A linha que nos separa (XIII)


Galegos (Marvão), Julho de 2012

"Ai a Teresa colecciona marcos fronteiriços? Então hão-de passar lá por casa, que conhecemos um lá perto que ela há-de gostar de ver". Foi este o incentivo para voltarmos a Galegos, no fim-de-semana. E não vim de lá nada desiludida, antes com pena que o tempo (cronológica e meteorologicamente falando) não tivesse deixado espaço para mais. Por que raio há-de a raia ser tão bonita?
Tive, como bónus, o prazer de explorar um pouco dos trilhos do contrabando, que há já tempos me andam tentando. O que seguimos é muito bonito, um caminho meio empedrado, meio pedregoso, entre muros de pedra e vistas lindíssimas para a Serra de São Mamede, com Marvão ao fundo, como não podia deixar de ser.







Até que, sobre um muro, apareceu o primeiro, o 680 B. Aquele muro era, de facto, a fronteira. Do lado de lá, um montado de sobro.





Seguimos um pouco para norte até darmos com ele, o 680, empoleirado em cima de uma rocha. Fiquei entusiasmadíssima! Nunca tinha visto nenhum que me intrigasse tanto. Por um lado, a decoração: quem a fez, porquê? Por outro lado, a localização: o marco foi fixado a um rochedo que se situa a uns 10 ou 15 metros do muro. Até poderia conceder que a fronteira se desvia do muro, naquele ponto, mas, então, como explicar que o muro continue, e com ele mais marcos? E, por outro lado ainda, onde está o 680 A, que não o vimos?





Decididamente, os caminhos do contrabando encerram muitos mistérios. Hei-de lá voltar, com tempo melhor (dos dois tipos) e calçado mais adequado.



Diga-se de passagem, já este ano quase me deixei tentar pela caminhada organizada pela Câmara Municipal de Marvão, a IV Rota (ou Percurso) Internacional do Contrabando do Café. Estas caminhadas são organizadas com alguma regularidade. Aqui há uma boa reportagem fotográfica sobre um percurso realizado em 2010 (com destaque para os marcos fronteiriços, aqui). Aqui, um interessante testemunho de quem viveu o (e do) contrabando.

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