Casa do Poeta José Régio



José Maria dos Reis Pereira nasceu, em 1901, em Vila do Conde, onde faleceu, em 1969.
Em 1912, frequentou o curso dos liceus no Instituto de Vila do Conde.
Dos 12 aos 13 anos, escreveu o primeiro caderno de versos, Violetas, por necessidade de comunicar e de se exprimir.
Em 1919, licenciou-se no curso de Filologia Românica (Português e Francês) na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
No ano de 1925, publicou o seu primeiro livro de poesia, Poemas do Deus e do Diabo, com o pseudónimo de José Régio.


Ventura Porfírio, Poeta de Deus e do Diabo, 1958
Óleo sobre tela, 138,5 x 108 cm
Câmara Municipal de Portalegre, Casa-Museu José Régio


Em 1927, foi director da revista Presença (folha de arte e crítica). Além disso, escreveu para vários jornais (Diário de Notícias e Comércio do Porto).
Fez frente ao Estado Novo, tendo sido integrado no MUD (Movimento de Unidade Democrática) e tendo apoiado a candidatura de Humberto Delgado. Como escritor, dedicou-se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio.
Em 1927, José Régio iniciou a sua carreira de professor no Liceu Alexandre Herculano (Porto). No ano seguinte, foi transferido para o Liceu Mouzinho da Silveira, em Portalegre (então no edifício onde funciona actualmente a Escola Superior de Educação de Portalegre), onde leccionou durante 34 anos.



A Casa-Museu José Régio (ou Casa do Poeta José Régio) foi instalada na casa onde José Régio se hospedou, quando foi dar aulas para o liceu Mouzinho da Silveira. Aí funcionava a Pensão 21, onde o poeta começou por ter um quarto, mas foi alugando mais quartos, para albergar as peças da sua colecção, até que se transformou num hóspede único.
O escritor afirmava que o coleccionismo nasceu por influência do seu avô. Desenvolvera-se e ampliara-se no Alentejo, pois era uma região bastante fértil em artesanato e antiguidades. José Régio tinha fascínio por antiguidades e acreditava que muitas peças desapareceriam, se não fossem bem guardadas.
As colecções existentes neste museu consistem em obras de escultura e de faiança, também numismática e medalhística, registos, trabalhos pastoris e ferros forjados. De entre estas colecções, destacam-se: Cristos, Santos Antónios, barros de Portalegre e peças de mobiliário rústico. Podemos, ainda, destacar os santos chatos (com as costas achatadas) e os reis da casa de David (representação da ascendência de Jesus). Os Cristos, feitos por mestres iletrados, mas com um certo talento manual, serviam para o enxoval das noivas, no Alentejo. Os barros de Portalegre revelam o seu poder e a sua expressão, através das suas formas poderosas. O seu ar gracioso e as suas cores intensas são necessários à intensidade sensitiva do homem que vive em contacto com a natureza.



O museu tem duas cozinhas: uma destas cozinhas possui pratos típicos de Coimbra, denominados de "ratinhos", pois eram trazidos por pessoas que vinham trabalhar para o Alentejo, cuja alcunha era "ratinhos" (trabalhavam curvadas na ceifa e vestiam-se de cinzento). Esses pratos (faiança colorida popular) eram deixados pelos ceifeiros, nas suas habituais deslocações para o Alentejo (trabalho sazonal), para serem trocados por tecidos e roupas.
Existem, ainda, peças em ferro, como suportes dos espetos. O ferro forjado foi bastante utilizado para as formas dos mesmos suportes (nas cozinhas) e para a decoração de portas e janelas, aliando a arte à funcionalidade.
A outra cozinha possui trabalhos pastoris (chavões ou pintadeiras) que serviam para marcar o pão, nos fornos comunitários. Possui, ainda, dedeiras (protecção dos dedos dos ceifeiros, na sua função) e polvorinhos (para a pólvora).

 

A arte pastoril representava a psicologia dos próprios autores. Se tivessem à mão um pedaço de madeira, de cortiça, cana ou chifre, brotariam pintadeiras, dedeiras e polvorinhos, tarros e tarretas, com inscrições, datas e nomes.
Podemos ver um quadro que representa Portalegre há um século atrás, almofarizes e peças de estanho, um oratório com peças de arte popular.
Podemos ver, ainda, a sala de visitas e uma diversidade de peças de arte popular.
Existe, no museu, um quadro da autoria de um amigo de José Régio, Ventura Porfírio, em que o poeta aparece retratado.
Além disso, há o quarto do poeta, o salão nobre (peças de mobiliário) e o escritório, onde o poeta dedicava muito tempo à sua actividade (por isso é o espaço mais emblemático do museu).
Por fim, destacam-se os trabalhos conventuais de Portalegre.
Em 1965, pensando no futuro e na preservação da memória, José Régio vendeu a sua colecção à Câmara Municipal de Portalegre, para que a casa se transformasse em museu. Ficaria com o usufruto, que passaria para a Câmara Municipal de Portalegre, após a sua morte. Tal não aconteceu, pois José Régio morreu em 1969 e o museu só abriu em 1971.

 
Dedeira ou canudo, em cana, e marcadores de pão e bolos, em madeira (séc. XIX)

FONTES
"José Régio". Wikipédia (pt).
"Museu José Régio". Wikipédia (pt).
NOVAIS, Isabel Cadete ([1999] 2001). "José Régio e os mundos em que viveu". Instituto Camões.

Trabalho realizado por Ciro Rodrigues

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