As cidades e a memória. 1.

Partindo-se dali e andando três dias para Levante o homem encontra-se em Diomira, cidade com sessenta cúpulas de prata, estátuas de bronze de todos os deuses, ruas pavimentadas a estanho, um teatro de cristal e um galo de ouro que canta no alto duma torre todas as manhãs. Todas estas belezas o viajante já as conhece por tê-las visto também noutras cidades. Mas a propriedade desta é que quem lá chegar numa noite de Setembro, quando os dias já diminuem e as lâmpadas multicolores se acendem todas ao mesmo tempo por cima das portas das lojas de peixe frito, e de um terraço uma voz de mulher grita: uh!, lhe apetece invejar os que agora pensam que já viveram uma noite igual a esta e que então foram felizes.

Italo Calvino



Texto de Italo Calvino, Le città invisibili, Torino, Einaudi, 1972
(tradução portuguesa de José Colaço Barreiros, As cidades invisíveis, Lisboa, Editorial Teorema, 2003, p. 11).
Pintura de Vieira da Silva, Luz, 1978
Óleo sobre tela, 97 x 130 cm, França, col. part.

O caminho das estrelas







23rd Century (2266-2269)

Space: the final frontier. These are the voyages of the Starship Enterprise. Its five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations - to boldly go where no man has gone before.

Texto e imagens da série televisiva Star Trek, NBC, 1966-1969.

50210 Cerisy-la-Salle

A minha amiga Joëlle diz que aquilo que lhe parece que eu retive da minha passagem pela Normandia foi a ementa. Isto de tanto me ouvir falar em charlottes aux fraises, profiteroles au chocolat, flageolets, pommes duchesse... (cidre, bordeaux, calvados...). Não ouviu ela o que eu reclamei da carne pouco cozinhada, dos vegetaizinhos desenxabidos, das fatídicas beterrabas e do terrível aipo, dos pequenos-almoços frugalité campagnarde...
A ciência, às vezes, prega-nos destas. E esta foi, no caso, um colóquio num Centro Cultural sediado num castelo do século XVII.


O castelo

A perspectiva de uns diazinhos em reclusão científica, num local idílico, rodeada de campos verdes, vacas brancas e vestígios históricos, indissociáveis da quantidade de nomes grandes da cultura europeia que por lá passaram, parecia-me sublime. Ao fim de dois dias, andava já a perguntar pela agência Avis mais próxima.


Campos verdes e vacas brancas

Os donos do castelo são umas pessoas encantadoras. A senhora, em particular, é muito divertida, tendo ultrapassado aquela idade em que nos preocupamos demasiado com aquilo que os outros pensam de nós e nos damos ao luxo de fazer e dizer o que nos dá na real gana. A história mais engraçada que retive foi a de um senhor que, tendo ido deixar a esposa num colóquio, partiu para os Estados Unidos, de onde, assaltado pelas saudades (ou outra coisa qualquer...), resolveu telefonar à mulher, para lhe dizer que a amava. Acontece que o castelo só tem uma linha telefónica e foi a dona Catherine que, estremunhada, recebeu a dita declaração de amor, às 3 da manhã, hora local. Vai daí, não esteve com meias medidas e disse ao cavalheiro que não precisava de se preocupar, porque, a última vez que ela tinha visto a amada esposa, ia esta muito divertida e bem acompanhada a caminho do casino. Do casino, vejam só!


Uma esquina no centro de Cerisy

Cerisy é uma vila pequena, do departamento de Manche, no Bocage Normand. Tem uma igreja, uma farmácia, uma padaria, uma escola, um colégio, um café, um supermercado pequeno, dois médicos e três veterinários, muitas vacas e poucas pessoas. De facto, quando saíamos do castelo, raramente encontrávamos vivalma.
O marido de Catherine é um senhor muito simpático e acolhedor, mas mais discreto. Quando lhe perguntei pela dita agência Avis, sorriu e disse que a mais próxima ficava em St-Lô ou Coutances. À chegada, falou-nos da terra e desaconselhou-nos vivamente Cerisy by night: «C'est vraiment sinistre!». Toda a região foi duramente fustigada pelos bombardeamentos que se seguiram ao desembarque dos aliados (salvou-se o castelo, para o qual os alemães tinham outros planos). A reconstrução foi demasiado rápida e pouco cuidada, pelo que se perdeu muito do pitoresco local.


L'Orangerie

Nos poucos tempos livres que o colóquio nos permitia, tínhamos, como alternativa, o circuito pedestre de 7 Km em torno do castelo, ou um kir no Bar de l'Espérance. Transportes eram uma miragem: um autocarro interessante por dia, até à costa, e uma estação de caminhos-de-ferro, em Carantilly, desactivada há vários anos, onde os comboios só param para deixar e receber congressistas, a pedido do Centro.
Dois dias, teria sido a duração ideal. O castelo é muito bonito e a localização muito agradável. Fiquei alojada numa das dependências exteriores, a Orangerie, de onde se ouvia menos o fatídico sino que orientava as nossas actividades diárias: o despertar, o pequeno-almoço, o início das sessões, o almoço, e por aí fora... Verdadeira reclusão monástica.


Chez moi à l'Orangerie

Partida, lagarta, fugida



Terça-feira, Julho 08, 2003 : 9:26 PM

No princípio, era assim.

Vistas de fora: Portalegre

Portalegre é uma cidade pequena em Portugal. Fica perto da fronteira com Espanha e é muito antiga. Tem um castelo medieval, mas a cidade data do século XVI. É muito montanhosa e tem ruas estreitas.
Há muitos estudantes, porque há três Escolas Superiores.
À noite há muito que fazer. Há muitos bares e restaurantes pequenos, mas só uma discoteca, o Álamo.
A comida típica de Portalegre é: boleima, pão e queijo, chouriço, doces conventuais e pastéis de carne. A bebida típica é o vinho Conventual.
As pessoas são simpáticas e calmas.
É agradável passear no parque natural da Serra de S. Mamede.


Texto de Angela Breen e Elaine Murphy