Pelourinho de Cabeço de Vide






Cabeço de Vide (Fronteira), Maio de 2012

No dia 1 de Julho de 1512, a vila de Cabeço de Vide tornou-se sede de concelho, por foral de D. Manuel, após o que foi erigido o Pelourinho. O concelho era constituído apenas pela freguesia da sede, até às primeiras reformas administrativas do liberalismo, quando lhe foi anexado o concelho de Alter Pedroso. Em 1855, perdeu a categoria de concelho e foi anexado ao município de Alter do Chão, até que, em 21 de Dezembro de 1932, a freguesia de Cabeço de Vide passou a integrar o concelho de Fronteira.

O Pelourinho, situado frente à Casa da Câmara, é monumento nacional. É feito de granito e tem na base uma plataforma quadrada com três degraus sobre a qual assenta o fuste octogonal. O seu capitel cónico com rebordo ostenta a Cruz de Avis no lado oposto ao das armas reais. A Casa da Câmara, o Pelourinho, a Cadeia e até a Forca, eram símbolos representativos da alforria da Vila ou Cidade com jurisdição própria. Cada um destes elementos tinha, além disso, funções práticas dentro dos quadros administrativo e judicial. A do Pelourinho, se, por um lado, foi a de simbolizar a autonomia judicial do Concelho, foi também a da execução prática da justiça aplicada pelos tribunais, no que respeita à aplicação de castigos que não envolvessem a pena de morte, daí a sua localização num sítio central do concelho.
"(...) O Pelourinho tinha quatro ferros cravados no cimo da coluna onde os "criminosos" eram pendurados por uma corda colocada por baixo dos braços; outras vezes eram amarrados à coluna. Era numa destas posições que eram expostos à irrisão popular e aos castigos físicos, que variavam consoante a gravidade do delito ou com os costumes do tempo. O Pelourinho de Cabeço de Vide perdeu a sua função com a cessação do Concelho, em 1855, mas perdura no seu posto, reparado agora das injúrias do tempo e dos lenhadores que teimaram, durante gerações seguidas, afiar, nos seus degraus, os machados da lenha e da tiragem da cortiça. É Monumento Nacional, não tanto pela arte do seu traçado arquitectónico, como pela vetustez e vigor dos seus granitos. Hoje, cumprida a sua missão histórica, descansa no sossego do Museu da Vila, que é todo o alto do morro."
O Pelourinho de Cabeço de Vide foi classificado como Monumento Nacional, em Junho de 1910, porém, em 1980, encontrava-se em completo abandono, muito arruinado. Em 2008, foi integrado numa Zona Especial de Protecção conjunta para os imóveis classificados e em vias de classificação do Centro Histórico da vila.
Estrutura com cerca de 4 m, em cantaria de granito, composta por soco de três degraus de planta quadrangular onde assenta coluna com base simples sobrepojada de dois bocelões, sendo o inferior ornado de relevos em trança. Fuste liso sextavado, de dois tambores. Capitel em forma de pirâmide cónica tendo nos lados dois escudos, figurando um as armas de Portugal e o outro as armas do concelho. A pirâmide é rematada por pequena pinha, e tem na base quatro ferros recurvos.
Segundo Luís Keil (Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Portalegre, vol. I, Lisboa, 1940), o Pelourinho era rematado por uma esfera armilar de granito, a qual, por ter caído, foi substituída por um espigão, também de granito. Metade da dita esfera armilar conservava-se, ainda em 1940, na Casa da Câmara.








Abril de 2023

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