Memória futura (28)


Ponte de Sor, Dezembro de 2025

José Nogueira Vaz Monteiro, a quem Ponte de Sor deve, entre muitos outros benefícios, o coreto, foi homenageado com um busto e o nome numa rua da cidade.









Sobre ele, encontrei a seguinte informação, também em contradição com a data de nascimento inscrita no pedestal:

"José Nogueira VAZ MONTEIRO, Benemérito, natural de Ponte do Sôr, nasceu a 10-08-1873 e faleceu em 1939. Era filho do Sr. Francisco Vaz Monteiro e de D. Margarida Rufina Nogueira Vaz Monteiro, já falecidos, e irmão de Margarida Vaz Monteiro de Matos e Silva e D. Ana Nogueira Vaz Monteiro, e tio de António Rodrigues Vaz Monteiro e Damião Soto Maior du Bocage. Foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia, cargo que exerceu com desvelado carinho e dedicação. Presidente por várias vezes e durante muitos anos da Câmara Municipal, deixou a sua passagem vincada por uma notável administração, que se traduziu em muitos e importantes melhoramentos para todo o Concelho e especialmente para a terra que o viu nascer.
Foi grande a obra que edificou como Presidente da Câmara Municipal: a ele se deve a construção de vários Edifícios Escolares no Concelho, um Mercado coberto na sua terra natal, o Jardim Público e as Avenidas e ultimamente o abastecimento de águas a Montargil e Ponte do Sôr, este último a inaugurar em breve.
A sua acção como Benemérito foi grande. Seguindo a tradição de sua família, mantinha uma cozinha, onde era fornecida comida aos necessitados, que ali iam mitigar a fome. Pobre que precisasse construir a sua casita, era certo pedir ao Sr. Vaz Monteiro os materiais necessários, que prontamente lhos dava.
Mais de 40 hectares de bons terrenos, nas margens do Rio Sôr, são hoje cultivados por gente pobre, a quem, gratuitamente, o mesmo Benemérito cidadão os cedeu. Provedor da Santa Casa, condoeu-se o seu coração generoso das acanhadas e deficientes instalações do seu Hospital. Mandou, por isso, com o apoio e a ajuda de sua irmã, D. Ana Nogueira Vaz Monteiro, construir um moderno Hospital, com todos os requisitos, e que é, indubitavelmente, um dos melhores da Província.
A Santa Casa era pobre, lutava com dificuldades tremendas, que a todo o momento podiam levar a sua direcção a encerrar as portas aos necessitados. O grande Benemérito ordenou a construção de um esplêndido e moderno Teatro-Cinema, e um bairro para funcionários públicos, alegre, higiénico, e o seu rendimento destinou-o à Santa Casa.
Carecia a sua terra de um Hotel condigno, que não a envergonhasse. Pois também o Sr. Vaz Monteiro meteu ombros a tal empresa; o Hotel fez-se, e constitui, sem dúvida, um dos maiores melhoramentos que legou a Ponte do Sôr. E não fica por aqui, ainda, a enorme lista dos benefícios que o ínclito cidadão prestou à terra que o viu nascer. A ele se deve, na maior parte, a restauração da "Filarmónica Pontessorense", a quem forneceu quase todo o instrumental e o fardamento. Como Presidente da Câmara, concedeu-lhe, também, o subsídio de 150$00 mensais. O "Rancho do Sôr", o glorioso agrupamento folclórico regional, deve, também, a sua existência a Vaz Monteiro.
Reconhecida, prestou-lhe Ponte do Sôr uma grande homenagem, traduzida numa quente manifestação popular e numa eloquente sessão solene de enaltecimento das suas grandes qualidades, a quando da inauguração do Teatro-Cinema e do Hospital "Vaz Monteiro". O Governo quis manifestar também a sua admiração ao ilustre Benemérito, concedendo-lhe a Comenda da Ordem de Benemerência. Ainda aqui Vaz Monteiro mostrou quão grande era a sua alma, pois recusou. A virtude não precisa de galardão." (Jornal A Mocidade, IV Ano, nº 294, Ponte de Sôr, 26 de Fevereiro de 1939; Director, Editor e Proprietário: Garibaldino de Oliveira da Conceição Andrade)



O busto, em bronze, foi realizado, em 1957, pelo escultor Pedro Anjos Teixeira (1908-1997), cuja assinatura figura ao lado do carimbo da fundição (Abreu & Filho, Lisboa), com menção ao método de produção (cera perdida).
Pedro Anjos Teixeira era filho do também escultor Artur Anjos Teixeira (1880-1935), imortalizado pela Estátua da República (1916) que domina a Sala das Sessões (Parlamento), no Palácio de São Bento, em Lisboa. Pai e filho distinguiram-se na criação de arte pública e deixaram extenso espólio, em exibição no Museu Anjos Teixeira, em Sintra.
Vaz Monteiro foi também homenageado numa placa no foyer do Teatro-Cinema que mandou construir.





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