Lembranças do Rio de Janeiro (II)

Nunca me senti verdadeiramente insegura no Rio de Janeiro, talvez por ter tomado toda uma série de precauções: não usar adornos, relógio, roupas ou calçado de marca, ocultar a máquina fotográfica e a carteira. Mas lembro-me da ansiedade que nos causou uma saída mais demorada da Susana e da Otília, que, um serão, nos disseram que iam ao supermercado, coisa de 10 minutos, e só voltaram ao fim de uma hora.
Uma tarde, a caminho da praia de Ipanema, presenciámos uma cena de rua em que uma mulher discutia com um polícia à paisana que levava pelo braço um adolescente que, alegadamente, teria roubado na praia um par de chinelos de dedão. Coisa pouca.
Impressionante era a quantidade de graffiti e pichamentos em tudo quanto era parede. Para mais, como é uso corrente proteger as janelas com grades, estas serviam de pontos de apoio, pelo que todos os edifícios estavam marcados até à altura a que os autores conseguiam chegar: 1º, 2º andar... Cheguei a ver uma igreja cujas esculturas e baixos-relevos permitiram aos moleques trepar até ao topo!
Mas verdadeiramente marcantes foram as silhuetas das crianças caídas no massacre de 23 de Julho de 1993, junto à igreja da Candelária, desenhadas no chão a tinta vermelha e rodeadas de velas e flores.


Mais uma vista do Pão de Açúcar

2 comentários:

Anónimo disse...

Talvez v seja muito jovem e não tenha visto Lisboa em 1977. Não havia UMA parede onde se pudesse ainda escrever um graffiti ou pichamento. Isso em função da Revolução de três anos antes. Nem degraus escaparam a tais pichamentos.

Teresa O disse...

Vi, sim, senhor, e lembro-me muito bem (até ajudei a fazer alguns...), mas garanto que nunca tinha visto nada como no Rio, pelo menos em quantidade!