Museu da Tapeçaria de Portalegre


Diana, 1947, 403 x 254 cm

O Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino situa-se num antigo palacete, conhecido por Palácio Castelo Branco, na Rua da Figueira, cidade de Portalegre. O seu nome deriva da homenagem prestada a Guy Fino, que inventou esta tapeçaria e integrou Portugal na lista dos grandes produtores internacionais de tapeçaria, devido ao seu enorme conhecimento na área dos lanifícios. Este trabalho foi completado com a invenção do ponto de Portalegre, por Manuel do Carmo Peixeiro, que confere às tapeçarias uma excepcional capacidade de expressão, uma total fiabilidade na interpretação do desenho e rigor ao reproduzir as obras de arte de diversos pintores.
A Manufactura de Tapeçaria de Portalegre é imprescindível para o museu, uma vez que contribui para o seu recheio.
No Museu podemos encontrar a Exposição permanente, uma Galeria de Exposições Temporárias e um Auditório. Trata-se de um museu de arte contemporânea, exprimindo os movimentos artísticos na tapeçaria, onde é possível encontrar obras de arte concebidas por artistas de renome, como Almada Negreiros, Vieira da Silva, entre outros.


Le Roi Soleil, 2001, 60 x 100 cm
Cartão, desenho e tapeçaria


FASES DA ELABORAÇÃO DAS TAPEÇARIAS

A obra de arte é cuidadosamente estudada pelo atelier técnico-artístico. É ampliada para a dimensão da obra final e projectada numa transparência, isto é, um papel quadriculado de quadrícula de 2 mm (o que corresponde à espessura do ponto). Aqui são traçados os contornos das formas e as fronteiras das cores, ou desenhados pormenores que têm de ser traduzidos em tecelagem.
Procede-se depois à demorada limpeza, que requer uma grande precisão de desenho e sensibilidade, assim como rigor do trabalho. Esta corrige as formas e linhas traçadas durante a ampliação e realiza a coloração de todas as formas com aguadas semelhantes à tonalidade do original, que, após o estudo da cor, são marcadas com um número ou código com a escolha da lã.


Amostra de mil cores do Museu da Tapeçaria de Portalegre

A tapeçaria de Portalegre é de alto-liço. Os linhóis são colocados lado a lado e os fios de teia em tensão formam uma cortina uniforme bastante grossa, com 10 fios por centímetro. A tapeçaria suspensa começa a ser tecida a partir da base pelas tecedeiras, que estão sentadas com o desenho colocado à altura dos olhos.
O ponto utilizado, denominado ponto de Manuel do Carmo, corresponde ao cruzamento simples de fios de teia com os de trama, alternando os fios pares com os ímpares, da técnica tradicional, o que consiste no envolvimento completo dos fios de teia pela trama decorativa, desenhando-se, assim, ponto a ponto, as manchas de cor, com contornos precisos e tonalidades delicadas que nos maravilham pela sua textura aveludada.



Na fase terminal executa-se a tirela de remate. Os fios são cortados da teia, libertando a peça, que posteriormente é esticada e posta à esquadria, onde é molhada com água e sujeita a tratamento anti-traça. Por último, são realizadas as bainhas e, no avesso da tapeçaria, é colocado o bolduc (que consiste num pedaço de tela que contém o título da obra, dimensões, nome e assinatura do pintor).
Em suma, devido à complexidade do processo de tecelagem, e pelo facto de ser um trabalho 100% realizado à mão, estas tapeçarias são executadas ao longo de pelo menos um ano (data mínima para as tapeçarias de menor dimensão), tendo, portanto, um custo bastante elevado. O preço mínimo ronda, neste momento, os 9 mil euros e o mais exuberante 91 mil euros.
Contudo, as manufacturas não deixam de receber encomendas nacionais e internacionais. São colocadas em exposição em locais de bastante relevo, como por exemplo entidades bancárias, a Fundação Calouste Gulbenkian, hotéis prestigiados e galerias, das quais se destaca uma em Madrid.


O Poeta, 190 x 155 cm

Trabalho realizado por Emilie Baptista e Susana Menezes

1 comentário:

Anónimo disse...

Cabe-me solicitar a correcção à vossa afirmação " Guy Fino que inventou esta tapeçaria " uma vez que o unico e verdadeiro inventor deste ponto foi Manuel do Carmo Peixeiro, como aliás poderão constactar em diversos sites :
http://jorgesampaio.arquivo.presidencia.pt/pt/noticias/noticias/discursos-643.html ; http://www.cm-covilha.pt/simples/?f=2390 ; entre outros, alías podem ainda confirmar a existência do Largo e Rua Manuel do Carmo Peixeiro, em Oeiras, pela sua valiosa invenção e legado a Portugal, reconhecida em todo o Mundo como o Ponto Português.

Com cumprimentos
Tiago Homem Ferreira