Escada
Portalegre, Dezembro de 2018
Foi junto a um degrau do caminho que quase tropecei numa Elaphe scalaris, também conhecida como Rhinechis scalaris, ou Zamenis scalaris (Schinz, 1822). Estava tão quietinha que cheguei a pensar que estivesse morta, que é o estado em que costumo encontrar os ofídios. Mesmo assim, achei-a tão bonita, sem entranhas à mostra, que resolvi fotografá-la. Mal me virei para tirar a câmara da mochila, ela mexeu-se e foi enfiar a cabeça nas ervas. Ainda tentei explicar-lhe que parecia um gato escondido com o rabo de fora, que assim não enganava ninguém, muito menos os neo-adolescentes que andavam no parque a rebelar-se activamente contra os conteúdos curriculares de Educação para a Cidadania, mas ela fingiu que não estava a ouvir, pelo que tive de a empurrar delicadamente com o pé. Ela lá se decidiu e deslizou pachorrenta, desaparecendo por entre a vegetação rasteira.
Cabe aqui explicar que o nome de cobra-de-escada lhe advém, não de uma preferência por habitat em socalcos, mas devido ao padrão em forma de escada que exibe enquanto jovem, e que se esbate, progressivamente, até restarem apenas as duas riscas longitudinais do dorso.
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