Papa-unescos (XV)
(imagem daqui)
(44) O Monte Fuji, local sagrado e fonte de inspiração artística (Japão)
O Monte Fuji (Fujisan) foi acolhido na lista de Património da Humanidade em 2013, mas é, desde há muito, um ícone incontornável do Japão. Foi por isso que, depois de Tóquio, fomos até Hakone, com o intuito de contemplarmos toda aquela fonte de inspiração artística.
Sabíamos pouco, à época, sobre as múltiplas maneiras que o Monte Fuji tem de se esquivar a olhares indesejados, mas, mesmo assim, considerámos dois percursos que, habitualmente, proporcionam vistas magníficas.
O primeiro foi um passeio no teleférico de Hakone, o Hakone Ropeway. Já o apanhámos modernizado, com cabines diferentes, mas esperávamos uma panorâmica deste género (imagem daqui):
Em vez disso, o nosso trajecto começou, logo na base, com o tempo enevoado. Porém, como nos últimos dias o clima tinha vindo a piorar, imaginámos que não podíamos esperar muito mais, que talvez melhorasse com a altitude. E foi assim que correu o nosso passeio:
Nós bem que desconfiámos, quando não vimos mais ninguém a entrar, quando percebemos que éramos as únicas passageiras. À medida que o teleférico subia e que nos víamos mergulhadas no silêncio e na mais profunda desolação branca, passou-nos pela cabeça toda a espécie de receios: avarias, quedas, os meios de socorro que não nos conseguiriam encontrar, no meio do nevoeiro,... Enfim, ficámos muito contentes quando chegámos ao fim da viagem, mais inspiradas do que se tivéssemos conseguido ver o bom do vulcão.
Mas não desistimos: no dia seguinte, fomos passear até ao Lago Ashi (Ashinoko), um local agradável e turístico, com os seus passeios de barco e réplicas de navios piratas, rodeado por uma paisagem de montes e florestas. O passeio, de barco e a pé, pelas margens do lago, foi muito agradável, mas as vistas, bonitas é verdade, foram assim:
Lago Ashi (Hakone, Prefeitura de Kanagawa, Japão), Agosto de 2004
Depois do passeio, fomos almoçar a um restaurante, bastante concorrido por famílias japonesas. Não havia amostras nem menu em inglês, só uma carta ilustrada com fotografias dos pratos e a respectiva descrição em japonês. Apontei para o que me pareceu mais seguro: uma receita de massa clara, não me lembro já se grossa ou fina, com qualquer coisa que só consegui distinguir no fundo do prato, e que até hoje estou convencida de que eram pequenas larvas brancas, com dois olhinhos pretos.
Quanto ao Monte Fuji, vimo-lo em todo o lado: cartazes, fotografias, ilustrações, logotipos. E continuo a vê-lo hoje, a decorar os restaurantes sino-japoneses, que se tornaram o upgrade dos velhos e batidos restaurantes chineses, Portugal afora.
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