O Danúbio azul
Prova A
Prova B
O Danúbio não é azul. Pelo menos, nunca lhe vi tal cor. Não que não fosse já prevenida: a minha amiga Ana Margarida já me tinha avisado que, mito antigo ou poluição moderna, o rio era mais esverdeado.
Vi-o pelo primeira vez em Viena, em Agosto do ano passado, logo no segundo dia da minha estada ali. Tenho um certo fascínio pelos cursos de água em torno dos quais cresceram as grandes cidades (e pelos rios que correm por todas as aldeias). Em Viena, o Danúbio é uma referência incontornável. No primeiro dia, vi o canal, que atravessa o centro da cidade, mas, no dia seguinte, senti a necessidade de ir conhecer o rio.
O Danúbio é tudo menos azul: verde, geralmente, cinzento ou acastanhado, quando o tempo o exige. E exigiu-o muitas vezes, enquanto eu lá estive, que acertei em cheio num dos piores Agostos que a Europa central viveu nos últimos 100 anos, pelo menos. Mas isso é história para outra lareira...
É um rio impressionante, com um caudal largo e poderoso. Em Viena, está quase todo domesticado, canalizado entre margens trabalhadas, absolutamente paralelas. Mas guardo uma doce recordação de um fim de tarde na ilha, sentada à beira-rio, a ver o pôr-do-sol tingir a água de tons rosados...
Porém, o meu contacto com o Danúbio não se ficou pelas margens: num dia chuvoso, embarquei num hydrofoil com destino a Budapeste.
O trajecto faz-se por vários desníveis, compensados por comportas que, pontualmente, exigem paragens de cerca de 30 minutos, enquanto se faz a reposição do nível da água. A mais impressionante impõe uma descida de 18 metros.
O percurso é bonito, entre florestas, uma aldeia aqui, um castelo ali, uma cidade maior, de vez em quando, como Bratislava. Em território eslovaco, o rio recupera o seu estado selvagem, com margens irregulares e ilhotas, imenso e imponente. Mas continuava acinzentado, como o tempo, de resto.
Na Hungria, a paisagem fica magnífica: montanhas, montes, vales, tudo muito verde, Esztergom, Vác... e uma belíssima entrada em Budapeste, recebidos pelo inconfundível Parlamento (que se confunde imenso com o londrino) e pela Ponte das Correntes (Széchenyi lánchid).
Também em Budapeste, o rio é incontornável. Aconselho vivamente os passeios pelas muitas pontes, de dia ou de noite. Se algum dia o virem azul, não se esqueçam: tirem-lhe o retrato e enviem-mo, que isso era algo que eu gostava de ver... Eu e a minha amiga Ana Isabel, grande companheira de viagens, para quem deixo aqui um grande beijinho.
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