A passagem das horas




Estação ferroviária de Entrecampos, Lisboa, Janeiro de 2019

A passagem inferior pedonal oeste da estação ferroviária de Entrecampos é suficientemente abrigada e discreta para ser alvo de pichagens variadas. Foi por isso que, em 2013, a Refer encomendou à artista plástica Ângela Menezes um mural que desse nova vida à longa parede, que já fora branca. A autora desenvolveu, então, um projecto em colaboração com a fotógrafa Paula Barbosa, que consistia em entrevistar, fotografar e pintar a preto e branco, na parede, os utilizadores da passagem. No mural, de que mostrei alguns pormenores aqui, foram representadas 111 pessoas: passageiros, funcionários da estação, maquinistas dos comboios, transeuntes, habitantes do Bairro do Rego, "explorando um conceito de afinidade colectiva com o local".




4 de Novembro de 2017

Quatro anos depois, o mural estava completamente desvirtuado com novas pichagens e graffiti não autorizados. Assim, a Infraestuturas de Portugal (IP) encetou uma acção de requalificação do espaço, que incluiu novo projecto de arte urbana da autoria de Ângela Menezes, intitulado "Passagem das Horas".




















25 de Novembro de 2017

A intervenção foi desenvolvida sobre o mural realizado em 2013, perpetuando as diferentes "camadas de memória que se sobrepõem". O painel central é dominado pela frase "Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei", retirada do poema "Passagem das horas", de Álvaro de Campos. "Nas paredes envolventes, sobre silhuetas, sobressaem extractos da obra poética de Fernando Pessoa, num exercício que procura simultaneamente ser um estímulo à participação do público, à leitura e à escrita."




Janeiro de 2019

Esta intervenção foi inaugurada no dia 12 de Dezembro de 2017. A autora pediu aos presentes que colaborassem na execução do mural, com a inscrição das suas mensagens, assim participando na construção e crescimento do mesmo.




Abril de 2019

Explica a IP: "Reflexo de sociedades que se querem cada vez mais criativas, dinâmicas e democráticas, a execução deste projecto visa também valorizar a proximidade entre as instituições e o meio cultural e artístico, fortalecendo o diálogo entre os cidadãos, e estimulando a 'apropriação' dos espaços por parte daqueles que dele usufruem, numa convivência entre serviço, funcionalidade, e manifestações artísticas".


Janeiro de 2019

Em Janeiro de 2019, esta intervenção viu-se enquadrada pela galeria ao ar livre em que consiste o projecto "A lata delas".

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