Santo Quintino (Sobral de Monte Agraço), Junho de 2024
A Igreja de São Quintino, ou Igreja de Nossa Senhora da Piedade, fica na freguesia de Santo Quintino, no município de Sobral de Monte Agraço, a 40 Km Noroeste de Lisboa.
"A igreja de Santo Quintino é um dos mais belos templos de arquitectura manuelina e renascentista. Mandada construir pelo rei D. Manuel I, em 1520, é considerada Monumento Nacional desde 1910. É visitada regularmente por estudantes e turistas rendidos à diversidade artística da azulejaria, pintura e escultura que apresenta.
Este templo de assinalável qualidade estética é, hoje, o resultado de várias intervenções feitas em diferentes épocas, que combinaram várias linguagens artísticas, desde o manuelino até ao renascimento, passando por reformas barrocas do século XVIII. Estes contributos fizeram dele um verdadeiro mostruário de azulejaria e de estilos arquitectónicos e artísticos distintos. No exterior, destaca-se o pórtico, envolvido por pilastras e por um frontão triangular e o arco, enquadrado por uma composição de vários elementos decorativos de estilo manuelino e renascentista. No nicho axial, ladeado por dois medalhões com os bustos do rei D. João III e de sua esposa D. Catarina, encontrou-se, em tempos, a antiga imagem de Santa Maria de Monte Agraço. Do lado direito do pórtico é percetível uma porta em arco quebrado entaipado que tudo indica ter pertencido a um anterior templo medieval, provavelmente dedicada ao culto de Santa Maria de Monte Agraço.
No seu interior, merecem um olhar atento os grandes painéis de azulejo do século XVII (silhar superior) e do século XVIII (silhar inferior) com um característico motivo de albarradas; os azulejos hispano-mouriscos da capela-mor e da capela de S. Pedro; a imagem da Nossa Senhora da Piedade, padroeira da Igreja; e, do período quinhentista, o invulgar púlpito de pedra; as imagens de Santo Quintino e de S. Pedro; o baptistério, um dos mais harmoniosos exemplares quinhentistas, da autoria de Simão Correia; e as cinco tábuas do início do maneirismo nacional, atribuídas ao Mestre de S. Quintino, e que são o que resta do desmembramento do retábulo maneirista da igreja."
"O portal principal é perifericamente delimitado por 2 pilastras sobre bases prismáticas quadrangulares, lavradas em meio-relevo nas 3 faces com grotescos dispostos verticalmente em candelabro, compondo-se de figuras fantásticas e semi-antropomórficas, flores e enrolamentos vegetalistas estilizados, golfinhos, aves, trifrontes, taças, cartelas, máscaras e meninos alados músicos. Encimam as pilastras capitéis quadrangulares com decoração de esferas e folhas, onde assentam pináculos vegetalistas e antropomórficos (cabeças aladas), superiormente torsos e rematados por florões. Dos capitéis arranca moldura superior do pórtico, em frontão angular, formando espécie de gablete decorado no extradorso com cogulhos de acanto. No vértice inscreve-se baldaquino que abriga imagem de vulto de Nossa Senhora da Piedade com o Menino sobre mísula vegetalista com 3 máscaras. O vão do portal é emoldurado por colunelos lisos sobre bases facetadas com capitéis vegetalistas, que superiormente formam arcos conopiais de segmentos interrompidos e vértices rematados por florões, sendo o inferior decorado com flores em botão e o superior sobreposto por arco trilobado de intradorso rendilhado e provido de contracurvas no extradorso, formando losangos curvilíneos rematados por florões onde se inscrevem rosetas quadrangulares. A arquivolta, sobre bases cilíndricas com cabeças aladas, é igualmente decorada com grotescos: figuras fantásticas, aves, putti, volutas, cornucópias, taças, golfinhos e 2 cabeças aladas cujas asas se unem no fecho. Nas enjuntas do arco, sob o gablete, 2 medalhões circulares de moldura vegetalista com bustos (feminino à esq. e masculino à dir.)."
"Na fachada principal, à direita do portal, um arco quebrado cego de moldura chanfrada sem qualquer função aparente em termos estruturais ou de acesso ao interior, aponta para um testemunho arquitectónico da existência de uma igreja anterior à campanha de obras manuelina, sendo que as Inquirições de D. Afonso III e as Visitações do século XIV referem uma igreja de Santa Maria de Monte Agraço cuja localização se desconhece, e que um alvará de D. Manuel autorizava a prática de festas "como antigamente se costumava fazer". Provável vestígio de templo precedente do manuelino são 3 capitéis do período românico-gótico encontrados no terreno circundante e arrumados no interior da igreja."
Sabe-se que, neste local, "
se instalaram alguns franceses desde o reinado de D. Afonso Henriques até ao de D. Dinis, com eles trazendo o culto de S. Quintino, de origem e devoção francesa, sendo esta a única freguesia portuguesa que tem como orago este santo, emparelhando com o de Nossa Senhora da Piedade".
Quanto ao mais, é uma "
igreja paroquial de características rurais de planta longitudinal de 3 naves escalonadas divididas por arcos formeiros a pleno centro sobre colunas, e cabeceira tripla comunicante, de influência mendicante".
"Planta longitudinal composta por corpo da igreja rectangular de 3 naves, cabeceira de 3 capelas escalonadas e comunicantes. A Norte, torre sineira quadrangular e capela adossada, a Norte e Sul. Massa horizontalizante de volumes articulados cobertos por telhados de 1, 2 e 3 águas. Frontespício orientado rematado em empena, tendo ao centro pórtico de arco conopial entre pilastras decoradas com grotescos unidas superiormente por espécie de gablete e encimado por óculo; à direita vão cego de arco quebrado. Torre de 2 registos com 4 sineiras de arco pleno, rematada por cúpula bolbosa entre fogaréus. Fachada Sul com 3 janelas, uma delas cega, e corpo da capela lateral. Cabeceira com janelas e fresta, coroada por platibanda, sendo a ábside reforçada por contrafortes postos em oblíquo, escalonados. Na fachada lateral Norte corpo da capela lateral com 2 janelas e portal em arco conopial no corpo da igreja."
Desta vez, não entrei.