#TBT: Tóquio, 2004
Tóquio (Japão), Agosto de 2004
De Quioto, apanhámos o shinkansen para Tóquio. Rápido, muito rápido, mas não dei por que levantasse voo, nem nada que se parecesse.
Já Tóquio se parecia com aquilo que eu esperava: grande, muito grande, o centro da maior área metropolitana do mundo, com cerca de 40 milhões de habitantes, 10 milhões dos quais só na cidade. Muito bulício, muito néon, muitos edifícios altos, muitas lojas, muita tecnologia, muito de tudo, cadeias ocidentais incluídas (e o que nós gostámos da colecção japonesa da Zara...). É uma cidade verdadeiramente fascinante, a que até a minha amiga se rendeu.
Curiosamente, das minhas memórias restam flashes, imagens soltas que já nem sei bem situar cronologicamente. Lembro-me de termos uma reserva num ryokan, já nem sei onde. Era um bairro pacato e da estalagem só recordo a banheira privada, funda, sinistra, forrada a pastilha preta e enterrada no chão, para a qual descíamos por uns degraus. A ideia era enchê-la de água e deleitarmo-nos com a experiência oriental. Eu limitava-me a descer os degraus numa corrida, usava o chuveiro para tomar um duche rápido e fugia o mais depressa que conseguia. A minha amiga também não morreu de amores por aquela antecâmara tumular, por isso, assim que pudemos, realojámo-nos num business hotel, em Kamata.
Passávamos uma boa parte do dia no metro, a tentar decifrar o diagrama de rede, frequentemente sem transliteração em alfabeto latino, pelo que tínhamos de saber ler os nomes das estações em japonês. Alguns, de tão habituais, tornaram-se fáceis, outros nem por isso. O pior é que o preço do bilhete, adquirido em máquinas automáticas, dependia das distâncias e do número de estações a percorrer, o que tornava o processo complicado. Às vezes, tínhamos mesmo de pedir ajuda. Mas não foi por isso que deixámos de explorar a cidade, e meter o nariz em cada bairro que podíamos.
À superfície, a loucura do trânsito e o fascínio das passadeiras para peões, de que as de Shibuya são as mais conhecidas. É muito interessante subir ao primeiro andar do Starbucks e ver de cima aquele formigueiro humano em acção. Já ao nível do chão, a experiência é mais complexa. Na prática, o trânsito vai fluindo, enquanto os transeuntes se concentram junto aos semáforos. De repente, os automóveis param e abre o acesso às passadeiras, todas ao mesmo tempo, as das ruas que se cruzam e uma diagonal (em alguns sítios são duas), no meio do cruzamento. A primeira vez, assustei-me, achei que ia ser arrastada por aquela debandada de centenas de pessoas, mas logo percebi que havia ali um civismo coreográfico que permitia que aquela maré fluísse com naturalidade. Fascinante. Aqui, pode ver-se o que eu tentei explicar, em tempo real (ter em atenção que o número de transeuntes varia muito com a hora do dia).
Um dia, decidi que queria comprar uma câmara digital e percebi, de repente, que, no meio de tanta loja, tanto centro comercial, o Sony Building, com as suas exposições de protótipos e novidades (lembro-me de assistirmos a uma exibição das proezas do mais recente AIBO), tanta publicidade às marcas, ainda não tinha visto um único sítio que vendesse equipamento electrónico. Tivemos mesmo de perguntar, e a resposta, admirada, não se fez esperar: "Isso é na Electric Town, claro!" E lá fomos nós, para Akihabara, um imenso bazar, horizontal e vertical, lojas e mais lojas a exibirem produtos, preços e saldos, em néon e tintas fluorescentes.
E explorámos outros bairros, com nomes igualmente sonantes e caracteres marcantes: Ginza, Shinjuku, Roppongi. E ainda passámos uma bela tarde no Tokyo Sea Life Park, que o orçamento já não chegava para a Disneylândia.
No exterior do Palácio Imperial
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