Terreiro dos Bijos






Castelo de Vide, Outubro de 2024

Podia faltar-lhe uma letra, mas não falta. O nome vem-lhe da família Bijos, nobre, de origem provavelmente espanhola, talvez judaica. Contudo, em 1668, António Carrilho Bijos identifica-se como cristão velho, no requerimento que dá abertura ao seu processo de habilitação para familiar do Santo Ofício.



Gabinete de curiosidades


Cairo (Egipto), Agosto de 2024

Há muito tempo, escrevi aqui um pequeno texto, intitulado "Estes romanos são loucos!", no qual reflectia sobre as diferenças culturais e sanitárias com que me ia confrontando nas minhas viagens. Vinte anos depois, considerei um segundo capítulo, mas o título pareceu-me ainda mais etnocêntrico do que antes (o Sr. Astérix que me perdoe). Assim, decidi enveredar por um conceito datado, mas capaz de abarcar todo o bricabraque que vou recolhendo.
Vem isto a propósito da minha recente viagem ao Egipto. Anteriormente, à excepção do excesso de batatas nas ementas da Europa Central, pouco houve que me surpreendesse ou incomodasse. Contudo, ao mudar abruptamente de continente e de cultura, as pequenas diferenças nos objectos do quotidiano (mesmo em ambientes Western friendly) começaram a insinuar-se e a ocupar-me tempo e atenção. E, tal como tinha sucedido no Japão, tudo principiou na casa de banho.



As duas imagens acima retratam a sanita do meu quarto de hotel no Cairo. À primeira vista, tudo normal, em forma e função, até ter reparado no orifício metálico na parede interior traseira, mesmo abaixo do rebordo. A pulga saltou detrás da orelha ao aperceber-me de uma maçaneta, do lado direito do utilizador, que não tardei a experimentar: um jacto de água, mais mecânico e elementar, mas quase tão bom como um tampo TOTO. Muito útil, num país onde a gastronomia e a água pouco potável nos proporcionam frequentes oportunidades de o apreciar.
Já em Hurgada, uma sanita idêntica era complementada por um bidé muito curioso. Em geral, é um equipamento a que dou bastante uso, em férias balneares, mais precisamente, para enxaguar fatos de banho. Porém, este causou-me desde logo estranheza, por não conseguir perceber onde ficava a saída da água: tinha um manípulo misturador, mas sem boca de torneira. Só depois reparei na peça metálica no fundo da bacia, que se transformou em géiser, a um ligeiro toque no manípulo. Foi assim que fiquei fã da sanita a jacto; já o bidé, nem me atrevi mais a dar-lhe uso.


Hurgada (Mar Vermelho, Egipto), Agosto de 2024

Outra coisa curiosa, mas esperada, foi um autocolante no tecto do quarto, no Cairo, indicando a quibla, ou seja, a direcção de Meca, para que os fiéis saibam para onde se virar durante a oração.



Já o que eu não esperava era uma diferença tão grande na forma dos algarismos. Ingenuamente, pensava que o meu desconhecimento das letras seria compensado pela familiaridade com os números árabes. Errado: o Egipto usa os algarismos arábicos orientais, bastante diferentes dos nossos. Valeram-me os poucos casos que encontrei de "transnumeração".




Cairo (Egipto), Agosto de 2024

Entre as surpresas agradáveis, conto a descoberta da Schweppes de romã, entre as muitas variedades de refrigerantes da marca. Ao que parece, já chegou também à Europa, onde ainda não me cruzei com ela. Deste Verão, no Velho Continente, só retenho a experiência desagradável de uma Coca-Cola com sabor a pipocas, na Alemanha. A evitar, a todo o custo.


Assuão (Egipto), Agosto de 2024