Igreja de São Domingos


Vila Real, Agosto de 2022

A Igreja do Convento de São Domingos é sede da Diocese de Vila Real, desde 1924, e foi classificada como Monumento Nacional, em 1926.
O Convento foi fundado no século XV, por religiosos do convento de São Domingos de Guimarães, para o que obtiveram bula do Papa Martinho V e licença do Arcebispo de Braga, D. Fernando da Guerra. O rei D. João I doou terrenos para o convento, em 1421 e 1422, na zona extra-muros de Vila Real, no Campo do Tabulado, e as obras iniciaram-se em 1424. A construção do convento também foi apadrinhada pelos Marqueses de Vila Real, cuja residência se localizava nas cercanias.



Considerada o melhor exemplo de arquitectura gótica na região de Trás-os-Montes, a igreja foi reformada no século XVI e, especialmente, no século XVIII, quando se construiu a actual capela-mor e a torre sineira de feição barroca. As dependências conventuais também passaram por uma grande reforma nessa época.







Em 1594, por iniciativa popular, foi erigido um cruzeiro no Campo do Tabulado, o qual viria a ser transferido para o adro da igreja, em Dezembro de 1843: "sobre soco e uma plataforma de planta quadrangular, composta por quatro degraus, assenta plinto paralelepipédico, de faces lisas, marcando a base e as cornijas do remate, base e coluna de fuste liso, encimada por gola e capitel gomeado, coroado por cruz latina de braços quadrangulares, almofadados, rematados em botão e com estrela relevada no encontro dos braços."





Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, a igreja passa a ser sede da paróquia de São Dinis e o convento foi reutilizado como quartel do Batalhão de Caçadores. Em 1837, um grande incêndio destruiu o interior do convento e parte do recheio da igreja.
Em 1922, o Papa Pio XI criou a diocese de Vila Real, e a antiga igreja dos dominicanos da cidade foi sagrada Catedral, em 1924. Passou por grandes obras de restauro, nas décadas de 1930 e 1940, durante as quais o actual retábulo-mor, de estilo maneirista, foi trazido do Mosteiro de Odivelas, em 1938.
No início do século XXI, foram feitas grandes obras de conservação e restauro da igreja, no decurso das quais foram instalados vitrais modernos, da autoria do artista plástico João Vieira. Também a zona regral do convento foi sujeita a obras, sob projecto do arquitecto António Belém Lima, para instalação do Conservatório Regional de Música, que foi inaugurado em 2004.







Do século XV, sobrevive a igreja, num estilo gótico despojado e funcional, ligado ao gótico mendicante. A planta é em cruz latina com três naves com cobertura de madeira, sendo a nave central mais alta que as laterais. O transepto é saliente e iluminado por rosáceas nas paredes dos braços e sobre o arco da capela-mor. A actual capela-mor é de planta quadrada e foi construída no século XVIII.
A fachada principal revela a disposição em três naves do interior. Possui um portal com arquivoltas apontadas, inserido num alfiz e flanqueado por grandes contrafortes. A fachada inclui ainda nichos com santos da Ordem e é sobrepujada por uma rosácea. No interior, as naves são escassamente iluminadas por janelas localizadas na parte superior da nave central (clerestório). A pouca iluminação e a robustez das paredes é reminiscente da arquitetura românica, que muito influenciou o gótico no Norte de Portugal.
Em meados do século XVIII, foi construída uma torre sineira ao lado da capela-mor, na parte traseira da igreja. Trata-se de uma torre de quatro andares, rematada por uma balaustrada e cúpula com um fogaréu no topo.
O interior encontra-se desprovido de decoração desde a reforma dos anos 1930, mas possui vários arcossólios tumulares medievais.



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