Homenagem (90)










Peso da Régua, Agosto de 2022


Ermo (São João da Pesqueira), Agosto de 2022

No lugar do Ermo, na margem esquerda do rio Douro, a cerca de 1 Km a montante da barragem da Valeira, encontra-se esta inscrição, na face de um rochedo granítico voltada a Norte, acessível apenas por barco. Datada do século XVIII, comemora a eliminação do Cachão da Valeira, que abriu o Douro superior à navegação fluvial, permitindo o desenvolvimento de toda a região.
O Cachão da Valeira era uma cascata numa garganta rochosa do rio, que impedia a navegabilidade completa do Douro. "Em 1530, verificaram-se as primeiras tentativas para [o destruir] (...), por Martim de Figueiredo, com "Fogo de Vinagre"; nos séculos XVII e XVIII, mais precisamente nos reinados de D. Pedro II e D. João V, foram efectuados diversos estudos para a execução da obra; em 1779, a Companhia Geral da Agricultura e Vinhas do Alto Douro recebe autorização de D. Maria I para cobrar impostos sobre o vinho, aguardente e vinagre transportados pelo rio Douro, com o propósito de os aplicar em obras que o tornassem navegável. Um dos obstáculos era o Cachão da Valeira ou de S. Salvador da Pesqueira, constituído por um estrangulamento do rio Douro entre enormes fragas abruptas que faziam precipitar as águas numa queda de 7 metros de altura, formando inferiormente um poço. O padre António Manuel Camelo, de S. João da Pesqueira, foi encarregue da destruição dos rochedos e alargamento do leito do rio, coadjuvado por José Maria Yola, Engenheiro Hidráulico da Sardenha. Em 1780, inicia-se a obra de demolição do Cachão, com mais de 4300 tiros dados abaixo da linha de água, alargando-se o leito do rio 35 pés; em 1789, os primeiros barcos começaram a subir e a descer o rio com segurança; e em 1791, a obra foi dada como concluída. Em 1976, assiste-se à construção da barragem da Valeira."
Esta é uma inscrição epigráfica incrustada, com letras latinas, capitulares, embutidas de bronze dourado, e encimada por uma coroa fechada, na qual se pode ler:

IMPERANDO D. MARIA PRIMEIRA / SE DEMOLIU O FAMOZO ROCHEDO / QUE FAZENDO AQUI / HUM CACHAM INACCESSIVEL / IMPOSSIBILITAVA A NAVEGAÇAÕ / DESDE O PRINCIPIO DOS SECULOS / DUROU A OBRA / - DESDE 1780 ATE 1791 - / PATRIAM AMAVI FILIOSQUE DILEXI
Por baixo, foram afixadas quatro placas metálicas, certamente, com dizeres para memória futura, e das quais só consegui decifrar a superior:
TRANSPOSIÇÃO / FEITA EM 1978
A inscrição foi colocada, originalmente, 247 palmos acima da superfície das águas, mas foi transposta em 1978 para uma cota superior, quando da subida da água na Albufeira da Valeira.
É difícil apanhar uma imagem clara, ao longe e em movimento. Outros foram mais bem sucedidos, como no caso desta foto que encontrei na rede:

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