Memento mori


Portalegre, Novembro de 2018

Um dia, em Novembro, voltava para casa, quando quase tropecei numa pequena cobra, toda contorcida no chão de cimento. Parei, percebi que estava de barriga para o ar, toquei-lhe com a ponta da sombrinha e constatei que estava morta. Tirei-lhe uns retratos, para tentar identificar a espécie, e ia continuar o meu caminho, mas deu-me pena da bichinha, não queria voltar a encontrá-la ainda mais maltratada, por isso levantei-a com o guarda-chuva e escondi-a entre as ervas.



Já em casa, procurei na Internet e percebi que era uma cobra-de-capuz, uma Macroprotodon brevis (Günther, 1862), como bem se explica aqui.



Não voltei a vê-la, mas no fundo desejava que tivesse acordado daquele torpor e ido à sua vida.
Esta semana, lembrei-me da bichinha e procurei-a no sítio onde a tinha deixado. Agora, com as ervas secas e desbastadas, encontrei os seus restos mortais, ressequidos.






Fevereiro de 2019

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