No quarto mais alto da torre mais alta (4)
Portalegre, Março de 2016
Gosto muito de cegonhas. Era bicho com quem não tinha qualquer relação, até abandonar os limites da cidade grande. Comecei a apreciar-lhes os ninhos, há já quase 19 anos, nos postes eléctricos, ao longo das Linhas do Norte e da Beira Alta. Depois, foi a admiração pelos velhos eucaliptos, verdadeiros prédios de andares, por cujos ramos se distribuíam ninhos à dúzia, perto da estação de Portalegre. Lembro-me da primeira vez que, subindo a Rua do Comércio, fui surpreendida por um inusitado ruído de castanholas, por cima da minha cabeça. E de quando, do trabalho, via a Sé, em cuja frontaria cheguei a contar sete ninhos, com os seus respectivos habitantes.
Ao fim de meses a observar a vegetação, apercebi-me, em Fevereiro, de movimentações na torre do Convento. Desde aí, tenho apreciado a dedicação com que compõem o ninho e a graciosidade dos movimentos, como quando descolam (acima) e pousam, ou quando parecem fitar-me, lá do alto.
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