Mémoire future (17)
Genebra (Suíça), Dezembro de 2006
A homenagem pública mais impressionante que encontrei em Genebra foi o Monumento de Brunswick. Consiste num imponente mausoléu em mármore de Carrara e pedra de Verona, construído, em 1879, para albergar os restos mortais do Duque de Brunswick, falecido na cidade, em 1873.
Carlos II foi duque de Brunswick (Brunsvique, em português) entre 1815 e 1830. Na prática, por ser ainda criança quando lhe morreu o pai, só conseguiu autorização para exercer o poder ao completar 19 anos, no dia 30 de Outubro de 1823. Até aí, a regência foi exercida pelo seu tutor legal, o futuro Rei Jorge IV do Reino Unido, então Regente do Reino Unido e de Hanôver, primo direito do seu pai e casado com uma sua tia paterna.
Karl Friedrich August Wilhelm era um homem culto, grande linguista, cavaleiro, xadrezista, amador de música, e um bom investidor, que conseguiu construir uma enorme fortuna. Porém, revelou-se politicamente pouco hábil: ao tentar reverter a constituição aprovada durante a sua menoridade, que limitava os seus poderes, território e rendimentos, criou conflitos com a Casa de Hanôver e com a Confederação Germânica. Forçado a ceder nos seus intentos, não se livrou, contudo, da fama de autoritário, corrupto e mau governante, tendo de fugir de um levantamento popular que pretendia ver o governo nas mãos do seu irmão mais novo. Viveu exilado entre Paris e Londres, sempre a reclamar os seus direitos e a processar quem o incomodava. Em 1870, após o início da Guerra Franco-Prussiana, mudou-se para Genebra.
Revoltado com a sua família, e estando já com a saúde debilitada, redigiu um testamento segundo o qual a sua imensa fortuna reverteria para a cidade de Genebra, na condição de lhe serem prestadas memoráveis honras fúnebres e de ser erigido em sua memória, em lugar nobre da cidade, um sumptuoso mausoléu, à imagem dos túmulos dos Scaligeri, em Verona. Numa cidade protestante e avessa a actos ostentatórios, a última vontade do Duque gerou celeuma, mas o valor em causa falou mais alto. O monumento foi, finalmente, construído pelo arquitecto Jean Franel, em 1879, no Jardim dos Alpes, de frente para o Lago Léman. Quando foi erigido, o mausoléu era encimado por uma estátua equestre de Carlos II, que teve de ser apeada, em 1890, devido a problemas estruturais do monumento.
Genebra (Suíça), Dezembro de 2006 e Janeiro de 2007
Outra grande homenagem foi feita pela cidade ao seu filho dilecto, o escritor e filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). O monumento consiste de um pedestal em pedra encimado por uma estátua em bronze, concebida pelo escultor James Pradier. Foi inaugurado em 1835, no centro geográfico de Genebra, a Ilha das Barcas, no rio Ródano, desde então rebaptizada com o nome de Ilha Rousseau.
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