Pormenores da Cidadela
Cairo (Egipto), Agosto de 2024
A Mesquita de Alabastro, construída ao estilo otomano, consiste numa sala de orações e num pátio aberto (sahn). O pátio é quadrado, mede 50x50 metros e está rodeado por quatro arcadas (riwak) erguidas sobre pilares e cobertas por cúpulas encimadas por crescentes. As arcadas são forradas a alabastro, e as cúpulas, a chumbo.
No centro do pátio, encontra-se a cúpula de ablução, construída em 1844. Ergue-se sobre oito colunas de mármore e ostenta arcos que formam um prisma octogonal, com uma aba com decorações em relevo. O interior da cúpula está decorado com gravuras que representam cenas naturais e cobre uma fonte octogonal em alabastro. De cada um dos lados da fonte, há duas bicas metálicas e dois assentos de mármore, que os fiéis podiam ocupar para fazerem a sua lavagem ritual (wudu), antes de entrarem na sala de orações. Actualmente, a fonte não está em funcionamento, consistindo apenas numa atracção turística.
A fonte está decorada com motivos vegetalistas, entre eles, cachos de uvas, num estilo oitocentista de inspiração europeia. O topo da fonte, contudo, ostenta um crescente em mármore, e os lados exibem placas pintadas e douradas com um padrão colorido gravado em escrita persa.
A meio da arcada poente do pátio, há uma torre de cobre perfurado, decorada em gravura e vidro colorido, com três metros de altura. No seu interior, encontra-se um relógio de carrilhão que foi presenteado a Muhammad Ali Pasha pelo Rei de França, Luís Filipe I, em retribuição pela oferta do Paxá, em 1830, dos dois obeliscos de Ramsés II que se encontravam em frente ao Templo de Luxor. Curiosamente, enquanto os franceses mantêm esta versão da história, as autoridades egípcias garantem que a oferta francesa precedeu a do Paxá. Seja como for, dos dois obeliscos, apenas um foi transportado para França (o segundo manteve-se no lugar, tendo o Presidente François Mitterrand renunciado definitivamente à sua posse, em 1981), e ainda hoje cumpre a sua função decorativa na Place de la Concorde, em Paris. Já no Cairo, o presente francês tornou-se tema de anedotas, visto que, desde a sua instalação, em 1845, nunca funcionou, apesar das contínuas tentativas de conserto. Após o último fracasso, já no corrente século, o Ministério do Turismo e Antiguidades solicitou a intervenção da França nas obras de renovação e reparação da torre e do relógio, que, aparentemente, voltou a funcionar, em Abril de 2021.
Perto da mesquita, na direcção do Sul, encontra-se o Palácio Al-Gawhara, também conhecido como Palácio Bijou. Nomeado em homenagem à última das suas esposas, Gawhara Hanim, foi mandado construir, em 1814, por Muhammad Ali, para albergar a sua administração, para receber e alojar os seus convidados e para ser a sua residência particular. Por isso, o Paxá quis que o palácio fosse luxuoso e magnífico. Foi concebido e construído por artistas e artesãos contratados de vários países, além do seu arquitecto pessoal, o francês Pascal Coste. Reconstruído após incêndios destrutivos, no século XIX (1822 e 1824, e ainda em 1972), o palácio combina elementos dos planos palacianos otomanos e europeus, separando os aposentos privados da família das áreas de recepção. O programa ornamental inspira-se fortemente nos modelos europeus.
Quando perdeu as suas funções, o palácio foi convertido num museu da herança islâmica, onde são exibidos presentes para a dinastia Muhammad Ali, pertences pessoais e artefactos raros, como o trono de Muhammad Ali Pasha, oferecido pelo rei italiano, e um enorme lustre, de 1000 kg, presenteado pelo Rei Luís Filipe I de França. Os seus jardins proporcionam as melhores vistas sobre a cidade antiga, as Pirâmides e o Nilo.
As traseiras do Palácio comunicam com a Mesquita de Alabastro através do Jardim dos Leões, onde existe uma grande fonte em mármore com quatro estátuas de leões, que, actualmente, se encontra seca.
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