O lugar da História
Não visitei muitas ilhas gregas, muito turísticas, muito apetecíveis, mas posso gabar-me de ter ficado a conhecer razoavelmente bem a Grécia continental.
Lembrei-me, frequentemente, de ter ouvido os meus professores de História dizerem que o que levou os antigos gregos a viajarem e a dedicarem-se ao comércio e à navegação foi o facto de terem um país montanhoso, com solos pobres (em certa medida, o mesmo que se passou com os portugueses). De facto, a Grécia é um país com uma geografia muito acidentada, com paisagens deslumbrantes, sobretudo por ser fácil vislumbrar o mar de quase qualquer ponto do seu território. Mar e ilhas, que são imensas.
A minha amiga Marisa, que, curiosamente, me precede na maior parte das viagens, avisou-me: «Primeira paragem: estádio olímpico: tiras fotografias. Segunda paragem: estádio olímpico: tiras fotografias. Terceira paragem: estádio olímpico: já nem te dás ao trabalho. Chegas a um ponto que deitas estádios olímpicos pelos olhos!». Efectivamente, o que provoca o primeiro impacto e o que cansa mais depressa são os vestígios arqueológicos, que os há, literalmente, por todo o lado, uns mais bonitos, mais bem preservados e menos pilhados que outros. Incontornáveis (justamente classificados como património da humanidade), a Acrópole de Atenas, o santuário de Delfos, o teatro de Epidauro, a cidade de Micenas. Todos reconstruídos como construções Lego. O teatro de Epidauro impressiona pela paisagem magnífica e pelo facto de ainda se encontrar vivo e em funcionamento. Delfos, pela vista deslumbrante sobre o Mar das Oliveiras (um imenso olival). Já Cnossos, em Creta, é conhecido como a Disneylândia dos arqueólogos.
Impressionantes, todos estes vestígios do passado. Mas o que mais me marcou foi a convivência de diferentes culturas e, em particular, o meu primeiro contacto com a arte bizantina e com a religião ortodoxa. Só Tessalónica conta com cerca de uma centena de igrejas e basílicas (património da humanidade), mas o mais fenomenal é o complexo de Meteora: cerca de 20 mosteiros medievais (6 ainda em funcionamento) encarrapitados em cima de umas formações geológicas estranhíssimas, que se assemelham a imensas estalagmites no meio da planície da Tessália. Belíssimo, também, o mosteiro de Osios Loukas, a cerca de 150 Km de Atenas.
Mas os traços da História, na Grécia, não se ficam por aqui: além das civilizações pré-helénicas, helénica, romana, bizantina, por lá passaram e deixaram marcas os turcos, os cruzados, os venezianos, os ingleses (bom, estes não deixaram marcas, levaram-nas com eles...) e por aí fora. Como resultado, um país jovem (a independência foi conseguida em 1828, depois de séculos de invasões e domínio estrangeiro), produto de múltiplas influências culturais, que, juntamente com a situação geográfica privilegiada, o Sol e o Mediterrâneo, o tornam um dos destinos turísticos mais procurados da Europa.
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