indústria têxtil ao longo de milénios; a Tinturaria, um notável achado arqueológico; e a grande atracção do Museu, a Galeria das Múmias Reais, uma cripta na penumbra, com entradas controladas, onde, em silêncio e recato, podem ser vistos os restos mortais de 17 reis e 3 rainhas do Antigo Egipto, assim como vários objectos provenientes dos seus túmulos e vasta informação sobre os mesmos, numa exposição interactiva que utiliza tecnologia de ponta.





Apesar de ter sido parcialmente aberto em 2017, o Museu foi oficialmente inaugurado a 3 de Abril de 2021, pelo presidente Abdel Fattah El-Sisi, com a transferência de 22 múmias do Museu Egípcio, num evento sumptuoso denominado "Desfile Dourado dos Faraós" (The Pharaohs' Golden Parade) que, literalmente, parou a cidade do Cairo e foi transmitido em directo para todo o mundo.





Porém, quando se fala no novo museu, aquele que vem logo à ideia é o Grande Museu Egípcio, também conhecido como Museu das Pirâmides, em Gizé. Já eu chamo-lhe "futuro", porque a sua construção teve início em 2012 e ainda não foi dada como terminada. O Grande Museu Egípcio irá acolher mais de 100 mil artefactos da antiga civilização egípcia, incluindo o espólio completo de Tutancamon, e será o maior museu arqueológico do mundo. Irá também acolher galerias de exposições permanentes, exposições temporárias, exposições especiais, museu infantil e écrans virtuais e de grande formato. Actualmente, estão abertas, a um público diário limitado a 4 mil visitantes, as áreas comerciais, os jardins exteriores, o átrio da entrada principal e doze galerias, como parte de um teste. A inauguração oficial e a abertura total do museu, com acesso às galerias de Tutancamon e ao Museu dos Barcos de Quéops, continuam pendentes, após sucessivos adiamentos. Enquanto isso, o tesouro de Tutancamon permanece no Museu Egípcio, onde pode ser visitado.

Serpentes de fogo


Évora, Novembro de 2024

No quartel dos Bombeiros Voluntários de Évora, encontrei estas obras em progresso: "A Serpente de Fogo", da autoria de Le Funky, e um "Fire station project", de brvnoloz. Dias depois, estavam já mais compostas.





Papa-unescos (XXVI)


Évora, Novembro de 2024

(31) Centro Histórico de Évora (Portugal)

Não sei se as voltas da vida se um prenúncio de morte levaram-me novamente a Évora, onde me pude demorar mais do que o habitual. É uma cidade lindíssima, cujo centro histórico foi classificado pela UNESCO, em 1986. Já por aqui tinha andado, a propósito de memórias da escola primária, mas sem ilustração condigna. É, pois, tempo de corrigir essa injustiça.
Acima, o Templo Romano, ou o que resta dele. Foi classificado em 1907 e, como Monumento Nacional, em 1910.

Exemplar de arquitectura religiosa romana, do século I, situado na Acrópole, à cota máxima de 302 m, que fazia parte do fórum; é de estilo coríntio e do tipo hexastilo-períptero, com planta rectangular (25x15m). Estava enquadrado por tanques, criando um raro efeito de espelho de água. Deve ter sido dedicado ao culto imperial e não à deusa Diana, como é designado desde o século XVII até aos nossos dias (Templo de Diana). Foi reutilizado ao longo dos séculos, sobretudo, como açougue municipal. O seu aspecto actual deve-se às obras de libertação das paredes, em 1870, dirigidas por Cinatti.
Em frente, a Igreja do Convento dos Lóios. A igreja foi classificada como Monumento Nacional, em 1910, e o convento, em 1922.


A primeira pedra do Convento dos Lóios de Évora foi lançada em 1487, por iniciativa do primeiro conde de Olivença, D. Rodrigo de Melo, guarda-mor do rei D. Afonso V, e também Governador de Tânger, que dois anos antes iniciara a construção da igreja anexa (da invocação de São João Evangelista), destinada a panteão de família.
Construído sobre o que restava de um castelo medieval, o convento constitui um excelente testemunho arquitectónico do tardo-gótico alentejano.
Destaca-se, no piso térreo, a entrada da antiga Sala do Capítulo, já quinhentista, rasgada por um exuberante portal mainelado com arcos em ferradura, perfeito exemplar da arquitectura regional manuelino-mudéjar. Nesta mesma porta está um medalhão evocando a participação de D. Rodrigo na Batalha de Azamor, em 1508, pelo que as obras desta sala terão datação aproximada.
Mesmo ao lado, a imponente Sé Catedral, classificada como Monumento Nacional, em 1907 e 1910.




Dedicada a Santa Maria, a Catedral de Évora foi edificada nos séculos XIII e XIV, sob o patrocínio real de D. Afonso III e do bispo D. Durando Pais, nos estilos românico e gótico, destacando-se o pórtico ogival, guarnecido por esculturas do Apostolado, e o claustro. Anteriormente, existiu outra sede episcopal, mas ignora-se a sua localização. A capela-mor é do século XVIII (estilo barroco), de autoria do arquitecto alemão Frederico Ludovici. No seu interior, existem muitos elementos arquitectónicos e artísticos de relevância, como o cadeiral do coro, o órgão renascentista, as peças do Museu de Arte Sacra (escultura, pintura, paramentaria e ourivesaria), entre outros.
Imperdível, a Igreja de São Francisco e a Capela dos Ossos, que, desta vez, não visitei. A Igreja de São Francisco está classificada como Monumento Nacional desde 1910.






Edifício dos séculos XV e XVI, de estilo manuelino-mudéjar e renascentista construído em substituição de um anterior templo gótico, do qual subsistem ainda alguns vestígios. Teve anexo o Palácio Real e foi considerada como Igreja Real, na qual se realizaram importantes cerimónias, como o casamento do príncipe D. Afonso com D. Isabel de Castela, em 1490.
A fachada da igreja é caracterizada pela volumetria dos coroamentos e o portal está decorado pelos emblemas régios de D. João II e D. Manuel I. O seu interior apresenta uma nave única, de planta rectangular e em cruz latina, destacando-se o altar-mor e a Capela da Ordem Terceira de S. Francisco, de estilo barroco. A maior curiosidade popular reside na Capela dos Ossos, de três naves formadas completamente por ossadas humanas (século XVII).
Ainda, o Paço de D. Manuel, classificado como Monumento Nacional em 1910.


O Palácio de D. Manuel é o que resta do grande conjunto palaciano de S. Francisco, pois foi a partir do Convento de S. Francisco que se desenvolveu o novo e grandioso Paço Real de Évora, que passou a alojar a corte e onde teve lugar o casamento do infante D. Afonso, filho de D. João II, com a Infanta Isabel de Castela em 1490. Coube ao rei D. Manuel I, o Venturoso, que subiu ao trono em 1495, imprimir ao conjunto monumental a grandiosidade e a beleza arquitectónica que ostentava.
Apenas a galeria quinhentista - o Paço das Damas -, datada da primeira vintena do século XVI e integrada no ciclo manuelino-mudéjar, se salvou da destruição, chegando a ser utilizada como armazém de guerra nas lutas da independência (1640).
Cedido em 1865 à Câmara, o Palácio de D. Manuel foi utilizado como Museu Arqueológico, teatro e espaço de exposições, até que o desmoronamento de 18.02.1881 lhe destruiu as coberturas.
Após o desastre, foi adaptado a casa de espectáculos públicos - o Teatro Eborense - após as obras, dirigidas pelo engenheiro eborense Adriano de Sousa Monteiro, que lhe alteraram a traça original, acrescentando-lhe um segundo andar com armação metálica, ao gosto da época.
Em Março de 1916, foi destruído por um incêndio, tendo assim permanecido até 1943, data em que foi recuperado pelos Monumentos Nacionais, que restauraram o imóvel e salvaram as partes essenciais do antigo pavilhão.
Hoje, cumpre a função de "sala de visitas" da cidade, onde têm lugar recepções oficiais e cerimónias de natureza cultural, exposições e outras iniciativas consentâneas com a sua dignidade.
Fico-me por aqui, para já, mas muitos mais virão.