Gevelstenen (3)




Amesterdão (Holanda), Agosto de 2023

As pedras de fachada perderam a sua função original no final do século XVIII, sob o domínio francês, quando Napoleão mandou introduzir o sistema de numeração das casas. Algumas pedras perderam, literalmente, a fachada, com a demolição dos edifícios, mas não se perderam, que a cidade logo lhes arranjou lugar numa espécie de comunidades murais. Há várias espalhadas pela cidade, mas eu só me cruzei com esta parede (aqui), que acolhe nove, uma das quais escondida pelo guarda-sol e que recuperei do Google Maps.
De seguida, as imagens possíveis das pedras na fachada, a partir das duas fotos acima, com ligação para a história de cada uma.


O Sol


A casa em Vreest


O pelicano


A família de Noé a caminho da Arca


A coroa imperial sustentada por dois mercadores


A leoa, o marco e o navio: um rébus alusivo à descoberta, por um navio da Compa-
nhia Holandesa das Índias Orientais (VOC), do Cabo Leeuwin, na Austrália



A Lua


A broca, usada na construção civil e naval


A bóia de sinalização (pormenor de imagem daqui)

Esta parede faz parte da rota das pedras de fachada do centro medieval da cidade (De Wallen).

Quelha da Burra




Aigra Nova (Góis), Novembro de 2023

Uma escapadinha de fim-de-semana por terras de xisto.

A liberdade passou por aqui
















Castelo de Vide, Novembro de 2023

Primeira visita à Casa da Cidadania Salgueiro Maia, inaugurada no dia 1 de Julho de 2021, data do 77.º aniversário do Capitão de Abril.
É um espaço muito agradável que fica dentro do castelo da vila e que foi renovado, modernizado e adaptado para receber o espólio de Salgueiro Maia, filho da terra à qual deixou os seus bens materiais em testamento.
Além do espaço expositivo e interpretativo dedicado às colecções do Capitão, visitámos a exposição "A Liberdade Passou Por Aqui", do grande Alfredo Cunha, com algumas das mais emblemáticas fotografias captadas por ele no dia 25 de Abril de 1974, em Lisboa.

Castelo de Terena (2)










Terena (Alandroal), Outubro de 2023

Contornando a vila e o seu castelo, através dos campos em redor.

Para uns são alegrias (32)


Castelo de Vide, Novembro de 2023

Este marco ostenta uma identificação de fábrica semelhante à daquele que vi na Golegã. Na altura, só consegui ler "Empreza Industrial", pelo que não pude descobrir a sua proveniência. Agora que encontrei este, percebo que o da Golegã tinha ficado semi-enterrado pelos arranjos da calçada: aposto que dizia "Empreza Industrial Portugueza Lisboa - 1918". Isto porque até a númeração é muito próxima (698 e 700), o que sugere que provieram de uma mesma encomenda.



Sobre a fábrica, consegui descobrir que "a Empresa Industrial Portuguesa era uma empresa de metalo-mecânica, particularmente vocacionada para a construção de grandes obras". Foi fundada, em Lisboa, em 1874, por João Burnay e fazia parte do grupo de empresas de Henrique Burnay. Era "a maior e mais importante fabrica portugueza de metallurgia", conforme afiançado por este anúncio, de 1911 (e pelos indicadores de dimensão, de 1917).



Produzia ferro fundido, em tubagem, e ferro fundido e forjado para diversas obras no mercado nacional (coberturas metálicas, barcos a vapor, pontes, tubagem e algumas máquinas industriais), importando ferro coado para fundição, cobre, latão, bronze e chumbo de Inglaterra, Espanha e Bélgica, e carvão de Inglaterra, para o que lhe valia a proximidade ao Porto de Lisboa.


Pavilhão da Empreza Industrial Portugueza, na Exposição Industrial Portuguesa,
na Avenida da Liberdade, 1888; foto do Estúdio Mário Novais, encontrada aqui.


Participou na Exposição Industrial Portuguesa de 1888 e, em 1899, considerou entrar no ramo da construção automóvel, para o que "convidou um engenheiro francês, Albert Beauvalet, para dirigir a concepção e o processo de produção de um automóvel nacional". Foi a primeira fábrica portuguesa a produzir aço, através do processo Bessemer, em 1905, e, a partir de 1914, foi a representante, em Portugal, do grupo "General Motors Overseas".
Teve o seu melhor momento durante a I Guerra Mundial, quando forneceu ferro, aço e armamento aos exércitos aliados. O pós-guerra revelou-se, no entanto, difícil para a indústria, pelo que, em 1920, foi integrada no grupo Companhia União Metalúrgica. Porém, em 1924, acabaria por encerrar as suas instalações em Alcântara.





Fontes:
- Mónica, Maria Filomena (1982). Indústria e democracia: os operários metalúrgicos de Lisboa (1880-1934). Análise Social, vol. XVIII (72-73-74), pp. 1231-1277.
- Pistola, Renato (2009). Alcântara, A Evolução Industrial de Meados do Século XIX ao Final da I.ª República. Dissertação de Mestrado, FCSH-UNL.
- O sempre indispensável "Restos de Colecção".
- O muito útil "Toponímia de Lisboa".

Amsterdam highlights: De Dam


Amesterdão (Holanda), Agosto de 2023

A Dam é a praça central de Amesterdão, no coração da sua zona histórica. Como o próprio nome indica, desenvolveu-se na localização original do dique no rio Amstel, construído no século XIII e em torno do qual cresceu a cidade. A zona tornou-se um centro de actividade comercial e governativa, como localização da doca, do mercado, da casa de pesagem, da câmara municipal e da bolsa de valores.
Com o aterramento parcial da foz do rio, no século XIX, a praça perdeu a frente de água, ficando rodeada de terra e, subsequentemente, de edifícios.





O edifício mais monumental da Dam é o Palácio Real. Foi construído, entre 1648 e 1665, em plena época áurea da cidade, para albergar a câmara municipal. O projecto, em estilo clássico holandês, foi da autoria do arquitecto e artista Jacob van Campen; a supervisão da obra, do arquitecto municipal Daniël Stalpaert; as esculturas, da oficina de Artus Quellijn. Um grande número de pinturas foi encomendado a Govert Flinck. Após a sua morte, uma tela de grandes dimensões foi comissionada a Rembrandt, mas acabou rejeitada. Entre os vários artistas que realizaram obras para aquele que foi, à época, o maior edifício não religioso da Europa, contam-se Ferdinand Bol, Jan Lievens, Nicolaes de Helt Stockade, Jan Gerritsz van Bronckhorst, Thomas de Keyser, Cornelis Holsteyn, Jacob Jordaens e Willem Strijcker.
O edifício albergou a câmara municipal até 1808, quando foi transformado em palácio real, para Luís Napoleão Bonaparte, eleito pelo seu irmão como Luís I da Holanda. É, hoje, um dos três palácios reais dos monarcas neerlandeses.



À direita do palácio, ergue-se a Nieuwe Kerk (Igreja Nova), construída, no século XV, em estilo gótico, para funcionar como segunda igreja paroquial da cidade, consagrada a Santa Maria e a Santa Catarina. Em 1979, foi cedida a uma organização cultural e, desde então, funciona como igreja cerimonial e espaço de exposições e recitais de órgão. A Nieuwe Kerk é o lugar de sepultamento dos heróis navais neerlandeses e foi o cenário do último casamento real, em 2002, e da investidura do actual monarca, em 2013.







Continuando, em sentido horário, encontramos na Dam outros edifícios de relevo e de renome: os grandes armazéns De Bijenkorf (construídos entre 1912 e 1915), o Grand Hotel Krasnapolsky (fundado em 1865) e o Monumento Nacional, um cenotáfio erigido, em 1956, para homenagear as vítimas neerlandesas da Segunda Guerra Mundial e dos conflitos armados e missões de paz subsequentes. À esquerda do palácio, e em sentido anti-horário, encontramos o museu de figuras de cera Madame Tussauds Amsterdam, fundado em 1970, e um museu da cadeia americana Ripley's Believe It or Not!, inaugurado em 2016.



É uma praça muito animada, com muitos turistas, pombos, bicicletas e eventos de todo o tipo.

Castelo de Terena


Terena (Alandroal), Outubro de 2023

Em posição dominante, no alto de um monte, o Castelo de Terena integrou a linha de defesa do rio Guadiana, juntamente com os castelos de Juromenha, Alandroal, Monsaraz e Mourão.
Foi classificado como Monumento Nacional, por Decreto de 2 de Janeiro de 1946.





Não se sabe ao certo a data da sua construção, mas pensa-se que poderá ter sido no século XIII, após a atribuição do foral à povoação, pelo cavaleiro-régio Gil Martins de Riba de Vizela e sua mulher, D. Maria Anes, em 1262. As fontes tradicionais afirmam que a fortificação da vila se deveu ao rei D. Dinis, todavia a versão documental atribui a obra a D. João I, monarca que integrou o burgo no Padroado da Ordem de Avis.
A fortificação sofreu várias obras ao longo dos séculos, sendo talvez a intervenção de maior relevo a ocorrida no período manuelino, em particular na entrada principal. O terramoto de 1755 provocou-lhe estragos consideráveis, que foram corrigidos, parcialmente, a partir de 1972, pela Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais.









De modestas dimensões, o castelo apresenta planta no formato pentagonal irregular, flanqueada por quatro torres semi-circulares (dispostas assimetricamente e apenas uma protegendo um ângulo da muralha) e três bastiões angulares.
Embora figurada por Duarte de Armas, não se conhece bem a primitiva entrada do castelo. O desenho do debuxador revela um acesso directo, protegido em ambos os lados por cubelos associados à torre de menagem, a meio de um dos panos da cerca. Porém, reconhecem-se hoje duas portas: a Porta da Vila, actual acesso ao castelo, de estilo manuelino, em cotovelo, com passagem através de dois grandes arcos de volta perfeita, com impostas marcadas e decoradas com bolas e entrelaçados; no lado oposto da muralha, a Porta do Campo, também denominada Porta do Sol ou da traição, entaipada durante as obras promovidas no final do século XVII, no âmbito das Guerras da Restauração, que apresenta ainda a primitiva estrutura dionisina, em arco apontado ao estilo gótico, ladeada por dois torreões de planta circular. Ao contrário do que era habitual, esta porta, a das sortidas, está voltada a Espanha.
A defesa do portão actual é complementada por uma pequena barbacã, de planta rectangular, cujo terraço ameado é alcançado por um adarve. A remodelação do conjunto do portão e da torre de menagem, cujo interior foi apalaçado na ocasião, é atribuída aos irmãos Diogo e Francisco de Arruda, por volta de 1514. A torre de menagem apresenta planta quadrangular, de dois pisos, com amplos compartimentos abobadados iluminados por seteiras cruciformes. É dotada de porta de capitelação encorada, balcões manuelinos, e é sobrepujada pelo sino de correr.