La mia Italia


Pisa (Itália), Junho de 2014

Durante anos, no tempo em que eu me movia muito, a Itália foi a grande falha no meu currículo. Como viajava frequentemente com pessoas diferentes, sempre que eu sugeria um destino na bota mediterrânica, argumentavam que já lá tinham estado, que eu já vinha um ano ou dois atrasada. Foi assim anos a fio, até que se tornou uma anedota pessoal, um facto insólito no meu percurso, a que me fui habituando.



Em Junho de 2014, surgiu a possibilidade de ir a Pisa em trabalho, para participar num congresso, e fui. Foram cerca de quatro dias de estudo, alternado com escapadinhas nas horas mortas, para conhecer um pouco a cidade. Ainda me sugeriram tirar uma tarde para ir a Florença, que era um pecado estar ali ao lado e não dar lá um salto, que Pisa era pequena e ficava vista num instante. Não fui na conversa: por um lado, porque, sendo Florença o portento que todos me afiançam que é, não se veria em condições numa tarde; por outro lado, porque o congresso me interessava bastante e não estava disposta a desperdiçar a oportunidade de ouvir tantas sumidades juntas a falarem de assuntos do meu interesse; e ainda, porque acreditava que Pisa havia de ter mais que ver do que uma torre inclinada. E estava certa.



Pisa é uma cidade pequena e muito bonita, com aquele charme toscano que eu conhecia do cinema e da pintura. O efeito do pôr-do-sol nos tons ocre das paredes e os seus reflexos no Arno, as ruelas estreitas, a quantidade de pormenores coleccionáveis, entre janelas, cataventos, cruzes, placas de homenagem (1, 2, 3) e muitas outras coisas que ainda nem pela cabeça me tinham passado, conseguiram exceder as minhas expectativas.



Fiquei alojada num hotelzinho na Via Tavoleria, a meio caminho entre a Piazza dei Cavalieri, onde tinham lugar as palestras, e o Lungarno Antonio Pacinotti (que, como o nome diz, corre ao longo do rio Arno), ali para os lados da Piazza Garibaldi, do Borgo Stretto e das suas praças e ruas laterais.
A Luminara di San Ranieri, logo na primeira noite do congresso, e a Piazza dei Miracoli (oficialmente, Piazza del Duomo), com o património da humanidade ali todo arrumadinho, deram a nota de grandiosidade ao conjunto das minhas impressões, que nem alguns escritos que conspurcavam paredes mais velhas, com o estuque a saltar, conseguiram estragar.



No dia do regresso, uma escala demasiado longa no Fiumicino deu-me atrevimento para, contra o conselho da menina do posto de informação turística, aproveitar para explorar um bocadinho da capital. Um bocadinho imperial, turístico, organizado, que só não foi maior por contingências do clima, que naquela semana se mostrou incerto.



E foi essa a imagem que trouxe de Itália, a minha Itália: bonita, organizada, grandiosa.
No ano passado, tive oportunidade de voltar, para outro congresso, desta vez em Nápoles. Na bagagem, levava la mia Italia, mas o que encontrei foi tutta un'altra storia... E que história!



NOTA: Estas imagens são todas de Pisa, que ainda tem muito que ver e que mostrar. Mais Itália virá, a seu tempo.

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