#TBT: Porto 2002
Porto, Outubro de 2002
Estive pela primeira vez no Porto no final de Julho de 1975. Passámos lá dois dias, em trânsito entre Trás-os-Montes e Lisboa, mas lembro-me de muito pouco: sobretudo, do comboio a vapor em miniatura da Estação de São Bento, que deslumbrou o meu irmão, então com quatro anos.
Apercebi-me agora de que estive 27 anos sem lá voltar, o que até me custa a crer. Dei volta aos álbuns e à memória, mas os vestígios mais antigos que tenho do Porto datam mesmo do início de Outubro de 2002, quando lá fui participar num congresso. O tempo estava tão bonito que me deixei desencaminhar pela Oana, que se encontrava lá pela primeira vez, e tirámos talvez duas tardes para passear. O mais curioso é que me lembro de lhe ter servido de cicerone, como se aquela cidade me fosse familiar.
Totalmente por nossa conta, fizemos o pacote completo: a Ribeira, os Clérigos, os Aliados, os Jardins do Palácio de Cristal, a Ponte de D. Luís, as caves do vinho do Porto, em Gaia, a Foz, o Castelo do Queijo, a minha primeira francesinha. Apanhámos ainda, nos seus últimos dias, a grande exposição retrospectiva de Nan Goldin, "Still on Earth/Ainda na Terra", no Museu de Serralves.
Desde então, voltei ao Porto em Outubro de 2010, para mais um congresso e mais turismo, e, pontualmente, fica-me no caminho, de passagem entre dois pontos. Sempre que posso, passo na Estação de São Bento, para ver o comboiozinho, tão tosco, mas com o condão de me contagiar com uma alegria infantil.
Há umas semanas, uma aluna estrangeira contava-me que ia num passeio ao Porto e perguntou-me o que é que eu achava da cidade; respondi-lhe o que respondo sempre: é linda com o tempo bom, cinzenta à chuva. E, como sempre, recusei a comparação que me pediu com Lisboa: nasci em Lisboa, mãe é mãe, não há discussão.
Gosto do Porto, adoro as curvas do rio, as pontes, as fachadas de azulejos, os lampiões ("tristes e sós"), a pronúncia do Norte. Voltarei, sempre que puder.
Porto, Outubro de 2002
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