The pubs


Belfast (Irlanda do Norte, Reino Unido), Dezembro de 2005

São uma instituição, claro. O The Crown é o mais conhecido, e por isso o mais concorrido, pelo que só lá conseguimos ficar uma das duas vezes que tentámos entrar. A Ana já o tinha mostrado por fora, aqui:



A decoração é belíssima e o ambiente é acolhedor, pelo menos quando não está a abarrotar de gente, como no dia do funeral de George Best, em que toda a cidade lá caiu para dar de beber à dor, enquanto o cortejo desfilava na televisão.









Guinness, Harp & pie foram a nossa companhia no local, enquanto eu aproveitava para bater umas chapas.





A minha primeira e muito aguardada Guinness em terras da Irlanda pedi-a logo na primeira noite, no bar do hotel, onde nos sentámos a conversar com as nossas colegas de Belfast, que tinham vindo ver se estávamos bem instalados. Gostaram de me conhecer, que já tinham ouvido falar muito de mim, pelos alunos Erasmus. Foi então que uma delas disparou: "Lembras-te da Olive M.?".
Claro que me lembrava da Olive, uma ruiva baixinha, de olhos verdes muito vivos, muito simpática e educada, a melhor estudante de Português que me chegou da Irlanda: interessada, trabalhadora, com jeito para línguas estrangeiras. Ainda trocámos correspondência, depois de ela ter voltado para Belfast, até que fomos perdendo o contacto. E ali estava eu, a relembrar a Olive e a querer saber notícias dela, quando a minha colega, com o mesmo ar vivo e bonacheirão me respondeu: "Morreu na semana passada, num acidente de automóvel horrível, saiu em todos os jornais!". Fiquei a saber a história toda, enquanto tentava não me engasgar com a Guinness: a Olive acabara a sua formação como professora, em Belfast, fora trabalhar um ano, para Londres, mas as saudades da família trouxeram-na de novo a casa. Tinha chegado há uns dias, quando um condutor alcoolizado provocou o aparatoso e muito comentado acidente.
A minha colega, antiga professora dela, narrava o sucedido com imensa vivacidade, enquanto eu esperava aquele momento, tipicamente português, em que ela exprimiria a sua dor e poderíamos lamentar a crueldade da vida. Mas esse momento nunca chegou, daquela história partiu para outra, e mais outra, e a Olive ficou esquecida. Eu andei vários dias com um nó no estômago, senti que nunca iria compreender os irlandeses e nunca mais gostei de Guinness.

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