Plitvička jezera

De há uns tempos para cá, andava quase a arrepender-me de ter ido à Noruega, ou pelo menos de já lá ter ido. Começou a fazer sentido para mim aquela máxima que diz «ver x e morrer». Há experiências que não devemos ter cedo de mais, sob pena de vivermos permanentemente insatisfeitos, a resmungar comparações com glórias passadas. A Noruega foi tudo aquilo que eu esperava que fosse: um bálsamo para a alma. Aquela conjugação de montanhas, florestas, glaciares e fiordes foi a paisagem mais bonita que eu alguma vez vi. Daí para a frente, tudo se tornou pequenino, insatisfatório, e eu passei a desconfiar de todas as ofertas, por mais apelativas que fossem.



Foi com um pé atrás que fui conhecer os lagos Plitvice. Tinham dois pontos a favor: a classificação como património da Humanidade e a localização numa das zonas mais perigosas da Croácia, bem no meio do território da Krajina, onde começou a guerra da independência, em 1991 (que, como todas as guerras dos tempos modernos, ninguém sabe quando acabará, se tivermos em conta a quantidade de minas que os sérvios por lá deixaram espalhadas).



Cerca de 30 mil hectares de montanhas e florestas, 16 lagos turquesa-irreal, dezenas de quedas de água, libelinhas azul-eléctrico, cardumes de peixes a nadarem numa água límpida, que oferece o espectáculo de fundos de vegetação petrificada, enfim, convenceram-me. Nem o calor nem os turistas me demoveram de lá passar uma tarde e um dia inteirinhos.



O parque nacional está muito bem organizado, com equipamentos novos e os percursos quase todos reconstruídos. Propõe várias caminhadas, de duração e dificuldade variáveis, com trechos opcionais de barco e comboio, incluídos no bilhete de entrada.



Os lagos Plitvice são bem servidos por autocarros, que operam as ligações de Zagreb com o sul do país. O parque gere os 4 hotéis e o parque de campismo, mas a toda a volta (vimos depois) há uma enorme oferta de sobe (zimmer-rooms-camere) particulares, como por toda a Croácia. Quando pretendemos fazer as reservas, poucos dias antes da partida, já só havia disponibilidade no parque de campismo. Ficámos num bungalow simpático, num parque também ele novinho e bem equipado, com ligação diária, de autocarro, ao parque nacional, a cerca de 7 km de distância. Bem medidos, que no primeiro dia, inconscientes, resolvemos fazer a pé, sob um sol tórrido, por curvas intermináveis de alcatrão escaldante. O parque de campismo tem outro aliciante: uma praia fluvial, que aproveitámos devidamente nos finais de tarde.
E pronto, o Sognefjord já não está sozinho no meu quadro de honra, e mantém-se viva a minha esperança de continuar a encontrar o espanto da Natureza, por essas curvas do mundo fora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu também estive lá; considero k a haver paraíso, os Lagos Plitvice são o paraíso na Terra; só lamento as imagens não estarem acompanhadas do cantar da água correndo de cascata em cascata, dos sons da natureza, do ambiente de calma e serenidade que aí se respirava. Agradecer ao Criador por toda aquela beleza e ser uma privilegiada que a visitou é obrigação minha e de todos que tiveram oportunidade de conhecer o local

Traveholica Anónima disse...

Ando apaixonada por este lugar há um ano mas ainda não consegui ir conhecer este lugar. Obrigada por partilhares a tua viagem e as imagens... :)