Papa-unescos (XVII)


Kotor (Montenegro), Agosto de 2005

(46) Obras venezianas de defesa dos séculos XVI e XVII: Stato da Terra - Stato da Mar ocidental (Croácia e Montenegro)

É como eu costumo dizer: é deixá-los pousar. E, desta vez, o Comité do Património Mundial da UNESCO, na sua 41.ª sessão, em Julho passado, em Cracóvia, decidiu inscrever na lista, com o número 1533, duas fortalezas pelas quais eu passei. Curiosamente, ficam ambas em cidades que já tinham património classificado, e que eu já tinha elencado aqui, a saber, a região natural, cultural e histórica de Kotor, em Montenegro (o meu número 28, 125 da UNESCO, desde 1979), e a Catedral de São Tiago, em Šibenik, na Croácia (o meu número 8, 963 da UNESCO, desde 2000).
Desta vez, o Comité decidiu classificar um conjunto de fortalezas e cidades fortificadas em Itália, Croácia e Montenegro, entre os quais a cidade fortificada de Kotor e o Forte de São Nicolau, em Šibenik.
Kotor ou Cátaro (historicamente conhecida pela designação italiana de Cattaro, do veneziano Càtaro) é uma cidade simpática, com vista para uma baía linda e com um centro histórico muito bonito que beneficiou de uma ampla reabilitação, após a destruição causada pelo terramoto de 15 de Abril de 1979. A cidade antiga está rodeada por uma imponente cintura de muralhas, construída pela República de Veneza, à qual a cidade se uniu, no século XV, para poder contar com a sua protecção contra as investidas do Império Otomano. As muralhas permanecem hoje bem conservadas e podemos vê-las a serpentear pelas rochas, monte acima. É um enorme sistema defensivo, contendo muralhas, torres, cidadelas, portões, bastiões, fortes, cisternas, um castelo e outros edifícios e estruturas auxiliares. Na realidade, foi incorporando elementos de diferentes épocas, desde o domínio romano ao austríaco. O seu baluarte mais imponente é a torre Kampana, que, como o próprio nome indica, parece um enorme sino.







O Forte de São Nicolau (Utvrda sv. Nikole, em croata, ou Tvrđava Sv. Nikole, que as línguas de casos são um problema, sobretudo para quem não as domina) é a única das fortalezas de Šibenik que fica no mar, à entrada do porto da cidade, mais precisamente na ilha de Ljuljevac, no lado esquerdo da entrada do canal de Santo António (Sv. Ante). Em terra firme, estão situadas as restantes fortalezas que constituem o sistema defensivo da cidade: os fortes de São João (Tvrđava Sv. Ivana), do Barão (Tvrđava Barone) e de São Miguel (Tvrđava Sv. Mihovila), também conhecido como Castelo de Santa Ana. Este último é o mais antigo, e, a bem da verdade, o único que visitei e de onde tive uma vista fabulosa da cidade, da Catedral de São Tiago, do Canal de Santo António e das muitas ilhas que se estendem no horizonte, até ao Mar Adriático. Imagino que o Forte de São Nicolau fique numa daquelas que a minha vista alcançou, lá de cima, perdidas na névoa de uma tórrida tarde de Verão.


Šibenik (Croácia), Julho de 2005

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