Lembranças do Rio de Janeiro (I)

Lembro-me de ter comido muito bem no Rio de Janeiro.
Na primeira noite, depois de uma viagem enorme e dos contratempos na alfândega, por causa do extravio da bagagem, a Janete, que foi uma anfitriã incansável, levou-nos a uma esplanada no Arpoador (entre Copacabana e Ipanema), onde escolhi, como é meu costume, a iguaria com o nome mais esquisito. No caso, uma casquinha de siri regada com um belo chope. A casquinha de siri consistia numa vieira com creme de marisco gratinado; o chope, era chopp, uma cerveja mais leve, omnipresente no quotidiano carioca.


Bases para copos

Inesquecível foi a feijoada que a Janete e a Maria nos prepararam, dias depois, com tudo aquilo a que tinha direito, como na canção do Chico!
Foi também nessa época que tomei contacto, pela primeira vez, com os self-services brasileiros de comida a peso, agora tão comuns em Portugal. Uma péssima opção para quem tem mais olhos que barriga. Lembro-me que, enquanto os meus colegas compunham pratos de 6 reais, eu pagava 12 pela minha gula (e ficava doente o resto do dia...). Recordo, com água na boca, um self-service no Leblon, muito grande, com uma escolha muito variada e excepcionalmente boa.
E uma grande quantidade de sabores novos: a goiaba comprada aos vendedores de rua; o suco de jaca num boteco; o milho verde à saída da praia; o mamão, o abacaxi e a manga rosa servidos ao pequeno-almoço, com sabor a fruta madura, e não a contentores frigoríficos de transporte transcontinental; os docinhos baianos vendidos no pier da Barra; a caipirinha saboreada num quiosque da praia, no final de uma caminhada pelo calçadão de Copacabana (cerca de 4 km, do Arpoador ao Leme); o quiabo, de que não consegui gostar; e o suco de caju, horrível. Toda a minha vida pensei no caju como uma castanha deliciosa, que se come salgadinha, como aperitivo. Nunca me tinha passado pela cabeça que pudesse ter acoplado um fruto vermelho, de odor infecto, e que dele se pudesse extrair um sumo acre, extremamente desagradável, mas, ao que consta, de grande valor nutritivo.
A água de coco, que nas telenovelas parece deliciosa, é, sobretudo, fresca, mas não tem grande sabor (a coco não sabe, pelo menos). Mas é divertido andar com um coco verde na mão, a sorver por uma palhinha.


Praia do Leme

7 comentários:

Susana Rodrigues disse...

Não é que nutra uma grande curiosidade por terras de Vera Cruz, mas a verdade é que a descrição das iguarias me deixa a salivar, principalmente a esta hora (quando a única coisa que me chega é o cheiro a peixe frito da cantina)em que "the clock is ticking" e o trabalho pré-prática-pedagógica se acumula em cima da secretária...
A pergunta é: as bases de copos podem vir das viagens dos amigos ou única e exclusivamente da coleccionadora?

Teresa O disse...

As bases de copos podem vir de todo o lado e de todas as formas: já me chegaram por carta, por interposta pessoa...
Frequentemente, os amigos acham graça a ver-me guardar objectos que, para eles, são descartáveis e oferecem-se para me arranjar mais alguns. Não poderia dizer que não, não é? Foi assim com a colecção de euros.
O recurso ao comércio é que me parece batota.
O que é que acha?

Susana Rodrigues disse...

Penso que uma colecção é uma colecção e vale (quase) tudo. Não me faço rogada com a forma como os marcadores me vêm parar à caixa... aliás, já admiti ter roubado alguns em lojas. Ainda ontem...na fnac, estava um com a cara do Hugh Laurie a rir-se para mim, mas faltou-me a coragem (o livro estava nos destaques, portanto demasiado exposto)...
Quanto aos euros... recusei-me sempre a comprá-los, contudo este verão vi-me "forçada" a comprar 3 moeditas, daquelas pretas que foram retiradas de circulação. Um amigo esteve na Irlanda e não conseguiu trazer para ninguém, faltava-me a de 2 cêntimos e comprei-a (nem sei já como arranjei a de 0,01€). As outras foram da Finlândia, de 0,02 e 0,01. Sinto-me uma mercenária portanto tento não pensar no assunto. Agora ando de olho nas edições comemorativas mas lá está... não me parece legítimo comprá-las!

Teresa O disse...

Bom, também há quem diga que eu roubo as bases de copos, até eu lembrar que são veículos publicitários gratuitos.
Euros, só comprei as moedas finlandesas de 0,02€ e 0,01€ (mas foi em Helsínquia, digo eu para me desculpabilizar) e as de 0,05€, 0,02€ e 0,01€ de São Marino (mas foi em Tavira, que também é parecido :-)
Agora já me vieram parar às mãos várias comemorativas. Por isso é que isto nunca mais acaba!

Susana Rodrigues disse...

Bem...como não fui a Helsínquia, também optei por Tavira... hehehe!
Na volta comprámos ao mesmo "tendador de mercenários"!
As de San Marino, bem como do Mónaco e Vaticano, são virtualmente impossíveis de nos virem parar às mãos por um acaso, dado o valor de mercado. Uma amiga minha que vivia em Roma ía ao Vaticano quase diariamente tentar arranjar, mas enquanto a rotina durou não houve novas cunhagens...

Anónimo disse...

Boa tarde:

Meu nme é Rodrigo e escrevo do Brasil.
Legal seu blog!
O encontrei pela imagem abaixo da tal rua FRANCISCO OTAVIANO...
Também sou do RJ, só que resido no sul do país há muito tempo: frio se iniciando/manifestações por todos os lados_contrastes mesmo.
O RIO apresenta muita coisa para se fazer; vida cultural intensa - só que como uma das maiores cidades do mundo... Há e como problemas!
E legal me comunicar com alguém do exterior: conheci (e conheço) muita gente de PORTUGAL, aliás tenho origens aí inclusive (difícil algum brasileiro não ter). Sei que é um país e tanto.
Minha mãe, quando esteve aí há tempos (1987!): numa viagem histórica (onde digo GEOGRÁFICA) à EUROPA... Teve início aí e foi finalizada no mesmo lugar. Disse até que haviam lhe perguntado 'como vai a colônia'? (risos).
E há muita coisa artesanal aí em PORTUGAL (tenho seguidores do meu blog daí).
O BRASIL é um país lindo, farto: com culturas diferentes; entre outras exoticidades - só que infelizmente possui coisas negativas mesmo (talvez um dos mais violentos mundiais).
E caso retornes aqui à colônia (esta mais evoluída desde a decada de 80!) e vás a outras regiões... Poderei dar mais instruções de viagem (além de outras coisas: segurança, outros).

Saudação brasileira,
Rodrigo Rosa

http://rodrigo-arte.blogspot.com/

Teresa O disse...

Obrigada pelo comentário, Rodrigo! Volte sempre!