#TBT: Belfast, 2005


Belfast (Irlanda do Norte, Reino Unido), Dezembro de 2005

A primeira vez que Belfast passou por aqui, foi pela mão dos meus alunos Ana e Pedro, que ali viveram alguns meses, como estudantes Erasmus, no início de 2005. Poucos anos antes, uma grande amiga tinha-me relatado a sua experiência pessoal, de uma visita à cidade, na década de 1990, que lhe tinha deixado, sobretudo, um grande incómodo, pelas medidas de segurança, que, à época, nos pareciam tão estrangeiras à Europa da paz e da prosperidade: em particular, as forças de segurança que patrulhavam as ruas de metralhadoras em riste e um clima de sobressalto constante.


Albert Clock

Pelos meus alunos irlandeses, que iam chegando todos os anos, ao abrigo do protocolo com a Queen's University (Belfast), tentava saber notícias da cidade e obter a confirmação da má impressão que tinha dela. No entanto, aqueles jovens, tão cheios de vida, só lamentavam o clima chuvoso, porque, de resto, transmitiam-me a imagem de uma cidade animada, cheia de bares e festas. Sim, havia alguma insegurança, mas tinham aprendido a viver com ela e a tirar o melhor partido daquilo que a vida tinha para lhes oferecer. Eram católicos, todos os meus alunos irlandeses, tanto os que chegavam de Belfast como os que vinham de Limerick (República da Irlanda), davam-se todos bem e evitavam falar de antagonismos de base religiosa, como se nem sequer existissem.


Grand Opera House

Foi pela Ana e pelo Pedro que comecei a ver a cidade com outros olhos: os monumentos, os pubs, a Universidade, as tradições, a política, os murais políticos, e outros pólos de atracção turística, como Armagh e Dublin.




City Hall

Em Dezembro de 2005, no âmbito do tal projecto inter-institucional, fui com os meus colegas a Belfast, onde pude rever por mim mesma as imagens que me tinham sido enviadas. A chuva foi uma constante, assim como o frio e os tons cinzentos, que a cidade tentava contrariar com pinturas de cores garridas.




St Mary's University College

As nossas colegas locais, duas senhoras de meia-idade, levaram-nos, nos intervalos das sessões de trabalho, a passear por Belfast, enquanto nos narravam as suas próprias vivências da cidade: o porto e os estaleiros, onde foi construído e de onde zarpou o Titanic; as casas dos bairros operários, minúsculas, nas quais não cabiam mais de duas camas e onde chegavam a viver famílias de 12 pessoas (os que não cabiam nas camas, dormiam sentados em cadeiras); o sotaque tão típico e que tantos dissabores lhes tinha causado, quando foram estudar para Inglaterra.






O porto, como era antes da renovação, com as famosas gruas Sansão e Golias

Por alguma razão que não nos quiseram contar (e que não insistimos em querer saber), evitaram mostrar-nos os murais políticos. Levaram-nos, sim, a ver as ruas comerciais e algumas atracções turísticas: City Hall, Albert Clock, Belfast Castle.


Belfast Castle

No castelo, fizemos o nosso jantar do encontro, que foi simultaneamente um jantar de Natal, com coroa, cracker, e tudo aquilo a que tínhamos direito, como carne assada, gravy, cranberry sauce, pudding e o resto, regado com um tinto chileno. Acabou tudo em alegre animação, connosco a sermos chamados para o bailarico que saltou dos jantares das mesas e salas adjacentes, cheias de irlandesas super-produzidas, mas já muito bêbedas (elas e eles), a atirarem com as sandálias de saltos altíssimos para poderem dançar melhor.



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