A linha que nos separa (XI)


Marvão, visto da fronteira, junto a La Fontañera (Valencia de Alcántara, Espanha),
Maio de 2012


À falta de disponibilidade para variar, pode-se aprofundar o que já se conhece. Até porque o conhecimento é muito relativo, e é sabido que nunca chegamos a conhecer nada verdadeiramente bem, que há sempre novos ângulos que podem ser explorados. A fronteira é assim, com os seus marcos semeados pela paisagem, como as pedrinhas brancas do Hänsel: há sempre um mais além.
Desta vez, calhou voltar a La Fontañera e, aproveitando uma aberta num dia chuvoso, revi velhos conhecidos e fui em busca de novos. Assim, ao 683A, ao 683, ao 682bisA, ao 682bis e ao 682E, pude juntar o 682D e o 682C. E aperceber-me, empoleirada nas rochas, da beleza da paisagem, com vista até Marvão, e da vontade que tinha de continuar por ali fora, não fora a chuva voltar a atacar forte e feio.
Foi assim que os (re)encontrei, alinhados de sul para norte:







O 682bisA, o marco da polémica, caiado de novo e com o cimento retocado. Desta vez conversámos com a actual dona da casa, que nos disse estar a par da história: em tempos, a casa ficava em Espanha e o anexo em Portugal; depois veio a dona que mudou o marco. Quando ela comprou a casa, já a documentação legal situava a propriedade toda em Espanha. E, até agora, ninguém se queixou.
O mais curioso nesta história é que o dito marco me parece, assim a olho nu, minimamente alinhado com os seus pares (e são dois de cada lado, todos muito próximos). Das duas uma: ou foram mudados mais marcos ou a história não passa disso mesmo (ou eu é que tenho de lá voltar com uma fita métrica).





O 682E é o último junto ao casario, depois é subir pelas pedras e ir tentando avistar os seguintes pelas rochas fora. O 682D não fica longe e dele vê-se o 682C.









Este selo, cravado na pedra do marco 682C, foi a primeira vez que o vi:



Entretanto, recomeçou a chover e voltei para trás. Hei-de lá voltar para procurar o 682B.


(mapa retirado daqui)

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