Papa-unescos (VIII)
Roma (Itália), Junho de 2014
(39) Centro histórico de Roma (Itália)
Um dos mais belos do mundo, sem dúvida, e por isso está inscrito na lista desde 1980. Não podia deixar que me ficasse a pesar na consciência, tendo eu pela frente uma espera de várias horas, em trânsito entre Pisa e Lisboa. Assim, a primeira coisa que fiz, ao aterrar em Roma, foi dirigir-me ao balcão de informação turística, para pedir um mapa e alguns conselhos. O mapa, venderam-mo, que por ali não se brinca; as informações, deram-mas, de bom grado, mas com algumas reservas: podia chegar ao centro da cidade, de comboio, no entanto, a viagem ia custar-me cerca de meia hora para cada lado e 28 euros, ida e volta; perto da estação terminal não havia nada de relevante, mas a duas estações de metro ficava o Coliseu; era um risco, para quem tinha um avião para apanhar, eu que avaliasse. E foi o que fiz: esta conversa acabou antes das 13h30 e o meu voo estava marcado para as 19h25, mas já sinalizado com um atraso (que ainda viria a ser maior); olhei para o mapa, procurei os sinais com a direcção da estação ferroviária e pus-me a caminho.
No comboio, estudei o mapa e concluí que duas estações de metro não era distância que me fizesse mossa, que eu sou moça que gosta de andar. Assim, ao chegar, saí da estação, procurei a direcção que tinha decorado e deixei-me ir, desviando-me ao sabor dos motivos de interesse que sobressaíam por cima dos telhados. E foi desta maneira que descobri que, bem perto da estação, fica a Basílica Papal de Santa Maria Maior, um dos monumentos que foram tidos em conta na avaliação da UNESCO. A quantidade de bandeiras do Vaticano, nas janelas vizinhas, de barreiras e de carabinieri fizeram-me suspeitar de que não sairia de Roma sem ver o Papa. Dirigi-me a um dos agentes da autoridade e perguntei-lhe o que queria dizer aquele aparato todo, ao que ele me respondeu que, sim, o Papa era esperado para uma missa, às 20h00. Que pena, tenho avião às 19h30, fica para a próxima! Soube depois, já em Lisboa, que um pequeno problema de saúde tinha impedido Sua Santidade de cumprir essa sua obrigação.
Continuei a descer até ao Coliseu: impactante, como agora se diz, colossal, disforme, no meio da cidade e do trânsito. Não entrei, que tinha medo de me atrasar, mas espreitei e vi o que podia.
Depois, deixei-me levar pelo que via à minha volta: admirei o Arco de Constantino e o Arco de Tito; subi o monte Palatino, até à Igreja de São Sebastião; contornei o Fórum Romano, fechado por motivo de greve (e ainda me ri com o comentário escrito à mão, em italiano, sobre a folha com essa informação, algo como "É por isto que o nosso país não vai para a frente": acho que me lembro de ter lido ou ouvido a mesma coisa, num dia em que, pela mesma razão, não pude visitar o Castelo de São Jorge, em Lisboa. Vão lá agora dizer que não há uma identidade europeia!). Segui, depois, pela Rua dos Foros Imperiais (Via dei Fori Imperiale), contemplando as ruínas de cada fórum que se me oferecia à vista: o de César, o de Nerva, o de Augusto, o de Trajano.
Entre a Coluna de Trajano e a Praça de Veneza, a chuva, que tinha estado intermitente, ao longo do passeio, ameaçou engrossar. As minhas costas começaram a acusar o peso de tudo o que eu não tinha enfiado na bagagem de porão, mini-computador incluído, e, apesar do conforto das minhas chinelas ortopédicas de modelo alemão, a perspectiva da chuva a cair-me nos dedos dos pés contribuiu para me decidir a regressar ao aeroporto. Ainda apreciei o Altar da Pátria e empreendi o caminho de volta.
No total, foram cerca de duas horas de passeio, que se desenrolou mais ou menos assim. E eu, que já era adepta das conexões longas, dei por muito acertada a minha decisão. Não vi o Papa, nem a Capela Sistina, a Fontana di Trevi, a Praça de Espanha, mas gostei muito da Roma que conheci.