Liberdade








Lisboa, Novembro de 2023

No dia 8 de Novembro, foi inaugurado o novo mural da Avenida de Berna, na parede da NOVA FCSH onde antes esteve este, que o tempo desvaneceu.
Referido como uma renovação do mural anterior, o actual foi executado pelas artistas Tamara Alves, MOAMI, Petra.Preta (Sara Fonseca da Graça) e Mariana (Margarida) Malhão, também do colectivo Underdogs. E se, em 2014, se comemorava os 40 anos da Revolução dos Cravos, agora a inauguração do Mural Salgueiro Maia foi enquadrada nas celebrações do 45.º aniversário da FCSH e dos 50 anos do 25 de Abril.
O texto curatorial da obra, desenvolvido pela plataforma Underdogs, reza assim (retirado daqui):

Para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, quatro artistas mulheres portuguesas foram convidadas a combinar as suas diversas linguagens visuais para desenvolver um só mural. A oito mãos, elas criaram juntas uma obra sobre o passado, o presente e o futuro do país.
A artista Tamara Alves é responsável pela pintura realista do Capitão Salgueiro Maia a partir da célebre fotografia a preto e branco capturada por Alfredo Cunha, o maior fotógrafo do 25 de Abril. O olhar tranquilo e compenetrado que naquele momento encarava a câmara fotográfica está agora voltado para nós.
A figura masculina de Salgueiro Maia será para sempre a cara da Revolução. Mas foram várias as protagonistas femininas que lutaram e resistiram durante esse período. De maneira a enaltecer a figura sistematicamente silenciada da mulher na História, a artista Sara Fonseca da Graça representa personagens preponderantes dos movimentos de libertação das ex-colónias de Portugal.
"Existe uma tendência para o foco na figura masculina, que dominava o cenário bélico, político e económico da sociedade portuguesa, enquanto a figura da mulher ainda permanece no anonimato. A mulher teve uma participação activa na luta pela liberdade, dentro do seu papel de género, mas também transgredindo as normas da sociedade para o que era esperado do seu papel social. Desde trabalhar nos campos para manter a comida no prato, a cuidar de órfãos da guerra, até a participar desta, de arma na mão", conta a artista.
O plano de fundo – porém não menos importante – do mural, é banhado pelas cores vibrantes de Moami, que nos traz texturas inspiradas tanto na filigrana portuguesa como nos padrões visuais de culturas africanas. Como se sabe, a Revolução dos Cravos colocou fim às guerras coloniais de Portugal, e Moami celebra a harmonia entre esses povos ao mesclar e fundir as suas referências visuais.
Margarida Malhão é a responsável pela criação das silhuetas brancas que aparecem recortadas no fundo alaranjado. Estas figuras anónimas representam a força do povo unido. De mãos dadas, diversas camadas da sociedade portuguesa lutaram e celebraram a transição da opressão, sofrida por décadas, para a liberdade. O cravo simboliza a ideia de rompimento e os braços erguidos personificam a identidade colectiva como força transformadora.

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