Castelo de Vila Nova de Cerveira


Vila Nova de Cerveira, Agosto de 2022

O Castelo de Vila Nova de Cerveira foi mandado construir pelo rei D. Dinis, na altura da concessão do foral, em 1321. Sofreu várias reformas, a mais profunda das quais na segunda metade do século XVII, em virtude da Guerra da Restauração. Fazia parte da linha defensiva do Alto Minho, constituindo uma pequena obra de fortificação abaluartada que complementava o dispositivo do Noroeste português, composto pelas praças de Viana, Caminha, Valença e Monção.





"De forma oval, medindo cerca 260 metros de perímetro, com o eixo maior de 90 metros e o menor de 65, o castelo de Cerveira encontra-se defendido por oito torres, quadradas, das quais cinco se encostam à cortina do Sul, por ser a de mais fácil ataque. As muralhas têm 7,50 metros de altura sobre 2 metros de espessura e as torres vão de 8 a 13 metros de bombardeiras. Os muros de barbacã atingem 6 metros com 1,50 de grossura, acompanhando a saliência dos torreões. Conserva ainda toda a couraça medieval de muros, cujas pedras enegrecidas pelo tempo mostram as marcas dos 55 pedreiros que o reformaram nos fins do século XV. Mantêm-se íntegras algumas portas, tais como a do acesso e a de recurso, habitualmente denominada porta da traição, ambas de tipo ogival, correspondente à época da construção." A porta de honra é a da torre principal -- dos Mouros ou de Menagem, demolida até meio em 1844.



"O castelo apresenta planta com a forma ovalada, típica do estilo gótico, com muralhas em aparelho de pedra coroadas por ameias, percorridas por adarve, reforçadas por oito cubelos de planta quadrangular, destacando-se os restos de um dos antigos matacães e os vestígios da antiga torre de menagem. O castelo [tem como acesso] duas portas ligadas entre si por um arruamento (a Rua Direita): a elegante porta da barbacã (Porta da Vila) em arco ogival, encimada pelo escudo de armas de D. Dinis, a Sul, comunicando com o terreiro da feira; a Porta da Traição, simples postigo, a Norte, comunicando com a margem do rio."



No seu interior, erguem-se os edifícios da Casa da Câmara e Cadeia, o Pelourinho, a Igreja da Misericórdia, os quartéis, paióis, a cisterna e, ainda, a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, na entrada principal da barbacã.













O Castelo foi classificado como Imóvel de Interesse Público, através do Decreto publicado em 21 de Dezembro de 1974. Em 1975, iniciou-se uma profunda reforma urbanística em Vila Nova de Cerveira, no âmbito da qual o castelo medieval foi requalificado, tendo as suas instalações sido parcialmente adaptadas a funções hoteleiras. Entre 1982 e 2008, funcionou aí a Pousada de D. Dinis, integrada na rede Pousadas de Portugal, com a classificação de Pousada Histórica.
Após a desativação da Pousada, em 2008, o Castelo ficou meio abandonado, até que, em 2016, foi integrado no programa 'Revive', uma iniciativa do Estado português que prevê a abertura do património ao investimento privado, para o desenvolvimento de projectos turísticos. Desde então, espera-se o início das obras, anunciadas em 2021, para a transformação do espaço num hotel de quatro estrelas, o Castelo de Cerveira Boutique Hotel.
Espera-se, também, uma solução para o estorvo visual que constitui o restaurante, construído na década de 1970, que se destaca "pela sua dimensão e localização numa cota superior às restantes construções, constituindo a única intervenção de linhas modernas efectuada no espaço". Atente-se no contraste entre a fotografia seguinte e as palavras do arquitecto Alcino Soutinho, que então projectou as obras de recuperação do Castelo: "Sob o ponto de vista estético, houve a preocupação de obter um contraponto entre os elementos fundamentais das construções existentes e as novas construções. (...) colocou-se em paralelo as expressões de uma arquitectura antiga ou arcaizante, mantidas na sua rude pureza, com as de uma índole actual". Pois.

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