Igreja de Nossa Senhora do Amparo


Benfica, Lisboa, Dezembro de 2022

A Igreja Paroquial de Benfica tem uma história longa e atribulada, no decurso da qual habitou três diferentes edifícios. O templo actual, consagrado a Nossa Senhora do Amparo, começou a ser construído em 1750, com projecto de João Frederico Ludovice, o arquitecto do Convento de Mafra, que foi, nesse mesmo ano, nomeado Arquitecto-Mor do Reino por D. José I.
A construção da igreja foi muito acidentada, em parte, certamente, porque o projecto era dispendioso demais para uma população rural de umas 4000 pessoas, o que levou a diversas interrupções nas obras. Outros contratempos foram: a morte do arquitecto, em 1752, substituído pelo seu filho mais velho, João Pedro Ludovice, até ao falecimento deste, em 1760, que daria lugar, após longa pausa, ao mestre João Gomes, em 1780; e o Terramoto de 1755, que causou grandes danos no edifício em construção. Só em Setembro de 1809 se faria o arranque final das obras, sendo a igreja sagrada em Dezembro desse ano, apesar de os acabamentos continuarem ainda por várias décadas.

"Arquitectura religiosa, pombalina. Igreja paroquial de planta em cruz latina, composta por nave, pequeno transepto e capela-mor mais estreita, com coberturas interiores diferenciadas em falsas abóbadas de berço, pintadas com elementos decorativos, iluminada uniformemente por janelas rectilíneas rasgadas nas fachadas laterais e pelo janelão do coro-alto. Fachada principal harmónica, composta por corpo central rematado em frontão interrompido, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal de verga recta, rematado por frontão semicircular, e por janelão em arco de volta perfeita com moldura e remate em cornija. É flanqueado por dois panos, correspondendo aos corpos das sineiras, a esquerda nunca concluída, rasgada por janelas rectilíneas e com quatro sineiras de volta perfeita, assentes em impostas salientes, rematadas por friso, cornija, fogaréus nos ângulos, e cobertura em coruchéu bolboso. Fachadas flanqueadas por pilastras toscanas colossais, rematadas por friso e cornija, rasgadas por janelas rectilíneas e portas travessas de verga recta, rematada em cornija contracurvada, de inspiração borromínica. Interior com as paredes em apainelados pintados em marmoreados fingidos, que se prolongam superiormente nas abóbadas, seguindo o esquema das igrejas pombalinas, com janelas profundas. Coro-alto assente em estípides, contendo as pias de água benta, com as paredes laterais rasgadas por três capelas laterais, com retábulos tardo-barrocos. Confrontantes, púlpitos quadrangulares, com guardas plenas e acesso por porta, a partir dos corredores laterais. Transepto com capelas profundas no topo, a do Evangelho dedicada ao Santíssimo Sacramento. Arco triunfal de volta perfeita, flanqueado por portas de verga recta e apainelados, levando à capela-mor, onde se integra retábulo em cantaria, integrável nos modelos pombalinos, de planta recta e um eixo definido por duas colunas e contendo trono expositivo. No lado do Evangelho, a sacristia, com arcaz e lavabo oitocentista."




No baptistério, fonte baptismal de uma só peça e tela de Pedro Alexandrino, como quase todas as que decoram a igreja.







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