Homenagem (83)




Portalegre, Novembro de 2020

José Duro foi um poeta decadentista que nasceu em Portalegre, a 22 de Outubro de 1875, e faleceu aos 23 anos, vítima de tuberculose, a 18 de Janeiro de 1899, em Lisboa, para onde tinha ido completar os estudos.
Por iniciativa dos estudantes portalegrenses, liderada pelo Dr. Galiano Tavares, em 23 de Julho de 1944, foi inaugurado um memorial (a que chamaram "memorieta", talvez devido ao seu tamanho) em sua homenagem, no Jardim da Corredoura. O projecto, em forma de floreira ou banco de jardim (é difícil perceber, pelas fotografias da época), com iluminação própria, foi da autoria de João Tavares e o trabalho em bronze de Inácio Perdigão.




(imagens retiradas daqui)

Entre 2005 e 2006, no âmbito do Programa Polis, o Jardim da Corredoura foi submetido a um projecto de "requalificação e valorização paisagística" que se baseou "numa reinterpretação dos seus elementos de referência e características tipológicas marcantes, assegurando a continuidade da sua memória e recriando a sua espacialidade". Na prática, o Jardim foi modernizado, foram introduzidas notas de betão e aço e desapareceram as marcas da arquitectura paisagística do Estado Novo e de gosto popular, como o lago dos cisnes e o banco de José Duro. Nessa altura, a homenagem ao poeta foi convertida "num discreto painel que tinha lá tudo: versos seus, medalhão seu (...) e o recato poético, a intimidade que, eventualmente, lhe estaria adequada".


29 de Março de 2006 (imagens retiradas daqui)


Jardim da Corredoura, 2009 (imagens retiradas daqui)


(imagem retirada daqui)

Só que o povo não gostou, o povo reclamou e o banco voltou, reconstruído conforme (ou quase) o original. Falta-lhe a iluminação, que perdera com o tempo, mas está lá, a defender o seu anacronismo, entre assentos de betão e aço, bem no meio da grande alameda de plátanos.
Os estudantes vingam-se, fazendo o que melhor sabem: arrancaram as letras de bronze e usam o monumento como tela branca onde espraiam a sua criatividade, as suas oscilações de humor, raivas e paixões, exigindo manutenção frequente.






Fevereiro de 2016


Março de 2017


Janeiro de 2018

Fontes:
- Francisco Carita Mata, Memorieta a Poeta José Duro, @Aquém Tejo (13/11/2021);
- António Martinó de Azevedo Coutinho, José Duro e a ironia, @Largo dos Correios (10/05/2017);
- Marcial Alves, Portalegre: José Duro e o Programa Polis, @Rua do Jardim 7 (27/04/2011);
- António Martinó de Azevedo Coutinho, POLIS PORTALEGRE – O seu a seu dono (ainda, e uma vez mais, o Memorial José Duro), @A Voz Portalegrense (08/03/2010);
- António Martinó de Azevedo Coutinho, A segunda morte de José Duro, @A Voz Portalegrense (26/01/2010);
- António Martinó de Azevedo Coutinho, Olhando-nos a nós mesmos..., @A Voz Portalegrense (29/06/2009);
- Mário Silva Freire, Bancos que fizeram História, @A Voz Portalegrense (28/06/2009);
- Ângelo Monteiro, Portalegre, a Cidade e a Serra, edição de A CIDADE – Revista Cultural de Portalegre, com Introdução, revisão e notas de Luís Bacharel, 1982 (citado aqui).

Sem comentários: